terça-feira, 17 de maio de 2011

PSDB pede investigação, e Serra defende Palocci

Empresa de consultoria do hoje ministro adquiriu dois imóveis, no total de R$ 7,4 milhões, no ano passado

Maria Lima, Adriana, Vasconcelos, Flávio Freire e Lino Rodrigues

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Líderes governistas e petistas no Congresso reagiram com cautela à ação da oposição que quer uma devassa na vida financeira do ministro Antonio Palocci, da Casa Civil. PSDB, DEM e PPS vão tentar aprovar requerimento na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara para que o ministro seja convidado a depor sobreque serviços sua empresa, a Projeto, prestou para justificar acompra de um apartamento de R$ 6,6 milhões e um escritório de R$ 882 mil no ano passado.

O PSDB encaminhará requerimentos de informações ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), à Receita Federal e à Controladoria Geral da União. O partido quer saber se esses órgãos detectaram a existência de movimentações financeiras atípicas da Projeto e de Palocci.

—É importante que o ministro Palocci tenha a oportunidade de se explicar. Pelo cargo que ocupa, é crucial que qualquer suspeita contra ele seja esclarecida o quanto antes — disse o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP).

Já o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) disse que Palocci não pode ser crucificado.

— Prefiro ver as explicações dele. Acho normal que a pessoa tenha rendimento e que esse rendimento promova evolução patrimonial. De forma alguma ia crucificar uma pessoa por causa de sua evolução patrimonial — disse Serra.

O PPS ingressa hoje com representação na Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo a abertura de inquérito para investigar osuposto enriquecimento ilícito do ministro.

— Se, como diz oministro, o aumento de patrimônio é legal, ele poderia revelar para quem sua consultoria prestou serviços equanto recebeu de cada cliente. Isso acabaria com qualquer dúvida sobre o caso—cobrou o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno(PR). Parlamentares questionam por que Palocci não divulgou o nome das empresas nem mencionou se alguma tem contrato com o governo federal. A manifestação da Comissão de Ética Pública em defesa de Palocci foi vista comalívio pelos governistas. Mas parlamentares petistas concordamque é preciso maior transparência.

— Suponho que o ministro vai semanifestar sobre pontos eventualmente obscuros— disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

—Palocci comunicou tudo à Comissão de Ética. Como ex-deputado e ex-ministro, era natural que fosse procurado para consultorias—defendeu o senador Lindberg Farias (PT-RJ). A senadora Marta Suplicy (PT-SP) leu da tribuna anota de Palocci e classificou a ação da oposição de “oportunista”.

—A nota do ministro coloca uma pá de cal sobre qualquer suspeita. Se alguém ajudou esse país a crescer e está ajudando a presidente Dilma Rousseff é o ministro Palocci. A oposição vai tentar fazer de tudo para fazer marola contra o governo.

“Para ficar rico, só herança ou ganhando na loteria”

Nem todos os petistas, porém, estão satisfeitos.

— Não sei se o ministro teria obrigação de identificar empresas para as quais prestou consultoria, mas, como homem público, fica inevitável que ele dê esclarecimentos sobre a fonte de recursos. A oposição está doida para pegar um fio qualquer de suspeita—afirmou osenador Walter Pinheiro (PT-BA). O presidente do PT,Rui Falcão, defendeu o ministro. Ele disse que tem "total confiança" no ministro em razão de sua lisura. Segundo Falcão, Palocci já esclareceu o caso.

— Temos total confiança no ministro. Nada pesa sobrePalocci — disse Falcão. Fora do Congresso, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcanti, disse que a instituição está "perplexa":

— Só há duas formas de ficar rico rapidamente: recebendo herança ou ganhando na loteria. Todas as demais formas merecem e precisam de explicação, sobretudo para quem exerce cargo público.

FONTE: O GLOBO

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