domingo, 8 de maio de 2011

Avanço do PT em cargos e programas irrita aliados

Para siglas como PMDB e PCdoB, petistas estão crescendo em áreas com potencial de uso da máquina na eleição de 2012

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Partidos da base aliada não escondem mais a contrariedade com o avanço do PT em áreas do governo com grande potencial para eventual uso da máquina nas eleições de 2012. Nos bastidores, a estratégia da cúpula petista já foi traçada: dobrar as 480 prefeituras conquistadas em 2008 e, com isso, igualar o número de municípios governados com o PMDB, que elegeu no último pleito 1.118 prefeitos.

O PT quer reconquistar cidades estratégicas, como São Paulo, e ao mesmo tempo crescer nos grotões. A mais de um ano da eleição municipal, a constatação entre partidos como PMDB, PCdoB, PP e PR é que os petistas ocuparam estrategicamente o comando de cargos e programas com grande capilaridade nacional e ações municipais.

- O PT não pode ver o PMDB como alvo, como adversário. O PMDB tem de ser visto como parceiro, para que possamos caminhar juntos em 2014 - adverte o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).

Os aliados citam que o PT está avançando em postos estratégicos de segundo e terceiro escalões, como Funasa e o controle do Bolsa Família, áreas consideradas de grande visibilidade.

- No governo Dilma, o PT decidiu tomar conta de todos os cargos federais nos estados e municípios. Os aliados já estão incomodados. A reclamação é geral, pois o PT comanda todos os programas. E, se Lula fizer mesmo uma caravana para os candidatos do PT, isso vai complicar ainda mais a disputa municipal. Se o PT mantiver esse ritmo de avanço, as alianças vão para o espaço - alerta, por sua vez, a deputada acreana Perpétua Almeida, do PCdoB.

Programas como o Territórios da Cidadania, com forte atuação nos grotões, também preocupam aliados. Eles acusam o Planalto de avisar com antecedência parlamentares petistas, para que capitalizem politicamente as ações.

Na pasta da Saúde, foi um duro golpe para o PMDB a transferência da Funasa para petistas. Principalmente por causa das inúmeras ações do órgão nos municípios: instalação de postos de saúde, Farmácia Popular, Centros de Especialidade Odontológica e as Unidades de Pronto Atendimento, estas últimas em municípios médios e grandes.

Até pastas que estão com os aliados, como Cidades, sob o comando do PP, perderam a influência em algumas ações. Isso acontece com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cuja coordenação agora é definida pelo Ministério do Planejamento, responsável por relacionar os municípios dos programas.

Aliados também estão incomodados com o novo presidente da Caixa, Jorge Hereda, identificado como petista atuante. O banco cuida da aprovação de projetos e liberação de recursos do Minha Casa, Minha Vida. Peemedebistas também não escondem o incômodo com a perda dos Correios para o PT.

O líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que não há motivo para rebelião de aliados:

- O governo está equilibrado entre PT, PMDB e todos os partidos da base aliada.

FONTE: O GLOBO

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