sexta-feira, 25 de março de 2011

Uma data especial::Roberto Freire

E nem puderam cantar muito alto a Internacional.
Naquela casa de Niterói em 1922.


Nesta sexta-feira, 25, comemora-se uma importante data de nossa história política: o aniversário de fundação do Partido Comunista Brasileiro – o famoso Partidão. Um dos mais atuantes e longevo partido de nosso país.

Mas cantaram e fundaram o partido.

Fruto do surgimento do modo de produção capitalista em meados do século XIX, na Europa, e da nova classe que lhe dava materialidade, o proletariado, o Partido Comunista surgiu como resultado da crítica teórica e do engajamento nas lutas dos trabalhadores encabeçado por Marx e Engels. Funda-se como a vanguarda de uma classe que prometia a extinção da exploração do trabalho e dos privilégios da burguesia.
Eles eram apenas nove, o jornalista Atrogildo, o contador Cordeiro, o gráfico Pimenta, o sapateiro José Elias, o vassoureiro Luís Peres, os alfaiates Cendon e Barbosa, o ferroviário Hermogênio.

E ainda o barbeiro Nequete, que citava Lênin a três por dois.

No Brasil, país que por mais de 300 anos teve como mão-de-obra fundamental os escravos, o partido é fundado no início da segunda década do século XX, fruto da modernização de nossa economia e da formação da classe trabalhadora. Posto na ilegalidade seis meses depois de sua fundação, atuou na clandestinidade, realidade que marcou a maior parte de sua existência.

Em todo o país eles eram mais de setenta.
Sabiam pouco de marxismo, mas tinham sede de justiça e estavam dispostos a lutar por ela.

O partido, a despeito da ferrenha perseguição que sofreu, foi o primeiro partido efetivamente nacional, com um programa fundado em uma crítica do sistema vigente. O primeiro a colocar a reforma agrária como condição básica do desenvolvimento nacional. Atuou firmemente no combate às desigualdades regionais, raciais e de gênero. Articulou a cidadania para a ampliação dos direitos democráticos, sendo um dos primeiros partidos a cerrar fileiras pela entrada do país na guerra contra o nazi-fascismo. Sem falar que os mais importantes intelectuais e artistas e as mais destacadas lideranças políticas do país foram seus militantes em alguma fase de suas vidas.

O mundo mudou, o chamado “socialismo real”, a experiência concreta dos partidos comunistas colapsou, a classe operária transformou-se profundamente, a economia mundial, por conta da globalização, conhece novos e inéditos condicionamentos.

Vivemos hoje, uma nova realidade política que se construiu com a participação dos comunistas do PCB – que durante a última ditadura, ajudou a fomentar e estruturar uma ampla frente democrática que logrou derrotá-la – e, por meio da nova constituição, uma efetiva democratização de nossa sociedade. Essa conquista, que todos hoje vivem em seu cotidiano como um fato corriqueiro, foi fruto de uma luta longa e árdua, que o sacrifício de inúmeros heróis anônimos tornou possível.

Não por outro motivo lembramos aqui e agora, sobretudo para as novas gerações, uma data e um partido que faz parte da nossa historia e que marcou o século XX tão fundo como nos diz o poeta:

Quem contar a história de nosso povo e seus heróis tem que falar dele.
Ou estará mentindo*.

*Poema o Partidão de Ferreira Gullar

Roberto Freire, deputado federal e Presidente do PPS

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

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