quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Serra alerta sobre 'herança adversa'

DEU EM O GLOBO

Ex-governador critica Lula e prevê problemas para Dilma na economia

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. Em sua primeira aparição pública após a derrota sofrida na disputa presidencial, o ex-governador José Serra (PSDB) fez ontem uma advertência sobre a "herança adversa" deixada pelo governo Lula para sua sucessora, Dilma Rousseff, na área econômica. Para Serra, o presidente Lula, em vez de tentar melhorar esse quadro de inflação em alta, taxa de câmbio supervalorizada, contas fiscais maquiadas e atividade econômica em desaceleração, optou por continuar em campanha, já de olho na sucessão de 2014.

- Estou assombrado como um presidente da República, que devia estar governando o país, continue fazendo campanha. É o que, aparentemente, mais Lula sabe fazer na vida: campanha e mentir. Em vez de trabalhar para criar melhores condições para sua sucessora no Brasil, ele continua fazendo campanha e absurdos, como o projeto do trem-bala, que é uma das maiores fraudes em matéria de obras públicas que o Brasil assistiu e que eu espero que não se realize - disparou Serra, durante uma visita ao Senado.

Serra preferiu não opinar sobre os primeiros nomes confirmados para a futura equipe econômica, mas fez questão de enfatizar que eles terão "um nó difícil de desatar" pela frente.

- Quero registrar que a herança que se deixa para o novo governo é adversa. Inflação para cima, produção desacelerando, taxa de câmbio supervalorizada, o déficit em conta corrente é o segundo maior do mundo, ou seja, uma economia repleta de desequilíbrio e contas fiscais maquiadas. É o legado deixado por Lula. Não sei se é maldita, mas é uma herança muito adversa.

O candidato derrotado do PSDB rebateu ainda pontos da entrevista concedida ontem por Lula a um grupo de blogueiros que ajudaram na campanha de Dilma. A começar pela declaração de Lula de que ele deveria pedir desculpas ao país pelo episódio da bolinha de papel:

- Se alguém deve (desculpas) é o presidente Lula, porque, como foi comprovado, foi um outro objeto atirado em mim e isso, inclusive, está filmado. E o presidente Lula sabe disso. Acontece que o presidente Lula não perde o costume, continua fazendo campanha e talvez já tenha começado sua campanha para 2014 e dizendo mentiras.

Serra também rebateu as acusações de Lula de que teria explorado o acidente da TAM, ocorrido em São Paulo:

- Como governador fui ao local me solidarizar com os familiares e estimular policiais e bombeiros. Já o presidente Lula sumiu do mapa nas primeiras horas, evitou dar entrevistas e desapareceu. O comentário é mal educado e raivoso.

Sarney, Collor, Marina e Ideli evitam cumprimentá-lo

Serra reuniu-se com parlamentares de oposição e foi ao plenário do Senado, onde o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP) ignorou sua presença. Coube ao líder do DEM, senador José Agripino (RN), anunciar a chegada de Serra. Sarney limitou-se a ouvir o colega, interrompendo-o para anunciar o resultado de uma votação.

O ex-presidente Fernando Collor evitou cumprimentar Serra. Ele e Sarney foram apontados pela campanha tucana como aliados indesejados de Dilma. A senadora Marina Silva (PV) também deixou o plenário sem cumprimentá-lo. A líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), fez careta e se levantou da bancada ao perceber a presença de Serra, que evitou responder se pretende ser candidato novamente.

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