sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Nomeação ainda não define como será a política econômica

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Vinicius Torres Freire

Guido Mantega no comando do Ministério da Fazenda do governo Dilma Rousseff pode dar a impressão de que tudo ficará como dantes no quartel da economia, mas ainda não é possível dizê-lo.

É agora possível dizer apenas que a presidente eleita aprova mais uma política Mantega do que uma política Antonio Palocci. Mas não seria preciso ver Mantega reconduzido ao posto para afirmar tal coisa. Dilma entrou em conflito com o paloccismo quando ainda ministra.

Mas a recondução do ministro diz muito pouco sobre o futuro da política econômica de Dilma. A indefinição permanecerá até a presidente eleita tomar a decisão, crucial, do que fará a respeito do gasto federal. As demais políticas serão decorrência dessa decisão, da qual depende o futuro da taxa de juros, do câmbio e do investimento.

Em segundo plano, mas ainda importante, serão as decisões sobre o comando do Banco Central: nomes e modus operandi. Não se trata apenas de saber se Henrique Meirelles ficará na presidência do BC ou se será substituído pelo seu segundo, Alexandre Tombini, atual diretor de Normas. O nome apenas do novo presidente BC também não diz muito.

Meirelles aos poucos mudou o modo de gerir o BC e de escolher seus quadros. Em seu "primeiro reinado", teve diretores mais próximos do mercado ou daquilo que se entende como "economistas padrão". No terço final do governo Lula, Meirelles nomeou diretores mais pragmáticos. Por determinação de Lula, houve menos conflito político entre BC e Fazenda.

Seja nomeado Meirelles, Tombini ou um terceiro, importa muito saber que tipo de pressão haverá do governo sobre o BC e que tipo de coordenação haverá entre Fazenda e autoridade monetária.

E coerência na política econômica foi coisa que quase inexistiu nos anos Lula, o que custou caro ao país.

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