quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Italianos se reúnem em várias cidades para protestar contra decisão de Lula

DEU EM O GLOBO

Em Roma, manifestantes escrevem a palavra "vergonha" na bandeira brasileira

Deborah Berlinck

PARIS. Manifestações contra a decisão do ex-presidente Lula de não extraditar Cesare Battisti aconteceram ontem por toda a Itália, em cidades como Roma, Milão, Florença, Veneza, Bolonha, Nápoles e Palermo. Tanto partidos de direita quanto os de esquerda participaram dos protestos, mas em horários diferentes. Filhos e parentes das vítimas de Battisti também participaram, sobretudo em Roma e Milão.

Em Roma, cerca de 300 pessoas, entre elas militantes dos partidos Povo da Liberdade (PDL), União dos Democratas-Cristãos, Democratas de Centro (UDC) e do Movimento pela Itália, manifestaram-se na Praça Navona, em frente à embaixada do Brasil. Viam-se slogans do tipo "Battisti e Lula, o assassino e seu cúmplice", ou "Lula matou-os (as vítimas de Battisti) uma segunda vez". Uma bandeira brasileira foi pichada com a palavra "vergonha" em italiano.

- Estamos aqui porque o governo fará tudo o que puder para conseguir a extradição de Cesare Battisti, que é um criminoso - disse Daniela Santanchè, deputada do PDL, partido fundado por Silvio Berlusconi no fim de 2007.

Na praça, houve protestos também contra Carla Bruni, mulher do presidente francês Nicolas Sarkozy que, segundo a associação Domus Civitas, teria pedido pessoalmente a Lula que não extraditasse Battisti.

- Se Carla Bruni fez isso, é uma vergonha - reagiu a deputada Daniela Santanchè.

Já a UDC - outro partido da coalizão do governo - anunciou ter apresentado uma moção ao Parlamento pedindo empenho do governo italiano na batalha pela extradição de Battisti. A moção diz que a decisão brasileira "golpeou e ofendeu a consciência do povo italiano" e foi motivada por "argumentos superficiais, infundados no mérito e contrários ao tratado de extradição entre os dois países". O Italia dei Valori (IDV), de centro-esquerda, também vai apresentar outra moção pela extradição. Partidos de oposição, como os socialistas e o Partido Democrata (PD), também participaram das manifestações.

Em Milão, a Liga Norte, de centro-direita, partido autonomista e federalista que prega a secessão do Norte da Itália, organizou um protesto na frente do consulado do Brasil, com cerca de cem manifestantes, que pregaram o boicote a produtos brasileiros vendidos na Itália. Manifestantes em Turim carregavam uma faixa em que se lia: "Brasil, cúmplice de terroristas".

Em Brasília, a assessoria de imprensa do Itamaraty informou que a instituição não vai se manifestar formalmente sobre a reação da Itália ao tratamento dado a Battisti no Brasil. A embaixada do Brasil em Roma informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o embaixador José Viegas também não faria comentários sobre o tema.

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