terça-feira, 5 de abril de 2011

Mercado já espera inflação maior em 2012

Mesmo com medidas do BC para conter o crédito, anunciadas na semana passada, expectativa subiu para 5%

Grupo dos bancos que mais acertam já acha que indicador em 2011 ficará em 6,42%; teto da meta oficial é de 6,5%

Eduardo Cucolo e Sheila D"Amorim

BRASÍLIA - Poucos dias após o Banco Central anunciar novas medidas para conter o crédito -e, consequentemente, a inflação-, economistas voltaram a elevar suas projeções para a alta de preços.

A novidade é que as estimativas já se distanciam também do centro da meta oficial do BC para o ano de 2012, de 4,5%.

Na semana passada, ao admitir que não alcançará o centro da meta em 2011, a autoridade monetária garantiu que fará todo o esforço para que os preços voltem ao limite fixado no ano que vem.

No levantamento Focus, feito semanalmente pelo BC com instituições do mercado, elas passaram a prever inflação de 5% em 2012.

A mudança ocorreu após diversos pronunciamentos de técnicos do BC, em que foram explicadas as medidas para conter os preços. Uma semana antes, os economistas projetavam inflação de 4,91% para o próximo ano.

O BC não descarta novas medidas para trazer a inflação para a meta em 2012. E avalia ser possível alcançar um resultado melhor que os 5,6% previstos para 2011.

Os economistas também pioraram as apostas para 2011: a previsão passou de 6% para 6,02% em uma semana. Para instituições com maior índice de acerto, a inflação será de 6,42%.

O BC acredita que o aumento dos juros já anunciado e a tendência de queda no preço das commodities, a ser confirmada por um indicador antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária do BC, podem ajudar na queda da inflação.

Mais uma elevação de juros, já esperada pelo mercado, reduzirá as pressões inflacionárias se o dólar voltar a subir. É o que governo acha que ocorrerá após a restrição a empréstimos estrangeiros.

Maristella Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra, avalia que o indicador pode chegar a 5,5% em 2012, com novas medidas do BC.

Segundo ela, o BC dá mais peso ao choque de preços das commodities do que os bancos, que se preocupam mais com a demanda aquecida.

Carlos Thadeu de Freitas, economista da Confederação Nacional do Comércio e ex-diretor do BC, disse que as divergências estão relacionadas às medidas de restrição ao consumo.

Para Freitas, o BC não está errado em querer ganhar tempo até que as ações tomadas afetem as expectativas.

Ele acha que o mercado superestima a inflação. E que elevar muito a taxa básica Selic atrairia mais dinheiro e prejudicaria a indústria.

Ontem, o BC ampliou a cobrança de 6% de IOF (imposto sobre operações financeiras) nos recursos captados no exterior com vencimento em até um ano.

Agora, renovação, repactuação ou transferência para terceiros de dívidas tomadas no exterior serão taxadas.

Na semana passada, a autoridade monetária havia anunciado IOF de 6% para empréstimos no exterior.

Com a nova decisão, o BC fecha brechas na regulamentação. Até fevereiro, o ingresso de recursos no Brasil nas três modalidades era de US$ 12,6 bilhões no ano -sendo que US$ 5,6 bilhões são de curto prazo.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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