quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

No Congresso, oposição critica corte; para aliados, foi contingenciamento

A HORA DO ARROCHO

"É o tamanho da irresponsabilidade praticada na eleição", afirma ACM Neto
Isabel Braga, Cristiane Jungblut e Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. O pacote de enxugamento de gastos e o corte de R$50 bilhões no Orçamento da União deste ano, anunciados ontem pelo governo, provocaram reações diversas no Congresso. Para a oposição, o corte ocorre para conter a gastança desenfreada do governo Lula no ano eleitoral. Os governistas prefeririam chamar de contingenciamento e reforçar a esperança de que parte dos recursos seja liberada ao longo deste ano.

- É o tamanho da irresponsabilidade praticada na eleição. Houve uma gastança desmedida. Estamos diante de uma responsabilidade solidária, porque é um governo de continuidade. Agora, ela (Dilma) tem que puxar o Orçamento para a realidade - atacou ACM Neto.

Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o anúncio de ontem mostra que o Brasil da expansão econômica absoluta vendido por Dilma em sua campanha eleitoral não era real:

- Esse corte desmente o discurso do PT na campanha e reforça o que já havíamos denunciado: o governo passado vinha gastando de forma descontrolada. Foi isso que construiu esse desfecho. Um corte como esse, inevitavelmente, deve comprometer investimentos importantes para garantir a continuidade do crescimento do país.

"Para a carreira de Estado, nada"

O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), condenou o fato de o governo não mexer nos 22 mil cargos de confiança, mas suspender a nomeação de cerca de 40 mil aprovados em concursos públicos para a administração federal:

- Mais uma vez, o governo do PT adota a seguinte prática: para a companheirada, tudo; para o servidor público, para a carreira de Estado, nada.

O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra, criticou a decisão de cortar o Orçamento votado pelos parlamentares:

- Agir sobre as decisões do Congresso, por mais imperfeitas que sejam, é mau sinal. Já que tem maioria ampla, por que não discutir? Lula demorou um bom tempo para usar o rolo compressor. Ela (Dilma) está usando o rolo na véspera do governo.

Pelo menos no discurso, líderes dos partidos da base defenderam o corte de R$50 bilhões, inclusive nas emendas individuais. Para alguns, trata-se de contingenciamento, e não um corte definitivo.

- Contingenciamento não é corte. É responsabilidade com o país - insistiu o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).

O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira, frisou que o governo priorizou o equilíbrio fiscal e disse que a receita no Orçamento aprovado pelo Congresso estava superestimada:

- Houve um olhar para o equilíbrio fiscal - disse.

Mais realista, o deputado Luciano de Castro (PR-RR) admite que a medida, às vésperas de votações importantes na Casa, como o aumento do salário mínimo, é ruim:

- Dificulta a negociação dos líderes com a bancada, mas, pelo menos, não é um corte linear. É contingenciamento e gera a expectativa de que poderá, um dia, ser liberado.

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) afirmou que os cortes no Orçamento reforçam o compromisso do governo Dilma com o equilíbrio fiscal:

- O governo entendeu que encarar a questão dos gastos públicos seria uma alternativa melhor que outras medidas que poderiam onerar ainda mais o cidadão, como optar apenas pelo aumento da taxa de juros.

FONTE: O GLOBO

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