quarta-feira, 20 de abril de 2011

Como FHC, Lula quer atrair nova classe média

Petista defende que sigla faça alianças à direita para crescer no Estado em 2012

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que o PT abra o leque de alianças em São Paulo para conquistar o voto mais conservador da chamada nova classe média e dos “órfãos do malufismo e do quercismo”.

Em texto na semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu que o PSDB desista do “povão”, que já aderiu ao lulismo, e aposte na classe C, refratária ao petismo.

Para “quebrar resistências” à sigla nesses redutos, o PT deve fazer alianças à direita e compor chapas com nomes conservadores no Estado, afirmou Lula ontem, em reunião fechada com dirigentes do partido.

“É importante escolher bons vices, que dialoguem com setores com os quais nós não conseguimos dialogar”, disse o presidente do PT-SP, deputado estadual Edinho Silva.

Lula quer atrair malufistas e nova classe média em SP

Ex-presidente defende alianças à direita e mira "órfãos" de ex-adversário

Petista cobiça mesmo alvo definido por FHC e cita seu convite a José Alencar como exemplo a ser seguido em 2012

Bernardo Mello Franco

SÃO PAULO - O ex-presidente Lula quer forçar o PT a abrir o leque de alianças em São Paulo para avançar sobre a chamada nova classe média e os "órfãos do malufismo e do quercismo" nas eleições de 2012.

Em reunião fechada com petistas, ele prometeu ontem subir no palanque de candidatos a prefeito, mas afirmou que o partido precisa fazer concessões para minar a hegemonia do PSDB no Estado.

Lula orientou a legenda a concentrar esforços nas áreas onde houve maior ascensão social em seu governo, como a periferia da capital e a região metropolitana.

Ele defendeu que o PT busque alianças à direita, com políticos de perfil conservador, para "quebrar resistências" à sigla nesses redutos. Citou seu convite ao empresário José Alencar, em 2002, como exemplo a ser seguido.

"É importante escolher bons vices, que dialoguem com setores com os quais nós tradicionalmente não conseguimos dialogar", resumiu o presidente estadual do PT, Edinho Silva.

"Ele [Lula] deu o exemplo do Alencar. O ideal é que todo mundo tivesse um vice como o Alencar, que na disputa de 2002 conseguiu ampliar e quebrar resistências."

A classe emergente cobiçada por Lula é a mesma que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso definiu como alvo da oposição em artigo recente. Lula criticou FHC e o acusou de elitismo por dizer que os tucanos não devem disputar o "povão".

O petista também aposta em novas alianças para disputar o espólio eleitoral de dois rivais históricos: o deputado Paulo Maluf (PP-SP), que perdeu força política, e o ex-governador Orestes Quércia (PMDB), morto em 2010.

"O PT tem que ampliar a política de alianças para acenar para esses setores mais conservadores, como os órfãos do malufismo e do quercismo", disse Edinho Silva.

Num sinal da nova ordem, o presidente do PT paulista deixou a reunião fazendo elogios ao prefeito da capital, Gilberto Kassab, que deixou o DEM para fundar o PSD.

"O movimento do Kassab tem que ser aplaudido por nós. No momento em que ele vem para a base de apoio da Dilma, nós não podemos ser contra. Temos de elogiar."

DIRCEU NA ATIVA

O ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), que arquitetou a aliança com o PR (então PL) na vitória de 2002, participou do encontro e se ofereceu para negociar nos municípios.

A maioria dos petistas se manifestou contra a ideia de marcar prévias para definir o candidato na capital. A senadora Marta Suplicy e os ministros Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) e Fernando Haddad (Educação) são os mais cotados à vaga.

Lula reuniu 32 prefeitos em Osasco, uma das principais cidades administradas pelo PT em São Paulo. Alguns convidados foram de carro oficial, como o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e o deputado estadual Simão Pedro.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Nenhum comentário:

Postar um comentário