sexta-feira, 3 de junho de 2011

Procuram-se boias :: Eliane Cantanhêde

Como chefe da Casa Civil, Antonio Palocci saiu do lançamento do Brasil sem Miséria antes de Dilma e pelos fundos. Como ministro de fato da articulação política, não pôde sequer ir ao almoço da presidente com os senadores do PMDB. Como petista, criou um dilema para a Executiva do PT: fazer ou não nota em seu apoio.

O que se pode deduzir? Que, ao contrário do que querem fazer crer os governistas, o problema deixou de ser "pessoal" -de Palocci- e passou a ser do governo e da própria Dilma. Quanto mais o tempo passa, mais constrangedora é a situação. E sem luz no fim do túnel.

Se Palocci não fala, seu silêncio é ensurdecedor. Se falar hoje, sua fala será emudecedora. A não ser, claro, que explique tudo o que não conseguiu explicar em três semanas, desde que a Folha escancarou que seu patrimônio se multiplicara por 20, incluindo um apartamento maneiro de R$ 6,6 milhões.

Era a história de uma crise anunciada. Quem fica horrorizado com a filha de Fujimori concorrendo a presidente do Peru deveria igualmente ficar com o pulo do gato de Palocci. Ele caiu do governo Lula (depois das malas de dinheiro, da casa esquisitona em Brasília e da quebra do sigilo do caseiro Francenildo) e voltou a subir a rampa do Planalto como homem forte de Dilma. Não podia dar certo. A surpresa é que foi cedo demais, já no primeiro semestre de governo.

Com Palocci jogado ao mar, o ministro político Luiz Sérgio carimbado indelevelmente como "garçom" (o que só anota os pedidos), o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, ainda digerindo a derrota do Código Eleitoral, e o do PT, Paulo Teixeira, engolido pela insignificância, quem ocupa o vácuo? O PT é que não é.

Sobram o PMDB, que lambe os beiços depois do almoço com Dilma, e Gilberto Carvalho, em ascensão. O governo Dilma está cada vez mais com cara de governo Lula. Mas sem Lula.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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