quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Vox Populi e Sensus: os que mais erraram

DEU EM O GLOBO

Institutos superestimaram desempenho de Dilma e chegaram a afastar a possibilidade de um segundo turno

Fabio Brisolla

Na véspera da eleição presidencial, uma divergência entre os principais institutos de pesquisa de opinião chamou atenção para o resultado do primeiro turno. Vox Populi e Sensus, os que mais erraram, indicaram vitória de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno. Já Datafolha e Ibope sinalizaram a possibilidade de uma decisão no segundo turno. Mas o resultado do TSE demonstrou erros nas estimativas dos quatro institutos.

Dilma teve 46,91% dos votos válidos; Serra, 32,61%; e Marina, 19,35%. Ibope e Datafolha indicaram a probabilidade de segundo turno por causa da margem de erro.

No sábado, véspera da votação, o tracking divulgado pelo Vox Populi mostrava que Dilma mantinha naquele momento 53% dos votos válidos.

Quatro dias antes, a pesquisa CNT/Sensus mostrava Dilma com 54,7% das intenções de voto.

Paulino: eleitor é influenciado até a hora da votação No caso do Datafolha, a pesquisa do sábado indicou 50% dos votos para a candidata do PT, que marcou 46,91%, abaixo da margem de erro estabelecida pelo instituto.

Nossa pesquisa foi realizada no fim da tarde de sextafeira (1 ode outubro) e na manhã de sábado, (dia 2).

Existem muitas coisas que influenciam o eleitor até o dia seguinte, como o noticiário de sábado à noite, que trouxe extensa cobertura sobre eleição ressalta Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha.

Procurado várias vezes ontem pelo GLOBO, o diretor do Vox Populi, Marcos Coimbra, não foi localizado por sua assessoria.

Como seu instituto, ele também errou muito nas análises, pois dizia a jornalistas, nas últimas semanas, que Dilma venceria no primeiro turno.

Já o diretor do Instituto Sensus, o cientista político Ricardo Guedes, alegou que sua pesquisa apresentou distorções por ter sido realizada entre 26 e 28 de setembro, a cinco dias da votação: Um pesquisa feita de domingo a terça não pode ser comparada com o resultado da eleição. O levantamento foi feito antes do debate da TV Globo, que exerceu influência sobre a decisão do eleitorado disse.

Ele admite, porém, que os números projetados pelos institutos de pesquisa seguiam em direções diferentes: Que houve discrepância entre pesquisas e resultados, realmente houve admitiu.

Para o diretor do Sensus, o índice de abstenção na votação, que chegou a 18,12%, contribuiu para o aumento dos votos válidos de Marina Silva, do PV.

Guedes afirma que os institutos indicaram o percentual correto para Marina nas pesquisas que levam em consideração votos em branco, válidos e nulos. Mas, com um índice de abstenção acima do esperado, a proporção de votos da candidata do PV subiu automaticamente.

A proporção de votos para a Marina ficou maior por conta dos votos que a Dilma perdeu e pelo alto índice de abstenções e votos nulos avalia Guedes, que não sabe ainda explicar a razão do índice de abstenção. Esse é o grande fenômeno que, até agora, não consigo explicar.

Em reportagem ontem sobre pesquisas, O GLOBO publicou dados, no caso do Vox e do Sensus, sobre os números gerais, e não sobre os válidos, que são os que são comparados com o resultado oficial do TSE. Os votos válidos apurados pelos dois institutos são os que estão sendo publicados hoje. Na mesma reportagem, os dados da pesquisa Datafolha no Paraná e os da pesquisa do Ibope em São Paulo se referiam ao total de votos, quando o correto seria a publicação das pesquisas sobre votos válidos.

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