terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

No compasso de Serra:: Fernando de Barros e Silva

"Já disse e repito: não vou disputar eleição em 2012. Quem está trabalhando com essa hipótese está perdendo tempo." A frase de José Serra, em entrevista ao jornal "O Globo" de ontem, é suficientemente enfática para merecer registro. O tucano diz que não vai concorrer à sucessão de Gilberto Kassab -ponto final.

Apesar do tom taxativo, sabemos que as coisas em política não funcionam assim. Não, pelo menos, com tanta antecedência. E muito menos com ele, Serra.

Tomando o que diz ao pé da letra, Geraldo Alckmin estaria perdendo tempo. Fernando Henrique também. Ambos sustentam internamente que Serra deve ser candidato. Ao governador interessaria muito esvaziar o protagonismo de Kassab, seu desafeto, na sucessão.

A Alckmin, mas sobretudo a Aécio Neves, interessaria demais ver Serra amarrado à cadeira municipal, fora das disputas de 2014.

O tucano não teria condições políticas de repetir o gesto de 2006, quando largou a prefeitura com pouco mais de um ano de mandato para concorrer ao governo (depois de ter assumido que não o faria).

A candidatura Serra em 2012 parece resolver o problema de muita gente, menos o dele. O tucano está diante do seguinte dilema: amargar o ostracismo político até 2014, sem nenhuma garantia, ou arriscar a prefeitura e entrar de novo na contramão do calendário eleitoral? Não é uma decisão simples.

Existe ainda, é claro, a chance de perder a disputa municipal para o PT -seria o cenário-catástrofe. Sem Serra, o tucano-kassabismo tem uma dúzia de candidatos -portanto nenhum. O próprio PT, como informou o "Painel" no domingo, quer esperar o desfecho da novela Serra para definir sua candidatura.

Guardadas as proporções, repete-se em 2011 a situação de 2009, quando a oposição ficou aguardando Serra definir se era ou não candidato à Presidência. A pergunta hoje é: até quando os tucanos podem ficar em compasso de espera?

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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