sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Nos bancos estatais, sem trocas bruscas

DEU EM O GLOBO

Dilma deve manter, a curto prazo, presidências do BB e da Caixa, para evitar disputas

Patrícia Duarte e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. Envolvida com a definição do primeiro escalão da equipe econômica, a presidente eleita, Dilma Rousseff, também já está tratando da sucessão nos bancos estatais, mas com a estratégia de evitar mudanças bruscas a curto prazo. O objetivo é tirá-los, pelo menos por enquanto, da disputa política por esses cargos que envolve, sobretudo, os dois principais partidos da base governista: o PT e o PMDB. Com isso, está praticamente acertada a permanência de Maria Fernanda Coelho na Presidência da Caixa Econômica Federal (CEF) e de Aldemir Bendine na Presidência do Banco do Brasil (BB), mesmo que temporariamente.

Maria Fernanda tem a simpatia do presidente Lula e de Dilma e deve ficar no comando da CEF por tempo indeterminado. A recente compra de 35% do capital total do Banco PanAmericano, controlado pelo Grupo Silvio Santos e que quase quebrou por causa de um rombo de R$2,5 bilhões, incomodou o alto escalão do governo, mas não a ponto de enfraquecer a executiva, que assumiu a CEF em março de 2006. A avaliação que a equipe da presidente Dilma faz é de que Maria Fernanda, com excelente trânsito no PT, tem realizado um bom trabalho.

Já no BB, a permanência de Bendine à frente da maior instituição financeira do país, com ativos que encostam em R$800 bilhões, ganhou mais força nos últimos dias. Mesmo que ela seja por tempo determinado, a tendência é que ele fique no cargo no início do governo Dilma.

A estratégia de "poupar" os bancos estatais, pelo menos por enquanto, teria também a aprovação do ministro Guido Mantega (Fazenda), que deve permanecer no cargo. Foi ele, inclusive, que colocou Maria Fernanda e Bendini na presidência dos bancos.

Dilma tem dito que não quer "imagem de governo velho"
Determinada a acelerar investimentos, a presidente eleita está definindo postos-chave da área econômica tendo como base perfis mais desenvolvimentistas. Mesmo mantendo nomes do governo Lula, Dilma tem dito a interlocutores que "não quer ficar com a imagem de governo velho". As mudanças ocorrerão principalmente para atender a seu pensamento mais voltado ao desenvolvimento e que não combina com nomes da equipe atual - que privilegiam propostas de contenção de gastos.

Além de definir o comando dos bancos oficiais e de estatais, com destaque para a Petrobras, Dilma quer influenciar na provável troca de comando na companhia Vale. Segundo interlocutores, ela gostaria de ter na empresa - que é privada, mas tem forte participação de fundos de pensão de empresas estatais - alguém com "trânsito em Brasília". O PT, claro, luta para influenciar numa eventual troca de comando da Vale, o que ocorreria em negociações políticas dos fundos de pensão.

Na bolsa de apostas no governo e na equipe de transição, Luciano Coutinho, atual presidente do BNDES, por exemplo, seria um nome bem visto para um posto na Vale. Mas ele deverá ficar no banco porque há temores que o PMDB brigue pela vaga se ele sair do cargo, já que Coutinho é ligado ao partido.

O BB também sempre foi alvo, desde o início do governo Lula, de disputa política entre o PT, e seus diversos grupos, e o PMDB. Mesmo com o plano pré-definido por Dilma, a briga nos bastidores pelo cargo continua. Bendine estaria trabalhando o nome do atual vice-presidente de Varejo, Alexandre Abreu, com perfil mais técnico, para sucedê-lo. Do outro lado, e com maior proximidade ao PT, vem o vice-presidente de Tecnologia, Geraldo Dezena da Silva.

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