sexta-feira, 29 de abril de 2011

BC indica que ciclo de alta do juro será mais longo

A ata da última reunião do Copom indica que o ciclo de alta da taxa básica de juros deverá durar mais do que se previa inicialmente. Essa é a interpretação majoritária dos analistas econômicos após a elevação da Selic em 0,25 ponto, para 12% ao ano. A avaliação é de que o documento devolveu à Selic o protagonismo no combate à inflação e ainda serviu para a BC mandar um recado ao governo: é preciso moderar os subsídios ao crédito.

BC indica continuidade da alta do juro

Para analistas, ata do Copom revela que o ciclo de alta da Selic vai se prolongar; BC recomenda moderação nos créditos públicos subsidiados

Fabio Graner

Para pôr a inflação de volta na meta em 2012, o ciclo de alta da taxa básica de juros (Selic) deverá durar mais do que se previa inicialmente. Pelo menos, foi essa a interpretação majoritária dos analistas econômicos sobre a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Selic em 0,25 ponto porcentual, para 12% ao ano.

A avaliação foi de que o documento devolveu à Selic o protagonismo no combate à inflação e ainda serviu para o BC mandar um recado ao governo: é preciso moderar os subsídios ao crédito, como os praticados pelos bancos públicos.

"O Copom entende, de forma unânime que, diante das incertezas quanto ao grau de persistência das pressões inflacionárias recentes, e da complexidade que envolve hoje o ambiente internacional, o ajuste total da taxa básica de juros deve ser, a partir desta reunião, suficientemente prolongado", afirmou a diretoria do BC. Foi a senha para analistas preverem pelo menos mais duas altas de 0,25 ponto, embora já haja previsões de até mais cinco elevações, sempre no ritmo estabelecido da semana passada.

O documento não se alongou em explicar a divisão do comitê na decisão (cinco diretores votaram em alta de 0,25 ponto e dois por 0,50 ponto). Apenas informou que o grupo majoritário defendeu um ajuste menos agressivo, levando em conta o esforço já feito de combate à inflação, que ainda levará algum tempo para impactar a economia, enquanto a ala derrotada entendia que o "balanço de riscos" para a inflação exigia um aperto maior.

De maneira geral, a ata expôs um BC em situação bem desconfortável com a inflação. As projeções para a alta dos preços, tanto para este ano como para 2012, pioraram nos dois cenários tradicionais (de referência, com juros e câmbio constantes, e de mercado, que levam em conta as projeções para essas duas variáveis), ficando acima de 4,5%. O cenário alternativo (que considera o cenário de mercado para juros, mas câmbio constante) projeta o IPCA "em torno" do centro da meta em 2012.

O Copom reconheceu que a atividade econômica está em moderação, embora siga com perspectivas "favoráveis". Apesar de prever moderação no ritmo do crédito, o BC cobrou do governo uma ajuda extra.

Para o ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas, o Copom voltou a dar sinais mais transparentes sobre o que pretende fazer para levar a inflação à meta. A avaliação dele é de que a Selic voltou a ser a "bala de prata".

O economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, avaliou que "a novidade é o reconhecimento da importância do ajuste da política monetária no curto prazo via aumento da Selic para atingir a meta central no próximo ano, e não propriamente o uso apenas das medidas macroprudenciais, com restrições nas área de crédito e compulsório, como os últimos discursos e comunicados pareciam apontar".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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