quinta-feira, 10 de março de 2011

Tucanos tentam "acordão"

PSDB busca uma solução para a disputa interna pelo comando nacional da legenda

Alessandra Mello

Envolto em disputas internas, agravadas por mais uma derrota na disputa presidencial, o PSDB busca uma solução para pacificar a legenda, hoje dividida entre os apoiadores do ex-governador José Serra, do senador Aécio Neves e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, potenciais candidatos à sucessão em 2014. Uma solução que vem sendo discutida na legenda e já conta com a simpatia de muitos tucanos do primeiro escalão é a criação de um conselho colegiado para dirigir o partido e a garantia pelo novo comando do estabelecimento de mecanismo mais democráticos para a escolha do próximo candidato ao Palácio do Planalto.

Essa fórmula agradaria Serra e também os apoiadores de Aécio e Alckmin, atualmente alinhados para tentar barrar a chegada do grupo do ex-governador de São Paulo ao comando nacional do PSDB. O partido realiza, em maio, as eleições para a renovação da Executiva Nacional. O atual presidente, deputado federal Sérgio Guerra (PSDB-PE), aliado de Aécio, é cotado para permanecer no cargo. Guerra conta com o apoio também de Alckmin, cujas relações com Serra estão cada vez mais estremecidas. Recém-empossado governador, Alckmin tem revisto projetos de Serra e ensaiado algumas críticas, ainda que sutis, à sua administração. Além disso, a divulgação recente de documentos do WikiLeaks, com críticas a Alckmin, feitas durante a campanha presidencial de 2006 por tucanos da ala serrista, agravou mais ainda o atual quadro de discórdia dentro da legenda.

Dirigentes tucanos confirmam a existência de conversas em torno da criação do que tem sido chamado de “conselhão”, mas avaliam que ele não será suficiente para evitar, nesse momento, a disputa pelo comando da legenda. Esse conselhão seria, segundo um dos ouvidos pelo Correio, uma forma de compensação para quem for derrotado na eleição para a Presidência da legenda.
Quem conquistar a direção nacional tem mais poderes para articular uma candidatura presidencial em 2014. Por isso, mesmo os defensores dessa solução não acreditam que ela será suficiente para selar a paz na legenda, mas pelo menos pode ajudar a acalmar, ainda que temporariamente, os ânimos tucanos.

Sucessão

Hoje o mais cotado para presidir o PSDB continua sendo Guerra, que, além de Aécio e Alckmin, conta também com o apoio da maioria da bancada do PSDB na Câmara dos Deputados. No entanto, o grupo de Serra articula para impedir a reeleição de Guerra. O nome do ex-governador chegou a ser ventilado, apesar das negativas de Serra, para o posto de Guerra. Embora não tenha muito apoio dentro da legenda para presidir o partido, lideranças tucanas não querem atrito com o ex-governador de São Paulo, um líder importante e o principal representante hoje da oposição ao governo Dilma. O “conselhão” seria uma solução para não deixar Serra de escanteio, caso ele seja mesmo derrotado na disputa pela direção nacional do PSDB.

A maneira como o próximo candidato à sucessão de Dilma Rousseff vai ser escolhido também faz parte das conversas que vêm sendo travadas pela direção da legenda. Ela é uma das exigências, principalmente dos aliados de Aécio, que tentou de todas as maneiras na eleição passada obrigar o partido a adotar esse sistema para definir o nome do candidato à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva. “Independentemente de quem ganhar a eleição para o comando do partido é certo que as discussões sobre a escolha do próximo candidato terão obrigatoriamente de ser feitas de maneira mais democrática e com a participação mais ampla dos nossos filiados”, afirma uma das lideranças tucanas.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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