sábado, 25 de dezembro de 2010

Nos estados, ameaças à ‘refundação’ do PSDB

DEU EM O GLOBO

Preocupação do partido é com falta de líderes regionais com força política para conduzir fortalecimento da oposição

Silvia Amorim

SÃO PAULO. - O plano de reestruturação do PSDB anunciado para 2011 vai encontrar dificuldades para ser viabilizado em alguns estados de forte peso eleitoral. As situações mais complicadas estão no Rio de Janeiro, na Bahia, no Rio Grande do Sul, no Ceará e no Distrito Federal.

A preocupação do partido nesses locais é a ausência de lideranças com força política para conduzir o fortalecimento da oposição na esfera regional.

A tese da “refundação” do partido, como defende o senador eleito Aécio Neves (PSDBMG), ou da renovação, como sugerem outros menos radicais, entre eles o grupo do exgovernador de São Paulo José Serra, vem sendo discutida pelos tucanos desde o fim das eleições de 2010. Tem como principal objetivo reorganizar o partido em todos os níveis (municipal, estadual e federal), da estrutura ao discurso, a fim de prepará-lo para os pleitos de 2012 e 2014.

No Rio Grande do Sul, o partido está conflagrado. Depois da derrota eleitoral, a avaliação da cúpula nacional é que suas lideranças precisam ser renovadas no estado. Mas o plano pode acabar inviabilizado por causa de uma disputa interna entre os grupos da governadora Yeda Crusius, derrotada na eleição, e do deputado federal eleito Nelson Marquezan Júnior. O parlamentar é visto como um nome com credenciais para conduzir esse processo de fortalecimento do PSDB na região, mas os aliados de Yeda têm maioria no partido e devem seguir no comando local após as convenções estaduais, em abril.

Na Bahia, o ex-prefeito Antônio Imbassahy e o deputado federal Jutahy Magalhães Júnior, apesar da expressão política nacional, têm dificuldade em fazer uma oposição local aguerrida por conta das alianças regionais.

A falta de uma base de militantes é apontada como o maior empecilho para a reestruturação do partido no Rio de Janeiro.

Já no Ceará e no Distrito Federal, o PSDB corre para encontrar novos quadros.

Ainda nos primeiros meses de 2011, o PSDB pretende formular um plano de expansão do partido no país. Os tucanos têm diretórios montados em cerca de 80% dos municípios brasileiros.

A proposta é chegar perto dos 100% de cobertura até as próximas eleições municipais.

Na esfera nacional, o assunto da pauta da oposição para o início de 2011 é implementar uma “sinergia” — a palavra vem sendo repetida à exaustão pelo presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra — entre os governadores tucanos e as lideranças do partido no Congresso, para qualificar o discurso oposicionista no governo Dilma.

— O que devemos buscar é uma sinergia entre os estados governados pelo partido e destes com nossos representantes no Congresso. A reestruturação tem que ter como meta a nacionalização do partido, no sentido de haver simetria entre o que falam os governadores e as bancadas na Câmara e no Senado — defendeu Guerra.

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