segunda-feira, 25 de abril de 2011

Alckmin: “Temos de investir em todas as classes sociais”


Entrevista - Geraldo Alckmin Governador de São Paulo pelo PSDB

Derrotado pela terceira vez consecutiva na corrida pela Presidência, o PSDB vive uma crise interna. O partido tateia em busca de um discurso para encarar a popularidade do governo petista.

Governador de São Paulo, o Estado mais rico do país, o tucano Geraldo Alckmin aproveitou a convivência de três dias na Ilha de Comandatuba, na Bahia, com alguns dos principais expoentes da iniciativa privada para fortalecer sua aspiração de se transformar em porta-voz da oposição. Em Comandatuba, Alckmin conversou com ZH. A seguir, a síntese:

ZH – Como o senhor avalia o atual momento do PSDB?

Geraldo Alckmin – O partido saiu bem das eleições do ano passado. José Serra foi para o segundo turno e elegemos oito governadores. Não é fácil ser oposição no Brasil, mas é necessário. Temos de perseverar e fazer um bom trabalho onde somos governo. Onde somos oposicionistas, temos de fazer uma oposição séria e responsável.

ZH – Polêmicas recentes demonstram que o partido ficou atordoado depois da derrota de Serra. O senhor reconhece que há uma crise no PSDB?

Alckmin – Isso é normal no processo democrático. Quando ganha tem de ter humildade e, quando perde, tem de ter altivez.

ZH – O senhor concorda com Fernando Henrique, que defende que o PSDB não deve se preocupar em atrair o povão, mas sim as novas classes médias?

Alckmin – Temos de investir em todas as classes sociais. O importante é ter um projeto para o Brasil. Vivemos em um mundo de grande competitividade e precisamos buscar eficiência. O país não pode postergar algumas reformas necessárias, como a política.

ZH – Seu governo anunciou pesados investimentos para as classes C e D, com ampliação de programas de transferência de renda. É uma tentativa de quebrar o domínio do PT nessas faixas?

Alckmin – Vencemos a eleição para o governo de São Paulo pela quinta vez consecutiva. É evidente que somos eleitos com os votos de todas as classes sociais, especialmente dos eleitores mais pobres. Os grandes investimentos do Estado são para a população que mais necessita.

ZH – O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, diz que o DEM e a oposição perderam o discurso e só sabem falar em CPMF. O senhor concorda?

Alckmin – Não vou fazer comentários sobre outro partido.

ZH – O que o partido fará para evitar que as divergências de 2006 e 2010 se repitam na escolha do candidato à Presidência em 2014?

Alckmin – Todo partido grande tem vários líderes. É natural em uma eleição fazer a disputa dentro do partido para depois fazer fora. O PSDB não perdeu a eleição por causa disso. Perdemos em 2006 porque o país tem um sistema que beneficia muito quem disputa a reeleição. Já no ano passado, tivemos um momento econômico excepcional. Não há nenhum problema em ter dois ou três líderes fortes. O que poderia ser aprimorado é ampliação da consulta interna. Em vez de apenas a convenção nacional escolher o candidato, poderia tornar mais abrangente esse processo.

ZH – Em 2014, será a vez de quem: Alckmin, Aécio Neves ou Serra?

Alckmin – Será a vez do PSDB. É importante ter quadros preparados para essa responsabilidade. Mas não se escolhe candidato com três anos de antecedência. O governo atual mal começou.

ZH – O novo partido de Gilberto Kassab, o PSD, virou uma ameaça para o PSDB?

Alckmin – Não vejo nenhum problema. Faz parte da liberdade política abrir partidos.

FONTE: ZERO HORA (RS)

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