sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Editoral: Passaportes antirrepublicanos

DEU NO PORTAL DO PPS

Já não é nenhuma novidade a mistura de assuntos públicos e privados que marcaram a era Lula, principalmente no tocante a seus dois filhos, Luiz Cláudio, o Lulinha, e Marcos Cláudio. Não é por ser costumeira, no entanto, que a prática deve deixar de escandalizar aqueles que prezam pelos valores republicanos e pela ética e correção no trato da coisa pública.

Antes que envelhecessem as notícias dando conta de que os dois irmãos – que têm por sócia a empresa de telefonia Oi – são donos de seis empresas de fachada, o jornal Folha de São Paulo revela que o Itamaraty concedeu passaportes diplomáticos a ambos dos filhos do ex-presidente.

Pior: como dependentes de autoridades só podem obter o documento até os 21 anos, e ambos já ultrapassaram essa idade, o Itamaraty refugiou-se em incabíveis justificativas de “caráter excepcional” e “em função dos interesses do país”para emitir os passaportes. Fez isso no penúltimo dia de governo.

Um órgão da República arranja um meio de cumprir os caprichos do presidente, que pediu os passaportes, e deixa o país na posição de último a saber.

Sobrou a pergunta que não quer calar: Quais interesses do país estão por trás da emissão indevida de passaportes diplomáticos para os filhos de Lula? Essa questão não está respondida na justificativa – ou melhor na falta dela – da concessão.

Pode-se até especular qual ligação esse episódio teria com a cidadania italiana que a ex-primeira-dama Marisa Letícia pediu e conseguiu. Estariam os filhos de Lula – ou a família – interessados numa vida no exterior e, para garantir tratamento diferenciado como tem direito o pai, pediram os passaportes diplomáticos?

Terminaram seus dois mandatos e Lula saiu do governo sem noção de respeito aos princípios republicanos. Deixou no rastro de sua passagem o a privatização do Estado brasileiro para alcançar fins partidários ou próprios. O caso dos passaportes é mais uma vergonha no rol de seus delírios absolutista.

Interesse nacional não seria uma investigação sobre os negócios de Lulinha e sua nebulosa relação com a fusão da Oi com a Brasil Telecom?

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