sábado, 7 de maio de 2011

Vereadores do Rio vão usar carro de R$ 65 mil

Mesa Diretora da Câmara carioca já escolheu modelo da futura frota oficial; dos 51 membros da Casa, 5 já disseram não achar a regalia necessária

Wilson Tosta

Pela primeira vez em mais de 20 anos, a Câmara Municipal do Rio terá uma frota própria de veículos para os vereadores cariocas. E a direção da Casa já tem um modelo em mente para os carros oficiais: a mais recente geração do Volkswagen Jetta. Os parlamentares escolheram a versão mais simples, Confortline, com preço de mercado a partir de R$ 65 mil, mas as 51 unidades - uma para cada vereador - devem ser compradas à vista, com desconto.

Cinco parlamentares já anunciaram que não vão usar o carro, mas precisam tornar essa decisão oficial, por escrito. A Mesa Diretora da Câmara queria comprar outro carro da VW, o Bora, usado na Assembleia Legislativa fluminense. O modelo, porém, não é mais vendido no Brasil.

"Resolveram (constituir a frota) de uma hora para outra", disse o vereador Paulo Pinheiro (PPS), um dos não querem usar os carros oficiais, após ser informado pelo Estado da escolha do modelo. "Isso já ocorreu dois ou três anos atrás. A pressão da opinião pública veio, e eles desistiram", lembrou.

Também já disseram que não aceitarão automóvel da Câmara os vereadores Leonel Brizola Neto (PDT), Eliomar Coelho (PSOL), Andreia Gouvêa Vieira e Tereza Bergher (ambas do PSDB). "Não me interessa carro", afirmou Tereza. Andreia disse não ver necessidade de automóveis para a Câmara. "O mais grave é que a maioria dos vereadores realmente acredita que esse é um direito líquido e certo."

A opção pelo Jetta foi confirmada por três fontes com acesso à cúpula da Casa. O presidente da Câmara, Jorge Felippe (PMDB), não quis dar entrevista. Em nota, a Casa afirmou que "o ato para aquisição dos carros será divulgado através de publicação no Diário Oficial" e negou que a escolha do modelo já estivesse definida.

Reunião. A decisão de constituir uma frota para os vereadores foi anunciada em uma reunião em março. Felippe disse que a situação financeira do Legislativo permitia a compra e informou que quem não quisesse os veículos poderia recusá-los. Atualmente, os vereadores já recebem uma cota mensal de combustível, por cartão eletrônico aceito em postos autorizados, para uso em carros privados. A Casa tem Kombis para as comissões e alguns Santanas, para funções burocráticas. Dispõe de um estacionamento próximo da sede, na Lapa, usado principalmente por funcionários.

O modelo na preferência da Câmara carioca é um sedã médio, com motor flex 2.0 e câmbio automático de seis marchas. Seus principais equipamentos são direção hidráulica, sensores de estacionamento traseiro e dianteiro, coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, freios ABS, rádio CD MP3 Player e quatro airbags. Entre os opcionais - não é possível determinar se foram comprados pela Câmara - estão volante multifuncional, bancos em couro, teto solar elétrico e rádio Touchscreen com oito alto falantes.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Um comentário:

  1. A Câmara Municipal do Rio de Janeiro há anos teve um perfil de agregar vereadores de base local enquanto os políticos com maior visibilidade vão para a Câmara de Deputados. Essa é uma triste história política da antiga Capital Federal. Em 51 anos, essa situação apenas se agravou com a recente presença de vereadores sob suspeita de participação em "grupos mafiosos" (reportagem sobre os desvios do Minha Casa Minha Vida é um alerta pois a violência é forma de pressão política as forças progressistas na "periferia do Rio de Janeiro"). Tamanha gravidade política não sensibiliza a Mesa da Câmara Municipal e muitos vereadores. A sequência de notícias negativas pode viabilizar maior força eleitoral para os candidatos que tem seus "eleitores escravizados". Carros oficiais com esse valor, aumento de 62% nos salários dos vereadores, prisão de dois vereadores...Lamentamos que nossa bancada - a bancada de dois vereadores do PPS - não esteja atuando de forma unida sobre temas que não podem ser compreendidos como questão pessoal diante da gravidade política que expomos acima.
    Vagner Gomes (Em nome dos filiados do PPS de Campo Grande-RJ)

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