sábado, 16 de abril de 2011

Dilma dá aval ao BC para inflação além de 4,5%

Clóvis Rossi
Enviado especial a Boao (China)

A presidente Dilma Rousseff deu ontem o que pode ser lido como um aval indireto à controvertida política do Banco Central de aceitar uma inflação acima do centro da meta de 4,5% para evitar uma desaceleração excessiva do crescimento.

No Fórum de Boao para a Ásia, considerado "Davos" da Ásia, Dilma reafirmou que são fundamentais "o controle da inflação e a estabilidade fiscal", para depois deixar claro que ambas as condições não são um fim em si mesmo nem valor absoluto.

"Tem quer ter como objetivo criar condições para o crescimento e a inclusão social, sobretudo naqueles países em que parcelas enormes da população ainda vivem em situação de pobreza ou de pobreza extrema", disse.

O discurso da presidente partiu da análise das assimetrias na economia global.

Nela, inseriu de novo sua habitual queixa de que os Estados Unidos (não citados nominalmente) promovem uma política monetária frouxa que gera uma "expansão da liquidez", o que, por sua vez, "aprecia a moeda de vários países, sobretudo os exportadores de commodities".

POLÍTICAS RESTRITIVAS

Ela citou a seguir a adoção de "políticas restritivas tanto nos países emergentes para conter a inflação como nos países avançados para promover a consolidação fiscal".

A partir daí é que a presidente voltou ao cenário doméstico para "enfatizar que somos favoráveis ao controle da inflação e à estabilidade fiscal", desde que o objetivo final seja crescimento com inclusão social, que é "questão-chave para todos nós".

Dilma deu por sepultados "os consensos que se criaram na história recente. Sob a égide do mercado ou do Estado, mostraram-se frágeis como castelos de cartas".

Não receitou, no entanto, um novo consenso de qualquer natureza, até porque afirmou não buscar "modelos únicos nem tampouco unanimidades". A única receita é fácil de dizer, difícil de descobrir: "O mundo do século 21 requer criatividade".

O miolo do discurso de Dilma foi recheado com estatísticas sobre o crescimento do Brasil e suas perspectivas de investimento, tema que ela e seu antecessor, Lula, sempre destacam mundo afora.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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