terça-feira, 12 de julho de 2011

Esperando Pagot :: Eliane Cantanhêde

Fruto do cruzamento dos antigos PL e Prona (aquele do "meu nome é Enéas"), o PR ganhou no governo Lula e manteve no de Dilma o ministro e os postos-chaves dos Transportes, com seus R$ 16 bilhões por ano.

Dilma botou todo mundo para correr ao descobrir que havia algo estranho. Quando saiu da Casa Civil para as eleições, ela deixou um orçamento de "x" para as obras do PAC no setor. Ao voltar ao Planalto, já como presidente, encontrou "x" multiplicado por "y". Não gostou.

Apesar de tudo, o PR bateu o pé para continuar nos Transportes e nos esquemas, e Dilma chegou a convidar o senador Blairo Maggi. Ele rejeitou o convite, alegando impedimentos éticos e legais por ser da área de navegação e ter negócios com o governo.

Não sobrou ninguém no PR para a vaga, e Maggi, já traumatizado por ser padrinho de Luiz Antonio Pagot, ex-Dnit, teve o cuidado de não indicar ninguém para a vaga. Quem poderia indicar? Ninguém.

A constatação de Maggi foi confirmada ontem pelo próprio PR, ao dizer que tem uns dez nomes para os Transportes. Em política, quem tem dez nomes para uma vaga é porque não tem nenhum.

A próxima reunião partidária será depois dos depoimentos do esquisitão Pagot no Senado, hoje, e na Câmara, amanhã. Até lá, tome chantagem e articulação com PP, PTB e PSB contra PT e PMDB.

Maggi tranquiliza o Planalto: o afilhado "não vai fazer confusão", só vai contar como a coisa funciona desde o projeto até a liberação da grana. E quem autoriza? O ministro do Planejamento, que era Paulo Bernardo, marido da chefe da Casa Civil e hoje nas Comunicações.

Destacado para segurar Pagot, Maggi é singelo: "O que se chama de superfaturamento é só mudança do escopo da obra. Depois do projeto de estrada pronto, precisa de um viaduto, de uma passagem urbana... e, aí, o preço vai mudando".

Ah, bom! Tudo explicado.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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