quarta-feira, 10 de novembro de 2010

CPMF, ENEM e “controle social da mídia” : em três tempos, o jeito petista de governar:: Bolivar Lamounier

DEU NO BLOG DE BOLIVAR

O governo federal e os governos estaduais interessados parecem dispostos a promover a ressurreição da CPMF dentro do mais fajuto jeitinho brasileiro que se possa conceber. Um diz que o outro quer, o outro diz que o um é que quer, e uma hora dessas ela ressuscita.

Não tendo sequer a unanimidade da categoria, os governadores interessados obviamente preferem que a presidente eleita assuma a parte principal do ônus.

Ela, embora tenha reiteradamente prometido não criar novos impostos, não vai se fazer de rogada . Cortar gastos ela só vai quando estiver com o pescoço na forca. E afinal, se a idéia é tributar mais, onde é que se vai encontrar pretexto melhor que o financiamento da saúde ?

Sobre o ENEM, é difícil acrescentar algo ao que a imprensa vem publicando desde sábado.

Reconhecendo (e como poderia não reconhecer ?) a trapalhada, o ministro da Educação propôs reaplicar o exame só aos estudantes diretamente prejudicados. A Justiça Federal entendeu que o estrago é maior e que a única solução aceitável é fazer tudo de novo. O ministro disse que vai recorrer.

Qualquer que seja o caminho finalmente adotado, fato é que nem burocratas subrepticiamente empenhados em desmoralizar o exame fariam melhor. O que estamos assistindo – pela segunda vez - é uma cena explícita de incompetência. E não me digam que vale a pena ver de novo.

Por último, o famigerado “controle social da mídia”. Com a sutileza que o caracteriza, o ministro Franklin Martins declarou que o controle vai sair por bem ou por mal . As empresas jornalísticas que se cuidem. Vão dar com os burros n’água se tentarem se opor ao projeto que o governo atual deverá legar a Dilma Rousseff.

Isso aí é o que o czar da comunicação declarou no início de um seminário que inventou para dar ares cosmopolitas a um conjunto de sugestões elaborado em 2009 por partidos de esquerda, Ongs e “movimentos sociais”, todos eles muito devotados às liberdades de imprensa e de expressão, como se pode imaginar.

Assumindo a presidência em janeiro e contando com a maioria na Câmara e no Senado a partir de fevereiro, Dilma Rousseff estará em tese capacitada a arrancar virtualmente o que quiser do Congresso.

Portanto, se logo de saída a presidente quiser mandar um sinal negativo à imprensa, no Brasil e no exterior, poderá fazê-lo com um gesto dos mais singelos. Bastará manter no cargo o ministro sob cuja mesa a serpente vem chocando o mencionado ovo.

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