segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mercadante sai em defesa de Ideli

Ministro nega suposta ligação da colega com escândalo dos aloprados

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Na antevéspera de seu depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, onde irá amanhã para rebater a acusação de participação no chamado escândalo dos aloprados, o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, saiu em defesa da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvati. Ao GLOBO, ele afirmou ontem que há uma tentativa de atingir a nova ministra e o governo Dilma Rousseff.

Em reportagem no fim de semana, a revista "Veja" afirma que, em 4 de setembro de 2006, a então senadora petista Ideli Salvati participou das negociações para a compra de um dossiê falso contra o ex-governador tucano José Serra, que disputava e venceu a eleição contra Mercadante. Segundo a revista, Ideli ficou com a tarefa, após essa reunião, de divulgar o falso dossiê que mostraria ligações de Serra com empresários envolvidos em fraudes na saúde.

Mercadante confirma que houve uma reunião no seu gabinete, no Senado, em 4 de de setembro, com o ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso e o sindicalista Osvaldo Bargas. Mas nega a participação do catarinense Jorge Lorenzetti, então analista de risco da campanha eleitoral do ex-presidente Lula e que seria a ligação com a também catarinense Ideli. Ele disse que a então senadora participou apenas do final da reunião.

- O Lorenzetti nunca esteve no meu gabinete. E qual a razão para citar o Lorenzetti? Por que construíram essa mentira? Para tentar colocar a Ideli. Como Lorezentti era de Santa Catarina, e como Ideli acabou de virar ministra, é uma forma de tentar envolver o governo Dilma que não tem nenhuma relação com esse episódio - disse Mercadante.

Mercadante afirmou que Bargas e Expedito o procuraram na ocasião para alertá-lo que ele poderia ser envolvido no escândalo das sanguessugas num depoimento que seria dado no Conselho de Ética do Senado por um dos envolvidos no caso.

Veloso nega ter citado nomes em entrevista

Os interlocutores sugeriram a Mercadante, então líder do governo, o enfrentamento no Conselho, mas, segundo o agora ministro, ele resolveu consultar Ideli, que era líder do PT.

- Chamei Ideli no final da reunião, e ela disse que o Conselho de Ética não era o local adequado para tratar o assunto. Só isso - disse Mercadante.

Com o aval do Palácio do Planalto, Mercadante irá amanhã ao Senado numa tentativa de esvaziar a polêmica reaberta semana passada, quando foi apontado pela "Veja" como um dos "mentores" da confecção do dossiê contra seu principal adversário na disputa pelo governo de São Paulo em 2006.

Ele nega qualquer acordo com o ex-governador Orestes Quercia (PMDB-SP), falecido ano passado, para comprar o dossiê falso. Segundo a revista, o bancário Expedito Veloso afirmou que Mercadante buscaria ajuda financeira de Quércia para pagar o dossiê. O ministro diz que o peemedebista era aliado do PSDB em São Paulo.

Neste final de semana, Expedito Veloso quebrou o silêncio e, depois de oito dias da primeira reportagem, divulgou nota em sua página no Facebook dizendo nunca ter participado "de qualquer questão que envolva dinheiro ou recursos de campanha", e que na conversa com a revista não citou nomes nem valores.

FONTE: O GLOBO

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