quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Governadores rechaçam 'refundação' do PSDB e definem agenda com gestão Dilma

DEU NO VALOR ECONÔMICO

Murillo Camarotto De Maceió

Em reação aos recentes apelos do senador eleito Aécio Neves, os oito governadores tucanos que saíram vitoriosos das urnas neste ano se reuniram ontem em Maceió para discutir os novos rumos do partido. "Responsabilidade com o Brasil. Compromisso com os brasileiros. 8 Estados - mais da metade do PIB e da população do Brasil", dizia o cartaz colocado na porta da sala onde ocorreu a reunião. Anfitrião do encontro, o governador reeleito de Alagoas, Teotonio Vilela Filho, abriu os trabalhos falando de Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso e do "orgulho tucano".

Apesar de discutir os próximos caminhos as serem trilhados, os governadores rechaçaram o termo "refundação", sugerido pelo senador mineiro. Optaram por palavras mais amenas, como atualização, reforma e reestruturação. Também foi tratada com cautela a proposta do presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PE) para que o PSDB tenha candidato à Presidência já em 2012. "Agora é hora de reforçar as relações com as bases e pensar nas eleições municipais, para termos bons resultados. Só depois se trata da questão federal", afirmou o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Os governadores se comprometeram a cobrar do Executivo federal mais verbas para o financiamento da segurança pública, bem como uma nova agenda de discussões sobre o pacto federativo, com destaque para a reforma tributária. Houve ainda uma proposta, feita pelo governador de Goiás, Marconi Perillo, de que seja solicitada uma audiência com a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), para tratar da repactuação das dívidas estaduais.

No documento assinado, os governadores falam em uma relação "altiva e de respeito mútuo" com o governo federal. Apesar das veementes recomendações de que haja maior unidade entre governadores e a bancada tucana em Brasília, a maior combatividade deve ficar mesmo a cargo dos deputados e senadores. "Há uma divisão de instâncias. Os governadores têm de ter uma boa relação com a Dilma. Governo não tem que fazer oposição a governo", receitou Perillo.

Outro consenso entre os governadores envolve as falhas de comunicação entre o PSDB e a sociedade, cruciais para o desempenho ruim nas urnas. Segundo Sérgio Guerra, isso impede que a sigla possa se beneficiar eleitoralmente de suas ações administrativas. "É inegável que partido se comunica mal. Temos que superar esse abismo", admitiu o dirigente. Na mesma linha, o governador eleito do Paraná, Beto Richa, afirmou que o PT venceu pois soube se comunicar de forma bem mais eficiente: "Eles nem fizeram tanta coisa assim, mas souberam vender bem."

Richa também pretendia levar à pauta a questão da volta da CPMF, que segundo ele ainda divide os tucanos. Enquanto o governador reeleito de Minas, Antonio Anastasia, é favorável à recriação do tributo, ele e Alckmin são contra: "O Brasil já tem imposto demais e sabemos que nem todo o dinheiro da CPMF ia para a saúde. Mas vamos discutir esse tema mais adiante."

Quanto à maior ênfase nas políticas sociais, outra reivindicação de Aécio, ficou definido que haverá troca de experiências entre os Estados governados por tucanos, com o intuito de criar uma marca do partido nessa área. Para manter afinados os discursos, eles se comprometeram a se reunir a cada três meses. O próximo encontro foi marcado para Belo Horizonte, no fim de março. O seguinte deve ocorrer em Goiânia.

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