domingo, 27 de fevereiro de 2011

Na era pós-Brizola, PDT vive crise de identidade

Pedetistas históricos reclamam da postura de Lupi no comando do partido; para deputado, legenda está morta

Cássio Bruno

Partido criado por Leonel Brizola e de origem da presidente Dilma Rousseff, o PDT atravessa uma de suas piores crises desde a fundação, em 1979. O desgaste entre o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, e o governo, antes da votação do novo valor do salário mínimo, foi o estopim para filiados históricos mostrarem insatisfação com a atual condução da sigla, comandada por Lupi, presidente licenciado do diretório nacional e ex-homem de confiança de Brizola.

O ex-governador do Rio Grande do Sul Alceu Collares é um dos descontentes. Para ele, o partido pôs em risco a permanência no governo. Apesar de não atacar Lupi, que defendeu um aumento maior do que os R$545 propostos por Dilma, Collares admite o enfraquecimento do PDT, a partir da morte de Brizola, em 2004.

- O partido precisa rever as suas posições ou deve se afastar do governo - disse Alceu Collares.

Isolados politicamente, alguns pedetistas, entre eles o ex-deputado federal Vivaldo Barbosa, ameaçam abandonar a legenda. Segundo ele, a sigla se distanciou do trabalhismo e do nacionalismo.

- Falta orientação pragmática, com alianças coerentes - diz Barbosa, que criou o Movimento de Resistência Leonel Brizola para resgatar os princípios do PDT estabelecidos na fundação.

O deputado estadual Paulo Ramos, do Rio, vai além:

- O PDT virou um partido de aluguel, um partido nanico, morto, distante das causas trabalhistas. O Brizola deve estar se revolvendo no túmulo. Deve estar agoniado.

Deputado federal por São Paulo e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva ataca o fisiologismo de aliados:

- O partido tem um programa histórico, desde Getulio Vargas. Temos compromissos com os trabalhadores. Se isso incomoda gente no PT, nós sentimos muito. Se a Dilma tiver dificuldades no governo, nos próximos quatro anos, que eu acredito que venha a ter, ela verá quem está realmente ao lado dela. Não vamos mudar por causa de um carguinho aqui e outro ali.

FONTE: O GLOBO

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