sexta-feira, 8 de abril de 2011

Governo dobra imposto de empréstimo

Mantega anuncia elevação do IOF que incide sobre os financiamentos para pessoas físicas para 3%, numa tentativa de conter a inflação

Francisco Carlos de Assis e Anne Warth

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem a elevação de 1,5 ponto porcentual na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre todas as operações de crédito para pessoa física - excluindo apenas os financiamentos de imóveis.

Com a medida, que entra em vigor hoje, o tributo de 1,5% passa a 3% ao ano sobre operações com cartão de crédito, crédito direto ao consumidor e crédito consignado.

Considerando a nova alíquota de 3% ao ano às pessoas físicas, o IOF vai de 0,041% ao dia para 0,082% ao dia. A medida, de acordo com Mantega, tem o objetivo de reduzir o consumo e, por consequência, a inflação. O ministro ressaltou que o novo imposto não incidirá sobre o crédito para empresas e investimentos.

A avaliação de Mantega é que o crescimento do crédito está em 20% ao ano, o que é uma velocidade muito elevada. O ideal, de acordo com ele, é que esse crescimento seja em torno de 12% a 15% ao ano.

"Estamos tomando essa medida para evitar que a inflação fuja do controle. O governo não vai perder o controle da inflação no Brasil", afirmou Mantega.

Segundo o ministro, a inflação medida pelo IPCA em março foi o que motivou a decisão do governo anunciada ontem. O IPCA de março ficou em 0,79% e acumula alta de 6,3% em 12 meses.

Quando o IPCA-15 do mês passado foi anunciado, a equipe econômica percebeu que o índice fechado poderia ficar muito acima das expectativas do próprio governo e do mercado.

Inflação. "É bom lembrar que temos uma inflação mundial de commodities agrícolas. Além disso, existe a especulação com as commodities, cujos preços estão subindo no exterior por conta do excesso de liquidez", avaliou o ministro, acrescentando que tem "gente" emitindo moeda de forma exagerada e isso aumenta a especulação com esses produtos, especialmente com o petróleo.

"Ninguém poderia prever a crise no Oriente Médio e o petróleo acima de US$ 120 por barril", observou Mantega.

O ministro fez questão de destacar que países emergentes como o Brasil e a Rússia também estão sofrendo com a inflação, mas que o IPCA de março subiu por causa dos alimentos, com aumento da pressão sobre os preços por causa das chuvas.

"Acreditamos que a inflação deve cair nos próximos meses, quando acabar a entressafra de etanol, mas o governo não deixará de tomar medidas, porque essa inflação pode se propagar para outros setores que já estão aquecidos, como é o caso de serviços", disse Mantega.

Ele fez questão de ressaltar que a inflação não está fora de controle no Brasil. "Está mais controlada do que em outros países." O ministro trabalha com a projeção de inflação do Banco Central, que é de 5,6% para este ano.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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