quarta-feira, 4 de maio de 2011

Leve queda na fidelidade da base

Denise Rothenburg

O governo Dilma Rousseff tem razão quando avalia que é bom evitar uma grande dependência das votações de projetos de lei no Congresso. É que, nesses três meses de funcionamento do Legislativo, já foi possível detectar uma queda no apoio da base governista aos projetos de interesse dos inquilinos do Palácio do Planalto.

Em abril, a média de apoio ao governo na Câmara ficou em 50,03%, enquanto em fevereiro a média foi de 63,84%, considerando todos os partidos. A legenda mais fiel nas duas oportunidades foi o PRB, do falecido ex-vice-presidente José Alencar. Nos dois meses pesquisados pela consultoria Arko Advice, o índice de fidelidade do PRB ficou em torno de 73%.

O segundo partido mais fiel foi o PT, com apoio de 71,30%. O PMDB, que, em fevereiro, deu 100% dos votos à proposta do governo para reajustar o salário mínimo, terminou aquele mês com índice de fidelidade de quase 79%. Em abril, o percentual ficou em 59,46% (veja quadro). No caso da Câmara, o levantamento da Arko tomou por base as 13 votações nominais e abertas ocorridas em abril.

No Senado, a situação não foi muito diferente. Nas três votações nominais e abertas que ocorreram em abril, o índice de fidelidade caiu. Os 67,58% registrados em fevereiro chegaram agora a 51,76%. O mais infiel foi o PMDB. O partido, que em fevereiro registrou de 69,64% de adesão aos interesses de Dilma, caiu para 49% em abril.

Média

A Arko calcula esse índice tomando por base o comportamento dos partidos em cada votação e depois tira a média. “A expressiva adesão no primeiro mês de atividade legislativa pode ser explicada pela intensa mobilização do governo em torno do salário mínimo. Já ao longo de abril, não foram colocados em pauta temas que merecessem atenção especial do Executivo”, explica o cientista político Murilo Aragão.

Em abril, os projetos que mais chamaram a atenção do foram a MP 511, que tratou do financiamento do trem bala Rio-Campinas, e o projeto de decreto legislativo que reajusta os valores pagos pelo Brasil ao Paraguai pelo uso da energia de Itaipu, esse sim de grande interesse do governo federal. O texto ainda será votado no Senado.

Embora a Arko explique o resultado de seu levantamento por conta dos temas em pauta, o índice de fidelidade também sinaliza uma possível insatisfação da base com o tratamento que vem recebendo do Planalto. O sentimento geral dos congressistas é de que o governo não libera as emendas que eles fizeram ao Orçamento e, para completar, não ouve os partidos na hora de nomear cargos de segundo escalão.

No caso do PMDB, há insatisfação com as nomeações das agências reguladoras e com os indicados para os tribunais superiores. Mas, enquanto o governo estiver bem diante da opinião pública, a avaliação dos partidos é de que o índice de fidelidade ao Planalto não será tão baixo a ponto de impor grandes derrotas ao Executivo.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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