sexta-feira, 28 de maio de 2010

Reflexão do dia – Aécio Neves


"O discurso (da oposição), a meu ver, tem que ser realista. Não devemos temer reconhecer os avanços no governo do presidente Lula. Até porque grande parte desses avanços ocorreu em razão dos governos anteriores. Não teria havido o governo do presidente Lula, com os resultados que apresenta hoje, se não tivesse havido o presidente Itamar Franco e o Plano Real, se não tivesse havido o presidente Fernando Henrique, que modernizou a nossa economia, que introduziu aspectos importantes, como a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Não teria havido o governo Lula se não tivesse iniciado, ainda no governo do presidente Itamar, os programas de transferência de renda, os programas sociais que lançaram no governo do presidente Fernando Henrique e continuaram no governo Lula. E ao mesmo tempo temos que ter a coragem de apontar os equívocos deste governo. Então, acho que o discurso é reconhecer que avanços ocorreram, mas que os avanços poderiam ter sido muito maiores se não tivéssemos um Estado tão aparelhado, se tivéssemos uma ousadia no que diz respeito à política monetária.

(...) Temos de demonstrar que nossa experiência administrativa, nossa visão de país e de mundo interessa mais ao Brasil hoje do que a continuidade do atual governo.
"


(Aécio Neves, hoje, em O Globo)

Mal-entendido ou má intenção?:: Merval Pereira

DEU EM O GLOBO

Na nova política de segurança divulgada pelo governo dos Estados Unidos, o Brasil ganhou relevância em relação a documentos anteriores, mas continua bem abaixo dos outros três centros de influência China, Rússia e Índia e quase da mesma importância que a África do Sul.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pôs o Brasil em um segundo pelotão.

Em todo o texto, ele cita a Índia nove vezes; a China, dez; a Rússia, 14; e o Brasil, apenas cinco, mesmo número de vezes da África do Sul. A Turquia é citada apenas uma vez.

Os desentendimentos sobre o acordo nuclear com o Irã, que a secretária de Estado, Hillary Clinton, classificou de sérios, estão no centro desse esfriamento de relações entre Obama e Lula, que um dia ele já definiu como o cara.

O vazamento da carta que Obama escreveu ao presidente Lula é um desentendimento diplomático sério. A Casa Branca não gostou de saber que um governo amigo divulga documentos pessoais entre presidentes.

Mas uma leitura atenta da carta, em vez de demonstrar, como quer o governo brasileiro, que Lula seguiu à risca as orientações de Obama, deixa claro que houve no mínimo um mal-entendido, que fala mal da diplomacia brasileira.

Ou uma tentativa frustrada de criar um fato consumado que favorecesse o Irã.

Ao se referir aos termos do acordo de novembro, Obama deixa claro que o objetivo dele era deixar o Irã sem material atômico para produzir a bomba.

Está claro que, sem essa precondição, não há acordo.

Na carta, está dito claramente: A proposta da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) foi preparada de maneira a ser justa e equilibrada, e para permitir que ambos os lados ganhem confiança. Para nós, o acordo iraniano quanto a transferir 1.200 quilos de seu urânio de baixo enriquecimento (LEU) para fora do país reforçaria a confiança e diminuiria as tensões regionais, ao reduzir substancialmente os estoques de LEU do Irã. Quero sublinhar que esse elemento é de importância fundamental para os Estados Unidos. Para o Irã, o país receberia o combustível nuclear solicitado para garantir a operação continuada do TRR (o Reator de Pesquisa de Teerã), a fim de produzir os isótopos médicos necessários e, ao usar seu próprio material, os iranianos começariam a demonstrar intenções nucleares pacíficas.

Não obstante o desafio continuado do Irã a cinco resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas que ordenam o final de seu programa de enriquecimento de urânio, estávamos preparados para apoiar e facilitar as ações quanto a uma proposta que forneceria combustível nuclear ao Irã usando urânio enriquecido pelo Irã, uma demonstração de nossa disposição de trabalhar criativamente na busca de um caminho para a construção de confiança mútua.

O pressuposto era, portanto, que o Irã reduzisse substancialmente os seus estoques. Qualquer acord o que não reduzisse substancialmente os seus estoques, não teria sentido, portanto.

Em outro trecho, a carta diz: Compreendemos pelo que vocês, a Turquia e outros nos dizem que o Irã continua a propor a retenção do LEU em seu território até que exista uma troca simultânea de LEU por combustível nuclear. Como apontou o general [James] Jones [assessor de Segurança Nacional da Casa Branca] durante o nosso encontro, seria necessário um ano para a produção de qualquer volume de combustível nuclear. Assim, o reforço da confiança que a proposta da AIEA poderia propiciar seria completamente eliminado para os Estados Unidos, e diversos riscos emergiriam. Primeiro, o Irã poderia continuar a ampliar seu estoque de LEU ao longo do período, o que lhes permitiria acumular um estoque de LEU equivalente ao necessário para duas ou três armas nucleares, em prazo de um ano.

Ou seja, se em um ano o Irã poderia continuar a ampliar o seu estoque de LEU, bastaria ao governo brasileiro fazer as contas: de novembro a maio são seis meses, meio ano, tempo suficiente para um reforço e tanto no estoque.

O volume ser transferido ao exterior deveria ser, portanto, proporcionalmente aumentado.

O acordo fechado entre Brasil e Turquia com o Irã, nos termos em que foi concebido, isto é, permitindo que o Irã continuasse a ter um estoque de urânio que manteria a possibilidade de chegar à bomba atômica, criou, sem dúvida, uma turbulência internacional que interfere na decisão do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas de implementar sanções contra o Irã.

Se, como tudo indica, as sanções forem impostas com o apoio da grande maioria dos membros do Conselho de Segurança a informação é de que apenas Brasil, Turquia e Líbano seriam contrários a elas , fica claro que o Brasil está isolado na tentativa de salvar o Irã da punição.

Brasil e Turquia somente poderiam se considerar vitoriosos caso o Conselho rachasse devido ao acordo.

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O ex-governador Aécio Neves avisou a direção do PSDB que não se dispunha a ser o vice de Serra antes de fazer o anúncio oficial. Ele reafirmou a convicção de que seria mais útil na campanha mineira, para garantir a vitória de Serra por uma margem que possa ajudar a definir a vitória a nível nacional. A pressão regional foi mais forte do que a nacional, pois o candidato de Aécio ao governo de Minas, Antonio Anastasia, cresceu muito, mas parou em 17%, com a ausência de dele na campanha.

Os tucanos consideram que esse esforço de Aécio para eleger Anastasia pode fazer com que o nome de Serra seja levado a todos os municípios mineiros. O temor é que, na ânsia de eleger Anastasia, os políticos aceitem também a chapa Dilmasia

Brasil e Irã :: Roberto Freire

DEU EM BRASIL ECONÔMICO

Nos últimos dias, as agências de propaganda do governo têm noticiado como o "maior feito histórico de nossa diplomacia" um acordo que o Brasil assinou com o Irã, com a participação da Turquia, buscando "resolver o impasse" do programa nuclear iraniano, que tem sido desenvolvido com obstáculos às inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica, ligada a ONU.

O Brasil, à exceção do período ditatorial, sempre adotou uma postura não apenas claramente contrária à proliferação das armas nucleares, como a favor da desnuclearização e do desarmamento e da solução pacífica e negociada das controvérsias e conflitos internacionais, como obriga a Constituição.

Além disso, repudiamos o terrorismo e o racismo e proclamamos a prevalência dos direitos humanos.

A ditadura teocrática iraniana - que tem usado a prisão, a tortura e o assassinato de opositores como prática comum - desenvolve, desde algum tempo, uma declarada política armamentista.

Não só nega a existência do Holocausto como proclama objetivos belicistas e o desejo de destruir o Estado de Israel.

Nesse quadro é que vem acelerando esforços para enriquecer urânio, indispensável à construção de armas nucleares, sob suspeitas da comunidade internacional, até porque se recusa a aceitar inspeções da AIEA.

Não é sem motivos que o Conselho de Segurança da ONU, a pedido dos EUA, pressiona seus dirigentes a abrirem suas instalações nucleares ao escrutínio da AIEA.

Por este acordo, chancelado pelo Brasil, fica estabelecido que o Irã enviará 1,2 tonelada de urânio com baixo grau de enriquecimento (3,5%) para a Turquia em troca de 120 kg de combustível enriquecido a 20%.

Ato contínuo, entretanto, o atual governo persa já anunciou que irá continuar o processo de enriquecimento de seu urânio.

Como se sabe, a tecnologia de enriquecimento de urânio para ser usado como combustível na produção de energia nuclear também pode ser usada no enriquecimento de urânio ao nível mais alto, necessário para a confecção de armas nucleares.

É esse o ponto que toda a comunidade internacional vê com preocupação, graças aos atos de dissimulação do próprio Irã.

Estamos assistindo a um perigoso jogo eleitoreiro de nossa diplomacia, que poderá ter conseqüências danosas para a imagem do país.

Por trás desse movimento, teme-se que o país esteja no mesmo caminho do Irã, buscando criar embaraços para que AIEA faça seu trabalho de acompanhamento de nossa própria política nuclear, que recentemente tem adquirido uma preocupante vertente militarista, com a construção de submarinos movidos a energia atômica.

Política internacional não é o lugar apropriado para blefes e espertezas. Cedo ou tarde, qualquer país que adentre esta seara terá que fazer valer seu poder específico na defesa de suas propostas.

Temos efetivamente tal poder? E no campo interno, estaremos assistindo a mais uma patriotada de nossa diplomacia ou o retorno do "Brasil, ame-o ou deixe-o" entoado pelo Brasil potência dos tempos da ditadura?

Roberto Freire é presidente do PPS - Partido Popular Socialista

A burla continua:: Dora Kramer

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Não é desdém pelo dinheiro público, mas na mixórdia de descalabros que o Senado acaba de reapresentar ao País com essa história da reforma administrativa que foi sem nunca ter sido, francamente o menos escandaloso é o valor do contrato pago à Fundação Getúlio Vargas.

Escabroso não é gastar R$ 250 mil. Escandaloso é pagar ? seja quanto for ? duas vezes pelo mesmo serviço no período de um ano porque o trabalho entregue anteriormente foi boicotado por subordinados dos contratantes que, mesmo assim, estavam prontos para executá-lo mesmo desfigurado.

Em resumo é o que se depreende das explicações dos senadores Tasso Jereissati e Pedro Simon, integrantes de um grupo de senadores que, ao analisar o projeto de reforma ? note-se, já aprovado pela Mesa do Senado - se depararam com uma monstruosidade pronta para ser votada em plenário.

Os responsáveis diretos, o diretor-geral, Haroldo Tajra, e o primeiro-secretário, senador Heráclito Fortes, não deram uma palavra a respeito. O presidente do Senado, José Sarney, fez o papel de sempre: a vítima surpreendida.

"Não tem sido fácil, tenho apanhado muito." Por mérito, convenhamos.

Segundo os senadores Tasso e Simon, o Conselho de Administração do Senado distorceu todo projeto da FGV. Conforme as promessas feitas na crise do ano passado que provocou a demissão do diretor-geral Agaciel Maia e quase derrubou José Sarney da presidência do Senado, a reforma deveria organizar a estrutura administrativa, reduzir diretorias, diminuir funcionários terceirizados, "enxugar" as atividades meio.

O resultado final foi o oposto: propunha o aumento de cargos em comissão na proporção de 158% em relação ao sugerido pela FGV, criava uma grande estrutura de obras e conferia à Polícia Legislativa poderes, segundo Pedro Simon, equivalentes aos da Polícia Federal.

Sarney se fez de desentendido, ambíguo, não se estendeu em comentários como quem insinua que não sabia de nada. Mas o projeto examinado e vetado pelo grupo de senadores havia sido aprovado pela Mesa Diretora. Presidida por José Sarney.

É o maior, mas não o único responsável. Há os demais integrantes da Mesa, há todos os outros senadores que por ocasião da crise aguda juraram à nação que acompanhariam de perto o desenrolar da reforma.

De duas, uma: ou não acompanharam e deixaram o processo correr frouxo na mão do Conselho de Administração que, ao que se vê, continua a funcionar sob filosofia de que o Senado é uma Casa garantidora de privilégios, ou acompanharam e sabiam de tudo e tudo era para ser exatamente como foi feito.

De qualquer modo, esse era um fiasco anunciado. E de cuja responsabilidade apenas alguns poucos escapam. Quando a crise "Agaciel" estourou alcançou José Sarney no início do mandato, vindo de gestões anteriores tendo sido o padrinho do mentor da estrutura viciada.

Essa evidência somada às irregularidades que atingiam o próprio Sarney eram mais que suficientes para indicar que com ele na presidência nada mudaria. Tem uma cabeça de outra época. Ele contemporiza com o antigo. Portanto, questão de lógica e tempo para o lodo voltar à superfície.

Quem embarcou na operação abafa comandada pelo presidente Luiz Inácio da Silva foi porque quis. A ninguém no Senado é dado o direito de dizer a cigana me enganou. Esse tipo de episódio é filho das costas quentes, primo-irmão do compadrio. E, como já dizia um notório perito no assunto, sustentado pelo vício insanável da amizade.

Toda obra. O PMDB escalou para expor o programa de governo a ser executado em parceria com o PT se a aliança governista vencer a eleição presidencial dois expoentes do partido no governo Fernando Henrique.

Eliseu Padilha, ministro dos Transportes, e Moreira Franco, assessor especial com gabinete no Palácio do Planalto.

No programa o PMDB defende a profissionalização do Estado, em contradição com a prática do partido de adesão a qualquer governo que lhe garanta espaço político na máquina administrativa.

O Rio de Janeiro esbanja recordes para 2016:: Marcos Sá Correa

DEU EM "O ECO"

Nada encarna melhor o espírito dos jogos olímpicos do que os projetos ambientais do Rio de Janeiro. Só têm metas de superação. O governo do estado anuncia agora para 2016 que vai despoluir a baía de Guanabara. Será a segunda despoluição em pouco mais de duas décadas. Um recorde: a Guanabara já é a baía suja mais despoluída do mundo.

A primeira despoluição foi um fiasco retumbante. Previa, nos anos 90, que a baía viraria o milênio com a renda de suas colonias de pescadores duplicada, graças à troca de garrafas PET por cardumes de peixes. O preço dos terrenos em sua orla iria disparar, com a disputa de um lugar na primeira fila diante da vista que tornou famosa a cidade, séculos antes que os cariocas debandassem para a Zona Sul.

Quando venceu o prazo contratado com a Agência de Cooperação Internacional Japonesa e outras fontes de financiamento externo, a despoluição tinha afundado nas transações insondáveis que, logo na largada, em 1993, levaram o governo Leonel Brizola a tirar aquela dinheirama toda da órbita das licitações, convidando empreiteiras de confiança para dividir o bolo.

E assim o programa chegou ao governo Anthony Garotinho reduzido a uma caricatura chamada piscinão de Ramos, um oásis recreativo de água do mar filtrada, no meio do esgoto in natura e do lixo doméstico. Na ocasião, o arquiteto e doutor em administração pública Manuel Sanchez calculou que atender com cerca de 200 piscinões a mesma população que poderia usar diretamente a baía, se ela estivesse limpa e balneável, custaria US$ 1 bilhão.

O estado a essa altura gastara US$ 1 bilhão para convencer 93,6% dos cariocas, no ano 2.000, que a Guanabara continuava “muito suja”. Para isso, abraçou a baía com usinas de tratamento, que aparecem bem nas fotos de inauguração. Mas não ligou com as estações as redes de esgoto, porque obra embaixo da terra não dá voto.

As margens que seriam valorizadas favelizaram-se. Surgiram favelas abaixo da linha de maré alta. Mais de oito milhões de pessoas se habituaram a despejar dez toneladas de lixo por dia nos rios que desaguam nos valões da Guanabara. Sua profundidade média caiu para menos de seis metros.

Em compensação, ao escrever a nova constituição estadual em 1989, os políticos deram à baía o título de Área de Proteção Ambiental e Interesse Ecológico Revelante. E isso ela é. Só falta drenar os canais assoreados por lama tóxica. Tirar da água quase dois milhões de metros cúbicos de depósitos poluentes. Trocar por esgotos os rios moribundos que, em 1502, levaram o navegador Duarte Coelho a anunciar a descoberta de um paraíso cercado de “boas águas” por todos os lados.

Principalmente, segundo o geógrafo Elmo Amador, falta reflorestar suas margens, não só para devolver-lhe uma tênue lembrança da paisagem original, como sobretudo para recompor os filtros naturais dos 100 quilômetros quadrados de restingas e mangues que ela perdeu.

Parece coisa demais para fazer em seis anos. Sobretudo depois de gastar tanto crédito e tanta credibilidade. Mas, como em Olimpíadas o importante é competir, o Rio de Janeiro poderia entrar nesta nova corrida plantando a primeira muda dos 24 milhões de árvores que prometeu para 2016 em outubro do ano passado.

Historiador Marco Antonio Villa: 'Nem Serra está afundando nem Aécio seria o Messias'

DEU EM O GLOBO

Historiador diz que PSDB está diante de falso problema sobre vice

Flávio Freire

SÃO PAULO. Se bem trabalhadas sua campanha ao Senado e as articulações políticas em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país, o ex-governador Aécio Neves, ao declinar do convite para ser vice, não deverá comprometer a campanha de José Serra à Presidência. Na avaliação do historiador Marco Antônio Villa, criou-se nas últimas semanas, no PSDB, um falso problema de que a candidatura, sem Aécio, levaria o partido a uma crise.

- O Aécio não é essencial no que diz respeito à escolha do vice. Ele é essencial como participante efetivo da campanha eleitoral , já que Minas é um colégio eleitoral importante - diz Villa, para quem Aécio, para colaborar com o partido nacionalmente, deve ter participação em programas partidários e eventos importantes ao lado de Serra.

Caso contrário, pode parecer à opinião pública que o ex-governador mineiro estaria respondendo com o fígado por não ter sido escolhido candidato.

- Nem a candidatura do Serra está afundando nem o Aécio seria o Messias - analisou.

Ao colocar mais uma pá de cal sobre a especulação de que seria vice na eventual chapa puro-sangue, Aécio redirecionou para a base de aliados o foco sobre quem deve ocupar o posto. Na avaliação do deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB-SP), a relação com os partidos que devem apoiar a candidatura deve ser respeitada.

- A relação com aliados deve ser respeitada. Quem ganha (a eleição) é o candidato a presidente. O papel do vice está na composição de força, na articulação política. O vice é escolhido nessa perspectiva - disse ele, sem arriscar nomes.

Na mesma linha, o secretário-geral do PSDB, deputado Rodrigo de Castro, disse que o partido tem ainda que esperar a movimentação dos palanques regionais e, só depois, escolher o vice. Caso contrário, avalia ele, a direção de campanha poderia entrar em área de conflito justamente com os partidos aliados.

- Ainda está tendo uma movimentação muito intensa nos palanques regionais. Ele (Serra) tem que esperar para ver qual a margem de manobra para depois anunciar sua decisão - disse.

Serra tem dito, em entrevistas recentes, que a escolha do vice pode ficar mais para a frente. Ele tem conversado com dirigentes do partido sobre o assunto e avaliado todas as possibilidades.

- Se ele quiser alguém do Nordeste, tem Tasso Jereissati, Sérgio Guerra e Agripino Maia. Se quiser uma mulher, tem a Kátia Abreu. Se insistir com Minas, tem Itamar Franco. Agora, se o espaço for dado a aliados, o nome forte é o do Francisco Dornelles (senador pelo PP do Rio) - disse um tucano, reforçando a tese de que o PSDB deve contemplar os aliados quando decidir pelo vice.

Defensores do tucano dizem que a decisão é de Serra e pode ser anunciada até depois da convenção que formalizará a campanha, 12 de junho, em Salvador. Madeira e Castro procuraram minimizar a desistência de Aécio.

- Temos que respeitar a decisão do Aécio, que tem responsabilidade grande com o estado dele. Ele quer fazer o sucessor, eleger uma bancada grande no Congresso e chegar ao Senado. Só resta confiar no poder de avaliação dele - disse Madeira.

Aécio: 'Serra é hoje o mais preparado'

DEU EM O GLOBO

Trechos da entrevista do ex-governador Aécio Neves:

"É natural que estejamos vivendo o tempo de algumas ansiedades, mas estou absolutamente convencido de que vamos, em Minas, ter um excepcional resultado, tanto dando a vitória ao governador Anastasia, porque isto é o melhor para Minas, quanto dando a vitória aqui ao presidente José Serra.

"Fala-se muito em governantes transferirem votos, tanto no plano federal como no plano estadual. Acredito que em parte isso é verdadeiro, mas isso jamais será definitivo. O eleitor vota a partir da realidade que vê para a sua vida. A minha confiança na vitória de Anastasia e Serra é muita óbvia e simples. Parte do pressuposto de que ambos são as melhores alternativas. (...) José Serra, sem demérito nenhum para os nossos adversários, é hoje o homem mais preparado para governar o Brasil. E eu estarei ao seu lado.

"Estou absolutamente convencido de que a melhor forma para ajudar a dar a vitória ao governador Anastasia e ao companheiro e amigo José Serra é estando em Minas como candidato ao Senado. Não houve nenhuma modificação no cenário.

"Temos o melhor candidato, o melhor projeto para o país, e estarei como candidato ao Senado dando o meu suor e meu sangue para a vitória desse projeto. (...) "Eu vou estar à disposição dele (Serra) para ajudar no que for necessário. Eu, além de admirador do governador Serra, sou seu amigo, sou seu companheiro e, se não visse nele as condições de ser um grande presidente da República, talvez eu estivesse na disputa.

"O discurso (da oposição), a meu ver, tem que ser realista. Não devemos temer reconhecer os avanços no governo do presidente Lula. Até porque grande parte desses avanços ocorreu em razão dos governos anteriores. Não teria havido o governo do presidente Lula, com os resultados que apresenta hoje, se não tivesse havido o presidente Itamar Franco e o Plano Real, se não tivesse havido o presidente Fernando Henrique, que modernizou a nossa economia, que introduziu aspectos importantes, como a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Não teria havido o governo Lula se não tivesse iniciado, ainda no governo do presidente Itamar, os programas de transferência de renda, os programas sociais que lançaram no governo do presidente Fernando Henrique e continuaram no governo Lula. E ao mesmo tempo temos que ter a coragem de apontar os equívocos deste governo. Então, acho que o discurso é reconhecer que avanços ocorreram, mas que os avanços poderiam ter sido muito maiores se não tivéssemos um Estado tão aparelhado, se tivéssemos uma ousadia no que diz respeito à política monetária.
(...) Temos de demonstrar que nossa experiência administrativa, nossa visão de país e de mundo interessa mais ao Brasil hoje do que a continuidade do atual governo."

Aécio descarta ser vice e nega antipatriotismo

DEU EM O GLOBO

Mineiro diz que ajudará Serra como candidato ao Senado e cobra coragem à oposição para apontar erros de Lula

Marcelo Portela

BELO HORIZONTE. Em seu primeiro evento público após quase um mês de férias no exterior, o ex-governador Aécio Neves (PSDB) voltou à cena para reafirmar que descarta a possibilidade de ser vice na chapa encabeçada pelo também tucano José Serra. Num momento em que Serra caiu nas pesquisas e aparece empatado com a petista Dilma Rousseff, Aécio disse que não aceita pressões e repetiu que é candidato ao Senado.

- Minha decisão tem de ser tomada através de análise muito profunda do cenário político. Estou absolutamente convencido de que a melhor forma de ajudar a dar a vitória ao governador Anastasia e ao companheiro e amigo Serra é estando em Minas como candidato ao Senado. Não houve modificação no cenário. É preciso que essas ansiedades sejam contidas - disse Aécio, ao lado do ex-presidente Itamar Franco (PPS) e do atual governador de Minas, Antônio Anastasia, candidato à reeleição.

Pressionado por aliados para se decidir logo, Aécio disse que a ansiedade do momento é "natural" e rebateu acusações de que seria antipatriótico não compor chapa com Serra. Disse que estará "à disposição" dele para viagens pelo país, sem abrir mão da campanha de Anastasia.

- Meus gestos, ao longo de minha vida, demonstram uma visão muito maior de país e dos interesses de Minas do que meu interesse pessoal. Se não visse nele (Serra) as condições de ser um grande presidente, talvez estivesse até na disputa até hoje. Vou estar à disposição dele para ajudar no que for necessário - disse, referindo-se, inclusive, às costuras para a escolha do vice.

Tucano pede tom mais agressivo

Mas Aécio disse ser contrário ao discurso "pós-Lula" adotado por Serra e defendeu o acirramento das críticas ao PT como caminho para o PSDB reconquistar o eleitorado. Para Aécio, os tucanos não precisam temer reconhecer avanços do governo Lula, mas devem mostrar os problemas da gestão petista:

- Temos de ter a coragem de apontar equívocos deste governo. Os avanços poderiam ser maiores se não tivéssemos um Estado tão aparelhado, se tivéssemos ousadia maior na política monetária. Nosso discurso não tem de ser o de tratar, como costuma fazer o PT, o adversário como inimigo. Temos de demonstrar que nossa experiência administrativa, nossa visão de país e de mundo interessa mais ao Brasil do que a continuidade do atual governo.

Ao lado de Aécio, Itamar foi mais contundente e afirmou que, se for para falar bem do governo, é melhor ficar "quieto":

- Aprendi em muitos anos que, se você não quer falar mal do adversário, tudo bem, esquece o adversário. Se o governador Serra não quer falar mal do Lula, fica quieto. Se começa a elogiar muito o presidente Lula, o pessoal começa a perguntar: por que vamos mudar? Aprenda com o governador Aécio. Deixa o barco correr - disse Itamar, diante do constrangimento de Aécio e Anastasia.

Itamar foi explícito ao defender a permanência de Aécio em Minas na campanha, apesar de o ex-governador se dizer "sereno e animadíssimo" com o atual cenário. Anastasia tem cerca de 20% da preferência na disputa pelo governo mineiro, contra mais de 40% de intenções de voto do senador Hélio Costa (PMDB). Sobre a possibilidade de ser vice de Serra como representante de Minas, Itamar negou qualquer convite.

Serra diz que já sabia que Aécio não seria vice

DEU EM O GLOBO

PSDB prepara estratégia para ampliar vantagem em São Paulo e compensar força maior do PT no Nordeste

Clarissa Barreto* e Silvia Amorim

GRAMADO (RS) e SÃO PAULO. "Como é que se pode mudar o que nunca mudou?", reagiu o pré-candidato do PSDB, José Serra, ao ser perguntado sobre o anúncio do ex-governador Aécio Neves, de Minas, de que não vai mesmo integrar a chapa tucana como vice. O ex-governador participava do 26º Congresso Nacional de Secretarias de Saúde, em Gramado, no Rio Grande do Sul:

- Eu já sabia disso há muitos meses - disse Serra, que chegou a convidar Aécio para vice, antes de lançar sua candidatura, e já tinha ouvido de Aécio que ele preferia disputar o Senado.

Perguntado se havia perdido um bom candidato a vice, Serra se limitou a dizer:

- Você só perde o que tem. Ele não era candidato.

Sobre os conselhos do ex-governador mineiro, que afirmou ontem que o partido deve adotar um discurso que mostre as falhas do governo Lula, Serra afirmou:

- Para mim ele não disse isso. Falei com ele hoje (ontem) e ele não disse nada disso. Ele disse "tuas declarações foram primorosas". Pode pôr entre aspas.

Meta é abrir 6 milhões de votos sobre o adversário

Enquanto ainda forma a chapa para a Presidência, o PSDB traça planos para aumentar sua votação em São Paulo. O partido tem planos de estipular metas de votação para cada um dos municípios paulistas como estratégia para ampliar a vantagem nas urnas em relação ao PT no maior colégio eleitoral do país. Embora esteja sendo preparado há meses - portanto, é anterior à divulgação das últimas pesquisas de intenção de voto que mostraram os presidenciáveis José Serra e Dilma Rousseff empatados - o plano cai sob medida para o atual momento tucano.

Levantamento do Instituto Datafolha na semana passada constatou um crescimento da petista em todas as regiões do país, incluindo o Sudeste, berço dos tucanos. Na região, Dilma ganhou sete pontos, chegando a 33% das intenções de voto. Serra perdeu cinco e tem agora 40%.

O esforço pela ampliação da votação se insere ainda num contexto de dificuldades de penetração do partido em estados do Nordeste. Já é praticamente um mantra tucano a tese de que, para vencer a eleição, Serra terá que conseguir, em São Paulo e em Minas Gerais, votos para compensar a vantagem que Dilma deverá ter entre o eleitorado nordestino.

A planilha com a meta de votos a ser atingida por cada uma das 645 cidades de São Paulo está em fase final de elaboração e ainda será discutida pela Executiva Estadual do PSDB. Além disso, o partido já fez um diagnóstico, município a município, das votações do PSDB e do PT em 2002, 2006 e 2008. A série histórica visa a identificar regiões em que os tucanos não tiveram um bom desempenho nas urnas ou, até mesmo, perderam para o adversário, para calibrar a intensidade e o tipo de ação a ser adotada neste ano.

- Naqueles locais em que temos uma estrutura política sólida, as coisas fluem bem e o crescimento nós achamos que se dará naturalmente. Naqueles em que não estamos tão bem, vamos correr atrás e verificar nos partidos aliados a possibilidade de montar um trabalho conjunto - disse o presidente do PSDB em São Paulo, deputado Mendes Thame. Nos bastidores, tucanos falam em abrir em São Paulo cerca de seis milhões de votos sobre Dilma. Em 2006, os tucanos conquistaram quatro milhões a mais do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno. Mas perdeu do petista em quase 80 municípios.

- Temos como meta estabelecer um patamar mínimo de 55% dos votos na eleição para governador e presidente nos municípios - explicou o secretário-geral da sigla, César Gontijo.

Serão formados 44 núcleos em todo o estado

Hortolândia, no interior paulista, é um desses casos. Em 2006, Lula colocou mais de 30 mil votos à frente de Alckmin - 55 mil contra 22 mil. A meta tucana para este ano é chegar aos 38 mil votos na cidade.

- Fixar metas é um estímulo para a militância - defende o vice-líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP).

Entretanto, o modelo, diz Gontijo, não pode ser adotado em todos os estados.

- Conquistamos em São Paulo um grau de organização partidária que nos permite pensar nesse tipo de ação.

Para aumentar a vantagem nas urnas, a legenda também promete criar coordenadorias eleitorais no estado para organizar a mobilização nos municípios. Também é cogitada a contratação de pesquisas por telefone para medir o resultado do trabalho ao longo da campanha. Serão, ao todo, 44 núcleos, formados por lideranças locais - prefeitos, deputados, vereadores.

Na próxima terça-feira em Brasília, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), reúne-se com as bancadas tucanas da Câmara e do Senado para discutir a organização das campanhas presidencial e estaduais pelo país.

(*) Especial para O GLOBO

'Ele disse que, não seria vice há 6 meses'

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Presidente do PSDB relembrou ontem a posição de Aécio, mas só agora vai tratar da composição da chapa

Carol Pires

Brasília - O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE) , disse ontem que há seis meses o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves havia comunicado que não seria vice na chapa do pré-candidato tucano José Serra para a Presidência da República e que não aceitaria pressões.


"Há seis meses o governador Aécio Neves disse a mim e ao senador Tasso Jereissati que não seria vice, e não gostaria de ser pressionado a sê-lo, masque iria ajudar na campanha de José Serra"" disse Guerra.

Ontem, em Minas Gerais, Aécio Neves foi categórico ao afirmar que não formará a sonhada chapa puro-sangue com Serra na disputa à Presidência.

Apesar de o ex-governador mineiro ter antecipado sua posição ao presidente do partido há tanto tempo, somente agora Guerra, vai tratar da composição da chapa com o pré-candidato. "Semana que vem, vou conversar com o ex-governador José Serra sobre isto.” O senador, entretanto, não quis citar nomes dos prováveis candidatos.

Aliado. Sobre a propaganda eleitoral do DEM, Guerra acredita que ela trará resultados favoráveis ao pré-candidato tucano. "Até agora, houve uma overdose de campanha da Dilma, que resultou em multas no TSE. E nos últimos dias as falas do Lula na propaganda partidária e nas inserções. Tudo isso sem contradições, o que aumenta o poder da overdose", afirmou.

Segundo ele, os outros partidos não puderam responder, "ficou só a versão" de Lula. "Em junho a oposição terá mais espaço. Seguramente isso resultara no crescimento de Serra nas pesquisas de intenção de voto."

Jarbas (PMDB) lança hoje sua pré-candidatura com Serra

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Jarbas: festa sem chapa fechada

Nome das oposições para disputar o governo, líder peemedebista lança hoje sua pré-candidatura com José Serra, mas sem o segundo senador da chapa

Sheila Borges

Com a participação do presidenciável do PSDB, José Serra, e de todas as lideranças dos partidos de oposição em Pernambuco, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) lança hoje, às 15h, a sua pré-candidatura ao governo do Estado, sem, contudo, anunciar a chapa majoritária completa da futura coligação, que reúnirá PMDB, DEM, PSDB, PPS e PMN. O problema não está na composição da vice. A vaga é da deputada estadual Miriam Lacerda (DEM), que tem sua principal base no Agreste. O nó está na definição do segundo candidato ao Senado a primeira cadeira é de Marco Maciel (DEM), que tenta renovar o mandato.

Apesar de ter lançado uma nota oficial, ontem, negando que tenha recebido qualquer convite para o Senado e confirmando a sua candidatura à reeleição, o deputado federal Raul Jungmann (PPS) ainda é, nos bastidores, o nome mais forte para completar a majoritária. No comunicado, o pós-comunista aproveitou para reafirmar que o pré-candidato do PPS ao Senado é o médico Guilherme Robalinho, já lançado pelo partido em abril. Robalinho é amigo pessoal de Jarbas e tem trânsito com Serra, mas enfrenta forte resistência interna. O ex-secretário de Saúde do governo Jarbas chegou a admitir que poderia abrir mão dessa postulação se fosse para unir, ainda mais, o grupo.

Diante deste posicionamento, Jungmann frisa, na nota, que a partir de agora se nega a falar sobre este tema. Para os aliados, contudo, o pós-comunista é o único parlamentar que tem a concordância de todos e que esboça a vontade de enfrentar o desafio. Os outros nomes ventilados os deputados federais do PSDB Bruno Araújo e Bruno Rodrigues descartam disputar o Senado por dois motivos. O primeiro é que ambos já teriam organizado as suas campanhas à reeleição no interior. O segundo é que eles acreditam que a oposição, como indicam algumas pesquisas de opinião, só tem possibilidade de eleger um senador. Todas as fichas estão sendo depositadas em Maciel.

Em função disso, o próprio senador Sérgio Guerra (PSDB), que tinha naturalmente a segunda vaga assegurada, desistiu de renovar o mandato para disputar uma cadeira para a Câmara dos Deputados. Mais um motivo para a resistência dos parlamentares tucanos. Com a força da votação de Guerra, podem se beneficiar com os votos de legenda.

Enquanto este nó não desata, Jarbas vai juntando as forças da oposição para fortalecer o seu palanque. A festa de hoje servirá como um termômetro. Tudo foi preparado para destacar a imagem do senador. Os organizadores já confirmaram a participação de dezenas de caravanas do interior. O salão do Chevrolet Hall, onde ocorrerá o evento, tem capacidade para cinco mil pessoas. Jarbas e seus principais aliados ficarão em um tablado armado na frente do palco da casa de shows. No local, um painel de sete metros de altura exibirá a foto de um casal de eleitores com a imagem da bandeira de Pernambuco, um dos símbolos das duas gestões de Jarbas. Ao lado, um slogan resume o sentimento do grupo: Com Jarbas e Serra Pernambuco pode mais. Em volta do salão, bandeiras com as cores azul, amarelo, vermelho e verde, que também remontam o colorido das gestões do peemedebista.

Serra vai ao lançamento da candidatura de Jarbas

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Angela Lacerda

RECIFE – Vinte e dois dias depois de ter anunciado, em entrevista coletiva, que iria disputar o governo de Pernambuco, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) terá sua pré-candidatura lançada oficialmente hoje. O evento festivo contará com a participação do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra.

Jarbas não queria ser candidato, mas cedeu ao pedido de Serra, que não tinha palanque no Estado. O lançamento, marcado para as 15 horas no Chevrolet Hall, na vizinha Olinda, também servirá de mote para um encontro regional dos partidos coligados - PMDB, PSDB, DEM, PPS e PMN.

Os organizadores esperam reunir cerca de 2 mil participantes, entre lideranças e militantes do Recife, da região metropolitana e do interior de Pernambuco.

Palanque. Além de Jarbas e de Serra, deverão discursar o senador Marco Maciel (DEM-PE), que tentará a reeleição, e os presidentes nacionais do PSDB, Sérgio Guerra, e do PPS, Roberto Freire. Jarbas vai enfrentar, no palanque governista, o governador Eduardo Campos (PSB), apontado como favorito disparado e aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da pré-candidata Dilma Rousseff (PT).

Lula, autêntico liberal e falso profeta :: Carlos Larreátegui

DEU EM O GLOBO

Ao final de oito anos de mandato, Luiz Inácio Lula da Silva deixará a Presidência do Brasil em dezembro. Contra todos os prognósticos que asseguravam que Lula levaria o Brasil à completa prostração e ruína, este presidente deixa um legado substantivo na política, na economia e na diplomacia. Para muitos, Lula simboliza o triunfo do socialismo moderno, da denominada Terceira Via, que rechaça os postulados do liberalismo comunista. Alguns, como meu amigo e professor Enrique Ayala, sustentam que Lula manteve uma postura socialista por sua radical luta contra a pobreza. Contrariando essa visão, sustento que Lula é um autêntico liberal na política e na economia e que dificilmente poderíamos encontrar na História do Brasil um presidente mais favorável ao mercado e ao setor privado. O caso de Lula reforça a teoria de que a Terceira Via não é mais que uma ficção e que ao final prevalece a dicotomia mercado-planejamento, com todas suas variáveis.

O liberalismo político, desde os tempos de seus fundadores - Locke, Montesquieu e outros--, significa "império da lei", Estado constitucional e liberdade política. Historicamente, é o único sistema, ideologia, práxis, engenharia ou como queiramos chamá-lo, que tem passado da teoria à prática sem traições nem capitulações. Lula reforçou os elementos do liberalismo político no Brasil respeitando o Estado constitucional garantidor, a independência de poderes, particularmente dos juízes, e elevou a segurança jurídica ao nível de valor social incontestado. Muito dificilmente poderia um liberal ortodoxo fazer melhor nesta área.

Na economia, Lula tem sido um dos defensores mais vigorosos da economia de mercado. Em uma entrevista recente realizada por Juan Luis Cebrián, do "El País" (Espanha), Lula afirma haver construído um capitalismo moderno que, na sua visão, representa o passo prévio ao socialismo. Ninguém levaria muito a sério esta teoria. O correto é que Lula acertou ao prosseguir e aprofundar as políticas econômicas do seu predecessor, o "neoliberal" Fernando Henrique Cardoso, e dessa forma conseguiu acumular êxitos maiúsculos: o nível de pobreza caiu de 46% em 1990 para 26% em 2008; a dívida externa declinou para 4% do PIB; as exportações se multiplicaram em 500%.

No plano internacional, Lula tem sido tudo, menos um democrata e defensor dos direitos humanos. Em nome do socialismo, tem justificado os atropelos e abusos de regimes como os de Cuba, Venezuela ou Irã descompromissados com a sorte de seus povos. Lula tem sido um no Brasil e outro muito diferente fora do país. Essa dupla moral é incompatível com o perfil de um autêntico líder e claramente debilita seu legado histórico.

Em síntese, Lula tem sido um grande presidente para o Brasil e um falso profeta para o mundo.

Carlos Larreátegui é jornalista. El Comercio (Equador)

Tucano reafirma críticas sobre omissão da Bolívia

DEU EM O GLOBO

Petista diz que atitude não é de quem quer ser estadista. Governo boliviano vai se pronunciar

GRAMADO (RS). O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, sustentou ontem as afirmações, feitas anteontem no Rio, de que o governo boliviano é conivente com a entrada de cocaína no Brasil, já que de 80% a 90% da droga viriam do país vizinho. Ele disse que é "impossível" que o governo boliviano não saiba das remessas de drogas feitas para o Brasil.

- Não há nada para reavaliar. A maior parte da cocaína no Brasil vem da Bolívia. Vocês já ouviram falar de algum controle do governo boliviano em relação ao contrabando? Eu nunca ouvi falar - disse ontem Serra.

O ex-governador paulista afirmou ainda que reconhece a soberania da Bolívia, mas que o Brasil precisa de uma "ação diplomática decidida e pública" para estancar o tráfico de drogas via Bolívia.

A pré-candidata à Presidência da República pelo PT, Dilma Rousseff, também em Gramado, criticou as declarações do adversário. Dilma disse que a afirmação não é atitude "de quem quer ser estadista". Ela disse que não concorda com a demonização que se faz de um país como a Bolívia e que é preciso "um padrão diferente de relacionamento" na América Latina.

- Não podemos ser um país desenvolvido cercado de miseráveis. Não podemos desprezar os vizinhos e olhar com soberba para quem é diferente de nós. Essa política que leva à guerra, aos conflitos e ao desprezo por povos diferentes de nós - disse Dilma, sendo muito aplaudida.

Vice-ministro boliviano: busca de simpatia dos EUA

O ministro do Interior boliviano, Sacha Llorenti, responsável pelo controle de drogas, anunciou que a Chancelaria vai se pronunciar sobre o tema.

- O senhor Serra queria ganhar a simpatia dos Estados Unidos e, então, acusa todos de serem narcotraficantes - disse o vice-ministro do Interior, Gustavo Torrico.

O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República e um dos coordenadores da campanha de Dilma, Marco Aurélio Garcia, ironizou as declarações de Serra, afirmando que o pré-candidato "está tentando ser o exterminador do futuro da política externa".

(Clarissa Barreto, especial para O GLOBO, e Fabiana Ribeiro com agências internacionais)

Serra tem disposição e coragem para combater o tráfico de drogas, diz Jungmann

DEU NO PORTAL DO PPS

Diógenes Botelho

O candidato a presidente José Serra (PSDB) tem toda a razão de trazer o tema do tráfico de drogas para o debate político que se dá em torno das eleições de 2010. A opinião é do deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) que afirmou, nesta quinta-feira (27), que o tucano "tem disposição e coragem" para enfrentar esse problema, ao contrário do governo Lula e de sua candidata Dilma Rousseff. Talvez essa ineficiência tenha irritado tanto os petistas, que saíram a público para criticar declaração de Serra acusando o governo da Bolívia de cúmplice com a tráfico de cocaína para o Brasil.

Segundo Jungmann, Serra está certo ao apontar que cerca de 80% da cocaína que chega ao Brasil vem da Bolívia. E isso acontece, na opinião do deputado, pela deficiência no controle de nossas fronteiras; falta de estrutura da Polícia Federal para cobrir os 3.400 quilômetros da divisa entre o Brasil e o território boliviano; pela desarticulação, promovida no governo de Evo Morales, de entidades de controle do plantio da coca e de combate ao tráfco de drogas; e, também, pela deficiência de nossa diplomacia para abordar esse assunto.

"Com a chega de Morales ao poder, a Bolívia rompeu um acordo que tinha com a DEA (agência americana antidrogas) e desarticulou organismos multilaterais que faziam o controle do plantio de coca. Alegou que o acordo feria sua soberania. Nada contra esse argumento, mas o fato é que a área plantada saltou de 20 mil para 40 mil hecdtares. Há, hoje, uma explosão de apreensões no Brasil, que crescem cerca de 18% ao ano", relatou Jungmann. O problema, na opinião do parlamentar, tem que ser tratado de forma compartilhada pelos dois países. O Brasil, que não pode se eximir na qualidade de mercado consumidor, e a Bolívia, que é o principal exportador de cocaína para o Brasil.

Jungmann defende a implantação de uma política para a erradicação do plantio de coca na Bolívia. "E nesse ponto vejo um déficit de nossa diplomacia para tratar desse assunto. Temos que implantar ações compartilhadas. É preciso que o governo brasileiro firme acordos policiais com a Bolívia para combater o tráfico de drogas. Esse problema de segurança é urgente e precisamos enfrentar", apontou o deputado, que considera extremamente acertada a proposta de Serra para a criação do Ministério da Segurança Pública. "Nós, do PPS, damos todo o apoio. A União tem que se envolver nesse combate e dar à Polícia Federal condições para enfrentar o tráfico de drogas", disse o deputado, em pronunciamento da tribuna da Câmara.

A tubulação:: Miriam Leitão

DEU EM O GLOBO

Quem vê o reluzente superávit primário do setor público pode concluir que está tudo tranquilo com as contas públicas. Infelizmente, não está. O governo teve déficit primário dois meses seguidos, a melhora ocorreu pelo crescimento do PIB. Há sinais apavorantes nas contas públicas, entre elas o que o professor Rogério Werneck define como tubulação ligada entre o Tesouro e o BNDES.

Há vários sinais de preocupação.

O governo tem aumentado seus gastos acima do crescimento do PIB e isso, a médio e longo prazo, é insustentável. O Brasil já tem uma carga tributária exagerada, impostos mal distribuídos e alíquotas que se transformam em barreira ao crescimento sustentado.

Não há austeridade fiscal, nem controle de gastos. O superávit só aconteceu em abril porque a receita está subindo. A arrecadação em abril aumentou 22%.

O governo brasileiro é uma máquina de gastar e tem contornado todas as formas de controle. O regime fiscal está montado para funcionar com a receita crescendo sempre o dobro do PIB, o tempo todo. Se fosse cauteloso, o governo deveria aproveitar o excesso de arrecadação para baixar as alíquotas.

Essas alíquotas altas foram criadas numa época em que o sistema de arrecadação era mais ineficiente.

Agora, tem se tornado mais e mais eficiente. Houve uma crise na receita, mas ela foi superada, o país está crescendo.

Tudo isso levou ao resultado positivo, mas o governo afirma que está sendo austero por ter resultado positivo.

Na verdade, está aumentando os gastos de forma irreversível, aproveitando a elevação da arrecadação.

Desta forma vamos para uma carga de 40% do PIB diz o professor da PUC-Rio Rogério Werneck, especialista em contas públicas.

O que mais preocupa o economista é a tubulação ligando o Tesouro ao BNDES.

De tudo o que mais me preocupa é o BNDES. Ele tem recebido recursos de fora do orçamento, centenas de bilhões de reais de emissão de dívida pública para a concessão de crédito subsidiado. O governo descobriu essa forma e pensa que ela é mágica. Por essa tubulação podem agora passar quantos bilhões forem necessários para obras faraônicas, para financiar Belo Monte a 30 anos e 4% de juros, para fazer o trem bala. Tem dinheiro para tudo.

É uma gambiarra que na prática é emissão de dívida diz Rogério.

Esse dinheiro contorna tudo, até a contabilidade da dívida pública líquida, porque o governo registra como ativo o dinheiro emprestado ao BNDES. Assim, ele dá a impressão de austeridade.

Nada acontece com a dívida líquida, mas essa estatística não faz mais sentido de tanta gambiarra feita pelo governo. Ele está bombeando dinheiro para o BNDES e pouca gente fala disso porque o empresariado foi todo cooptado. Antes havia dinheiro para alguns, e os outros reclamavam.

Agora parece haver dinheiro para todos e ninguém quer apontar o problema diz o economista.

Essa despesa além de não ser mensurável encontra um bloqueio de informações por parte do governo.

O Estado de S. Paulo passou um mês pedindo ao Tesouro e ao BNDES informações sobre as condições dos empréstimos concedidos, e eles se negaram a fornecer detalhes. Só em abril foram R$ 80 bilhões de empréstimos, e com juros ainda mais baixos e prazos superiores a 30 anos. Em um único mês, a dívida cresceu 6,6% por causa dessa operação. A Controladoria Geral da União (CGU) também procurou saber as condições dessas operações financeiras para executar seu trabalho de fiscalização.

O BNDES alegou à CGU que não pode dar detalhes porque é uma instituição financeira e esses detalhes, se tornados públicos, representariam quebra de sigilo fiscal e bancário.

O banco recebe dinheiro de endividamento público dívida que será paga por todos nós em condições sigilosas e com esse dinheiro financia as empresas com um enorme subsídio. A CGU pede informações e o banco diz que isso quebra seu sigilo bancário. Curiosa alegação, já que o BNDES não é banco comercial e sim uma instituição pública financiada por recursos públicos.

O caso BNDES é apenas um dos problemas que os reluzentes números escondem.

Há 20 anos a carga tributária cresce no Brasil e tende a crescer nos próximos anos porque o governo Lula criou uma armadilha: ele aproveitou o aumento da receita nos anos anteriores à crise para aumentar gastos que não poderão ser comprimidos na época das vacas magras.

No ano passado, a pretexto de combater a crise, ele reduziu drasticamente o superávit primário e consumiu esses recursos em gastos de custeio. O investimento aumentou apenas de 5% para 6% da Receita Corrente Líquida. Esse aumento da máquina pode ter, em vários casos, boas justificativas como a necessidade de pessoal qualificado em áreas de atuação exclusiva do Estado, nos quais havia falta de pessoal ou a idade média é elevada. O problema é que essa renovação do pessoal teria que ter sido precedida de novas regras administrativas e previdenciárias para dar mais flexibilidade ao Estado quando a conjuntura mudar.

O Tesouro tem drenos pelos quais escorre para centros de gastos o dinheiro que é recolhido de todos os brasileiros. Por isso, o assunto nos diz respeito.

Hillary vê risco para o mundo no acordo Brasil/Irã

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que a Casa Branca tem "discordâncias muito sérias" com o Brasil em relação ao Irã, informa Andréa Murta.

Foi a maior demonstração pública de contrariedade dos EUA desde que Brasília anunciou o acordo com Teerã, na semana passada.

Para Hillary, a atuação do Brasil no caso "ajuda o Irã a ganhar tempo e evita uma posição internacional unânime", o que, diz ela, "torna o mundo mais perigoso".

Como a Folha revelou ontem, o acordo para troca de urânio seguiu roteiro sugerido pelo presidente Barack Obama em carta a Lula.
No Brasil, o premiê turco, Recep Tayyp Erdogan, que participou das negociações do acordo, chamou os críticos de"invejosos".

Hillary vê discordância séria com Brasil

Para americana, acordo entre Brasília e Teerã só ajuda o Irã a ganhar tempo e torna o mundo mais perigoso

Secretária de Estado dos EUA afirma já ter feito ao governo brasileiro alerta de que o país está sendo usado pelo Irã

Andrea Murta

WASHINGTON - Na maior exposição pública de contrariedade dos EUA com o Brasil desde o anúncio do acordo entre Brasília e Teerã no início da semana passada, a secretária de Estado dos EUA disse ontem que Washington tem "discordâncias muito sérias" com o governo brasileiro quanto à abordagem da questão.

Hillary falava em Washington sobre a nova Estratégia de Segurança Nacional da Casa Branca quando foi indagada se o Brasil passou a ser considerado pelos EUA como "parte do problema" -especialmente após a insistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em tentar evitar sanções a Teerã por seu programa nuclear.

"Certamente temos discordâncias muito sérias com a diplomacia brasileira em relação ao Irã.

Dissemos ao presidente Lula e ao ministro [Celso] Amorim [Relações Exteriores] que ajudar o Irã a ganhar tempo e evitar uma posição internacional unânime contra seu programa nuclear torna o mundo mais perigoso", respondeu.

Como a Folha revelou ontem, o acordo que Brasil e Turquia fecharam com Teerã segue roteiro traçado pelo presidente dos EUA, Barack Obama, em carta enviada a Lula em abril.

Apesar de o Brasil seguir a receita dos EUA, porém, o pacto foi esnobado por Washington. No dia seguinte à sua divulgação, a Casa Branca apresentou ao Conselho de Segurança da ONU esboço de resolução com novas sanções ao Irã, referendado pelos demais membros permanentes do órgão (Rússia, China, França e Reino Unido).

Procurada pela Folha para explicar a mudança de posição, a Casa Branca disse que não comenta correspondência diplomática.

Hillary afirmou ontem ter dito ao governo brasileiro "que o Irã está usando vocês, que achamos que é hora de ir ao Conselho de Segurança e que só depois de ação [nesse fórum] o Irã se engajará de fato" na discussão sobre seu programa nuclear.

A secretária insistiu, porém, que a discordância "de forma alguma mina o compromisso dos EUA em ter o Brasil como parceiro efetivo neste hemisfério e além"."O Brasil é parte de solução; em um grande número de temas o Brasil é um parceiro responsável e eficaz."

Ela mencionou como exemplos positivos a atuação conjunta após o terremoto no Haiti, na ação relacionada à mudança climática e na relação comercial.

Em outro momento, Hillary também elogiou o Brasil por ter carga tributária alta em relação ao PIB, o que segundo ela favorece o desenvolvimento econômico.

DOCUMENTO

O texto da Estratégia de Segurança Nacional de Obama, divulgado ontem, menciona brevemente o país, sem considerá-lo porém um "centro-chave de influência".

Essa distinção foi reservada para os outros países do grupo dos Brics -China, Índia e Rússia.

O Brasil foi citado como "país de influência crescente", ao lado de África do Sul e Indonésia.

Em outro momento, o documento diz que os EUA "apreciam a liderança do Brasil e seu esforço para ir além das antigas divisões Norte-Sul" na abordagem de temas internacionais.

Por fim, o texto diz que os EUA trabalharão com o Brasil no G20 e na Rodada Doha.

Lula desconsidera as consequências de sua diplomacia

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Denise Chrispim Marin

Ao declarar que os EUA mantêm "divergência séria" com o Brasil, Hillary Clinton alertou para os custos da insistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em se opor à aprovação de novas sanções contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU.

Divergências não chegam a ser nocivas para as relações entre duas nações sensatas, mas desta vez o Brasil passou dos limites. Os EUA já haviam dito que não desistiriam de novas sanções enquanto o Irã não parasse de enriquecer urânio.

Para Brasil e Turquia, essa condição é irrelevante e indesejável. Neste momento, incomoda a Casa Branca o desafio que Lula tomou para si: abortar a aprovação das sanções contra Teerã na ONU.

Enquanto Barack Obama busca um canal legítimo para tratar a questão, mesmo sob o risco de ver o Congresso aprovando sanções unilaterais e seu partido castigado nas eleições de novembro, a diplomacia presidencial de Lula avança com ambições de fazer história, com motivações eleitorais e desprendimento das consequências que trará ao País.

É jornalista

Canto de regresso à pátria :: Oswald de Andrade


Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo


Oswald de Andrade (1890-1954) é um dos mais significativos autores modernistas da literatura brasileira. Participou da Semana de Arte Moderna, editou o jornal "O Homem do Povo" e ajudou a fundar "O Pirralho" e a "Revista Antropofágica". É de sua autoria o Manifesto Antropófago de 1928.De sua extensa obra literária extraímos o texto acima.