domingo, 19 de dezembro de 2010

Aécio tenta se cacifar rumo às eleições de 2014

DEU EM O GLOBO

Adriana Vasconcelos

Alckmin e FH defendem Sérgio Guerra no comando do PSDB

BRASÍLIA. Embora o ex-governador de Minas e senador eleito Aécio Neves tenha garantido não ter interesse, neste momento, em disputar a presidência do PSDB ou outra função no Senado, ele não esconde suas pretensões para 2014. Após abrir mão da vaga de candidato à Presidência em favor de José Serra este ano, respeitando a chamada fila do partido, o mineiro considera que chegou a sua vez de se arriscar em uma disputa nacional. E, se para garantir isso, for obrigado a conquistar a presidência do partido, dificilmente hesitará.

Como uma briga interna neste momento não interessa a Serra nem a Aécio, a aposta entre tucanos influentes no partido é que a melhor alternativa será manter Sérgio Guerra no comando do PSDB. A estratégia contaria com o apoio de parte do tucanato paulista, inclusive Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso.

Apesar da derrota sofrida nas eleições deste ano, Serra estaria confiante de que poderá repetir a trajetória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que venceu a disputa presidencial após perder três eleições. Mas a estratégia montada por Serra para tentar assumir o comando do partido e garantir, antecipadamente, a vaga de candidato à Presidência em 2014 é vista com preocupação pelos tucanos.

Até porque parte deles considera que os 45% de votos recebidos por Serra no segundo turno teriam sido mais fruto de uma insatisfação do eleitorado com o atual modelo de gestão adotado pelo PT, do que uma preferência real pelo candidato tucano. Os 20 milhões de votos obtidos no primeiro turno pela candidata do PV, Marina Silva, ajudam a comprovar essa tese de que uma parcela do eleitorado não queria Dilma nem Serra.

Serra teria procurado apoio do DEM

A movimentação de Serra também estaria incomodando alguns aliados do PSDB. Na última semana, o ex-governador teria telefonado para o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), para anunciar que apoiaria seu nome para a presidência do partido, num sinal claro de que trabalha em parceira com o ex-senador Jorge Bornhausen para tirar o deputado Rodrigo Maia (RJ) do comando da legenda.

Há quem acredite que Serra estaria estimulando o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a trocar o DEM pelo PMDB, ainda que os objetivos deles sejam distintos. Serra estaria interessado em pôr um aliado no PMDB paulista, de olho numa nova disputa presidencial em 2014. Já Kassab está em busca de uma sigla para disputar o governo de São Paulo contra os tucanos.

Na expectativa de manter a seu lado parte do tucanato paulista, Aécio teria autorizado a bancada mineira na Câmara a apoiar o deputado Duarte Nogueira (SP), ligado a Alckmin, para assumir a liderança do PSDB.

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