quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Aécio retorna e nega crise

DEU NO ESTADO DE MINAS

De volta a Minas depois de um descanso pós-eleição, senador eleito diz que o PSDB não está dividido e que é hora de mostrar unidade para fortalecer os governadores da legenda

Amanda Almeida

O senador eleito Aécio Neves (PSDB) negou ontem que os tucanos estejam enfrentando crise interna entre as lideranças paulistas e mineiras do partido. “Enganam-se aqueles que duvidam da nossa unidade. Estaremos juntos porque, acima de quaisquer interesses pessoais que um ou outro possa ter, prevalece sempre o interesse do país e isso passa pela unidade do PSDB”, disse. Na semana passada, o presidente do partido em Minas, Nárcio Rodrigues, trocou farpas pela mídia com o presidente do PSDB de São Paulo, José Henrique Reis Lobo. Aécio voltou a aparecer em público ontem, ao lado do governador Antonio Anastasia, na inauguração do Memorial Minas Gerais – Vale, na Praça da Liberdade, Zona Sul de Belo Horizonte, depois de passar três semanas descansando das eleições.

O estranhamento entre os líderes do PSDB dos dois estados esquentou na semana passada, quando Reis Lobo, em entrevista, citou Aécio como “uma das lideranças que emergiram das urnas” e criticou a tese de “refundação do partido” defendida pelo ex-governador. Em resposta, Nárcio disse que os paulistas “vão ter que engolir” a participação dos mineiros nas decisões da legenda e que Aécio deve ser o próximo candidato à Presidência da República.

Apesar das farpas, segundo Aécio, não existe disputa pelo poder entre os tucanos mineiros e paulistas. “Isso é uma grande bobagem. É coisa da cabeça de uma ou outra figura de menor expressão. Somos um conjunto e só uma unidade desse conjunto nos levará a uma vitória no futuro”, afirmou.

Antes de Aécio, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, já tentaram colocar um ponto final no racha entre paulistas e mineiros. Na última semana, FHC declarou que, por ele, o próximo candidato à Presidência do partido poderia ser “mineiro, cearense, carioca ou paulista”, desde que se respeitasse o “interesse do país”. Já Guerra disse recentemente que falar sobre candidatos a presidente agora “agride o bom senso e beira o ridículo”.

FUTURO
Sobre o próximo presidente nacional do PSDB, que será definido em março, Aécio Neves afirmou que não sabe se o ex-governador de São Paulo José Serra tem a intenção de se candidatar ao cargo, mas disse que estaria entre os melhores nomes. “Não tenho nenhuma conversa com companheiros do partido ainda (sobre o futuro comando do PSDB), mas as coisas caminharão com absoluta tranquilidade. O PSDB tem quadros extraordinários e o Serra é um desses quadros extraordinários”, comentou. Nos bastidores, Serra teria negado a vontade de se tornar presidente para evitar a intensificação do racha entre paulistas e mineiros, já que Aécio também poderia pleitear a vaga.

Para Aécio, depois da derrota no segundo turno da eleição presidencial, o PSDB deve se concentrar em “planejar o futuro” do próprio partido. “Agora é hora de olharmos para frente, atualizarmos o nosso programa e unirmos nossas forças. É hora de fortalecer nossos governos estaduais”, comentou. O senador eleito aproveitou para elogiar seu substituto no Palácio da Liberdade. “Minas vai continuar sendo, como nos últimos anos, uma grande referência na gestão pública de qualidade, porque tem o mais completo gestor público do Brasil a liderá-lo. O (Antonio) Anastasia (PSDB) fará no governo maiores avanços, inclusive que aqueles que eu pude trazer a Minas”, afirmou.

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