terça-feira, 22 de março de 2011

Agripino chama grupo de Kassab de oportunista

Comando do partido prepara intervenção no DEM de São Paulo; prefeito lança o PSD, seu novo partido

Cristiane Jungblut e Silvia Amorim

BRASÍLIA e SÃO PAULO Com a saída do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do DEM, o comando nacional do partido vai fazer uma intervenção no diretório municipal do partido na capital paulista. Segundo o senador José Agripino Maia (RN), novo presidente nacional da sigla, a intervenção será feita pela novo comando regional, que será oficializado quinta-feira, em reunião da Executiva Nacional. O senador disse que as desistências foram menores do que apregoava o grupo do prefeito, chamado por ele de oportunista:

- O que posso perceber é que é um agrupamento de pessoas que não têm afinidade, ideologias coincidentes e que vão se agrupando no partido por mero oportunismo ou por incômodos regionais.

No início da noite de ontem, Kassab enviou ao DEM uma carta se desligando do comando nacional, mas não havia encaminhado ainda sua carta de desfiliação. Agripino disse esperar que Kassab apresente o documento até quinta-feira.

Por enquanto, o DEM contabilizou a permanência de quatro dos seis deputados federais em São Paulo. Aposta ainda que cerca de 60 dos 76 prefeitos paulistas permanecerão:

- A saída de Kassab é um problema, mas nada que atrapalhe os planos futuros do DEM. Claro que é ruim a saída de qualquer quadro. Mas é letal? Longe disso. Até porque a maioria continua no DEM.

No lançamento do manifesto de seu novo partido, ontem, em São Paulo, Kassab disse que uma das missões do Partido Social Democrata (PSD) será ajudar a presidente Dilma Rousseff a ser uma "grande presidente". Kassab criticou o DEM e negou que a nova legenda se juntará à base governista. Segundo ele, o PSD nasce independente:

- Temos o compromisso com o Brasil. Temos o compromisso de ajudar o governo brasileiro a desempenhar bem as suas funções. Temos, a nível nacional, um partido independente, o que significa apoiar as ações identificadas com o nosso futuro programa, significa nos colocar à disposição da presidente Dilma Rousseff para ajudá-la a ser uma grande presidente - afirmou o prefeito, em ato na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Aprovação da gestão de Kassab cai em pesquisa

Kassab estava no DEM desde 1995. A previsão é que a documentação referente à fundação do PSD seja entregue à Justiça Eleitoral em agosto. Até lá, serão costuradas adesões ao novo partido em nove estados (Goiás, Tocantins, Roraima, MInas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Amazonas e Acre), elaborados o programa partidário e o estatuto e angariadas assinaturas de cerca de 500 mil eleitores. O apoio de 0,5% do eleitorado é uma das exigências legais para a criação de um partido no Brasil.

O lançamento do manifesto do PSD ocorreu no mesmo dia em que foi publicada pesquisa Datafolha, que registrou a pior avaliação de Kassab à frente da prefeitura. Em quatro meses, a aprovação dele caiu de 37% para 29%. Os que consideram sua administração ruim ou péssima aumentaram de 31% para 43%, e só 29% consideram seu governo ótimo ou bom.

Kassab criticou o DEM:

- Me sinto desconfortável em um partido que quer votar sempre contra, porque é contra. Acima dos partidos existem os interesses do país. Não é possível que sejamos contra um projeto apenas porque somos oposição. Essa foi a minha principal discordância do DEM.

Ontem foram divulgadas as diretrizes do programa do PSD, chamadas de 12 mandamentos por um dos fundadores do partido, o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. O conteúdo, de inspiração liberal e desenvolvimentista, lembra o discurso de criação do DEM. Afif admitiu a semelhança, mas resumiu numa frase o que considera ser a maior diferença entre DEM e PSD:

- O que muda é a prática - explicou.

No evento foram anunciadas 13 adesões ao partido de Kassab, entre deputados estaduais, federais, prefeitos e secretários da gestão de Kassab na prefeitura paulistana.

FONTE: O GLOBO

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