sábado, 26 de março de 2011

Jirau: obras só voltam após reparo nas instalações

Fiscais do trabalho exigem que áreas destruídas sejam recompostas para retomada integral do projeto

Cássia Almeida, Isabel Braga e Flávio Freire*

RIO, BRASÍLIA E MANAUS. Auditores fiscais do trabalho estiveram ontem no canteiro de obras da Usina de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, e autorizaram 4.200 operários - 1.200 alojados na margem esquerda da obra, mil em Mutum-Parará, 500 em Jaci-Paraná e 1.500 em Porto Velho - a retomarem as atividades. Eles vão começar pela reconstrução das áreas de lazer, destruídas em protestos, na semana passada, por melhores condições de trabalho. Só assim será possível reiniciar a construção da hidrelétrica, informou Juscelino José dos Santos, chefe do Setor de Segurança e Saúde da Superintendência Regional do Trabalho.

- Somente com essas áreas de vivência prontas a obra poderá ser retomada. A empresa ficou de entregar um cronograma desses trabalhos na segunda-feira.

Também estão sendo negociados um adiantamento salarial aos operários, já que muitos perderam roupas e objetos pessoais durante a rebelião, e como essas perdas dos empregados serão ressarcidas.

- Os alojamentos da margem esquerda estão em boas condições, dentro dos padrões previstos e com capacidade para os cinco mil operários que estão agora disponíveis para a obra.

Acordo nacional será discutido no Planalto

Em Brasília, centrais sindicais trabalham para criar uma espécie de acordo coletivo para balizar as relações entre empregados e empresas que atuam em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A possibilidade de fixar regras para evitar paralisações será discutida em um encontro marcado para a próxima terça-feira no Palácio do Planalto, que terá a participação de representantes de consórcios, do governo, de operários e do Ministério Público.

Presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) disse que o acordo poderá garantir melhores condições aos trabalhadores e evitar incidentes como as rebeliões nos canteiros de obras das usinas de Jirau e Santo Antônio, também em Rondônia.

- A Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) estão trabalhando para criar uma espécie de acordo coletivo nacional para os empregados das obras do PAC. Não é usual, mas vamos ter de fazer. Em Jirau, por exemplo, há um negócio absurdo. Construíram bares no canteiro de obras, o trabalhador consome produtos com preços acima do mercado e o desconto é feito em folha. Quando o operário vai receber, está devendo - disse Paulinho.

Segundo o parlamentar, o acordo coletivo poderá incluir uma padronização salarial. Ele afirmou que cinco ou seis empresas atuam em cada obra e, em vários casos, os salários pagos para uma mesma função são muito diferentes, o que causa problemas. Paulinho contou que conversou anteontem com o secretaria-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, sobre as greves de trabalhadores em obras do PAC:

- Carvalho disse que a ordem da presidente Dilma Rouseff é para tentarmos nos acertar. Para o governo, o acordo é interessante. Mais de um milhão de pessoas trabalharão nas obras do PAC. O governo não quer que os trabalhadores sejam maltratados nem a interrupção das obras.

Raoni batiza James Cameron com nome indígena

Engajado opositor da construção da Usina de Belo Monte, no Pará, o diretor de cinema canadense James Cameron almoçou ontem, em Manaus, com o cacique Raoni, líder dos índios caiapós, que o batizou de Krapremp-ti ("amigo da floresta"). Lisonjeado, ele disse que um personagem da continuação do filme "Avatar" terá esse nome. Dizendo ter uma espécie de mandato dos caiapós para lutar contra Belo Monte, Cameron participou do Fórum Mundial de Sustentabilidade, que termina hoje na capital amazonense.

(*) Flávio Freire viajou a Manaus a convite da organização do Fórum Mundial de Sustentabilidade

FONTE: O GLOBO

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