quinta-feira, 9 de junho de 2011

Racha no PT atrasa escolha de novo ministro

Luiz Sérgio quer que seu substituto nas Relações Institucionais saia esta semana, mas não há nome de consenso

Maria Lima, Cristiane Jungblut e Regina Alvarez

BRASÍLIA. A intenção da presidente Dilma Rousseff de só efetivar a substituição na Secretaria de Relações Institucionais (SRI) na próxima semana, para ganhar tempo e obter consenso sobre o substituto no rachado PT da Câmara, foi atropelada pelo ministro Luiz Sérgio: sabendo que vai cair, ele não quer esperar. Segundo interlocutores do ministro, o anúncio de sua saída deve acontecer hoje ou amanhã. No encontro que teve com o vice-presidente Michel Temer, anteontem, Dilma disse que não queria que Luiz Sérgio saísse no meio do tiroteio da imprensa, que o coloca como responsável pela crise na articulação política.

Ontem à noite, depois de um encontro com o ministro Guido Mantega (Fazenda), Luiz Sérgio, abordado pela imprensa, fez mistério:

- Há dias de falar e dias de calar. Hoje é dia de calar.

Vaccarezza e Chinaglia disputam ministério

Na Câmara, de onde deve sair o novo ministro, os grupos do PT ainda não se entendem sobre quem será o substituto de Luiz Sérgio. Disputam a vaga o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PMDB-SP), e o ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP). O PT paulista briga para manter algum espaço no Planalto, depois da queda de Antonio Palocci e a escolha da paranaense Gleisi Hoffmann para a chefia da Casa Civil.

Ao longo dos dois últimos dias, o ex-ministro José Dirceu permaneceu em Brasília no comando das negociações, em reuniões com ministros e líderes petistas, em um hotel da capital. O presidente do PT, Rui Falcão, participou de algumas dessas reuniões. Ontem de manhã, o ministro do Desenvolvimento e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, esteve com Dirceu.

Dilma pretendia segurar a substituição de Luiz Sérgio para começar a redesenhar o comando da articulação política no Planalto. Mas sabe que, antes, precisa parar com as brigas no Congresso, não só no PT como também no PMDB. A possibilidade de mudança na gestão da articulação política abriu uma corrida dentro dos partidos. Segundo interlocutores, houve irritação no Planalto com a "fome" do PT pelo cargo.

Apesar dos discursos de apoio à permanência de Luiz Sérgio, a avaliação no Congresso é que ele não tem condições políticas de permanecer. Mas isso não acaba com problemas no PT, que vive divisões na Câmara. Para ministros que estiveram na posse de Gleisi Hoffmann, ficou claro que, a partir de agora, Dilma vai atuar mais nessa área política, inclusive com ajuda mais direta de Temer.

Possíveis substitutos elogiam Luiz Sérgio

Apesar de ter o apoio do grupo de Dirceu e do PMDB, o nome de Vaccarezza só seria aceito pelo grupo que elegeu o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), se a vaga de líder na Casa fosse aberta para Arlindo Chinaglia (PT-SP).

- A avaliação de Luiz Sérgio começa agora. A atuação de Palocci era muito supervalorizada - disse Rui Falcão, no Palácio do Planalto.

Vaccarezza se apressou em defender Luiz Sérgio:

- A presidente Dilma já mostrou como escolhe os seus ministros, não vi nenhum dos cotados (na mídia) serem indicados ministros. Tenho uma avaliação muito positiva da atuação do ministro Luiz Sérgio. Acho que ele está dando conta.

Chinaglia também defendeu o ministro:

- O Luiz Sérgio deve assumir mais tarefas.

Com receio de novas surpresas, como a de Gleisi, o PMDB também defendeu Luiz Sérgio.

- É mais uma questão de ordenar espaços, porque estava um pouco confuso. Ele (Luiz Sérgio) foi mais vítima do que culpado (dessa situação) - disse o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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