segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Menor no Congresso, oposição terá de se unir

DEU EM O GLOBO

Além da derrota na urna, bancada perdeu vagas na Câmara e no Senado; governo terá maioria

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. Com a derrota para Dilma Rousseff na eleição presidencial, a oposição chegará menor e mais enfraquecida ao Congresso e terá que redefinir a forma de atuar na Câmara e no Senado.

Embora tenha perdido também vagas no Parlamento, a oposição controla os principais estados do país, com destaque para São Paulo e Minas. A saída para se fortalecer, segundo os próprios oposicionistas, é atuar em bloco e de forma unida, algo que os três partidos (PSDB, DEM e PPS) nem sempre conseguiram.

O primeiro teste dessa nova fase da oposição será na votação de gargalos que o governo de Dilma terá a partir de agora: a questão cambial, a lei de exploração do pré-sal, o Orçamento da União para 2011 e o reajuste do salário mínimo.

A presidente eleita terá maioria confortável na Câmara — que o governo Lula tem — e sobretudo no Senado, onde Lula teve sua maior derrota em 2007, com o fim da CPMF. Isso significa amplo poder para aprovar medidas provisórias e impedir instalação de CPIs.

Internamente, a oposição terá uma “dança das cadeiras” de lideranças parlamentares, em especial no Senado, onde, com empenho pessoal de Lula, foram derrotados nas urnas oposicionistas como os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM), Tasso Jereissatti (PSDB-CE) e Marco Maciel (DEM-PE). Agora, chega com força o senador eleito Aécio Neves, que é de Minas e tem pretensões presidenciais em 2014.

O PSDB também terá uma renovação de poder no comando interno, com a saída do grupo de José Serra e o crescimento do número de aliados dos governadores Geraldo Alckmin (São Paulo) e Beto Richa (Paraná).

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a oposição terá que ser muito mais “aguerrida”. Ele lamenta a falta de espaço que os partidos terão no Congresso.

— Será uma competição desigual entre governo e oposição. O governo tem maioria e vai fazer prevalecer sua vontade. A nossa única vitória foi a CPMF. Teremos uma oposição numericamente pequena, que terá que ser mais aguerrida do que o normal.

O líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bor nhausen (SC), concorda que a oposição terá que agir unida. Para ele, Dilma não tem experiência política para negociar com o Parlamento.

— Aparentemente, o governo tem maioria. Lula é um presidente experiente, mas Dilma é uma presidente fraca, não tem perfil de tratar com o Parlamento. A oposição está viva. Se o PSDB quiser sobreviver, vai ter que fazer oposição.

Constrangida, a oposição ainda viverá o dilema de defender ou não a proposta de mínimo de R$ 600 e reajuste de 10% para os aposentados — promessas de Serra que implicam em aumento de gastos.

Mas agora a defesa das propostas poderá ter o mérito de deixar o governo numa saia justa para negar um aumento maior.

A oposição tentará explorar a divisão da base de Dilma que se evidenciará já nos próximos dias, na disputa pelo comando da Câmara. PT e PMDB brigam pela vaga que será aberta com a saída de Michel Temer (PMDB-SP). O PMDB deverá comandar o Senado.

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