quarta-feira, 27 de julho de 2011

Jobim, ministro de Dilma, revela que votou em Serra em 2010

O ministro Nelson Jobim (Defesa) revelou seu voto na eleição-2010: "Votei no Serra". E afirma que a presidente Dilma sabia. "Não costumo fazer dissimulações."

Jobim avalia que um governo tucano "seria a mesma coisa" no manejo das recentes crises, como a do combate a corrupção nos Transportes

Jobim diz que votou em Serra em 2010

Amigo do tucano, ministro diz que escolha não azedou relação com Dilma: "Não costumo fazer dissimulações"

Peemedebista é evasivo ao comentar eventual saída do governo antes das eleições de 2014: "Deixa a vida me levar"

Fernando Rodrigues


BRASÍLIA - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, fez uma revelação sobre sua preferência na disputa presidencial do ano passado: "Eu votei no Serra".

Na avaliação dele, se o tucano José Serra tivesse derrotado a petista Dilma Rousseff, o governo "seria a mesma coisa" no manejo das recentes crises políticas, como a do combate à corrupção no Ministério dos Transportes.

Por determinação de Dilma, vários servidores foram afastados, inclusive o ex-ministro Alfredo Nascimento.

A escolha eleitoral de Jobim sempre foi conhecida ou pelo menos intuída nos bastidores em Brasília. Dilma também sabia, diz ele.

Azedou a relação? "Azeda quando você esconde. Eu não costumo fazer dissimulações, então não tenho dificuldades", disse.

Passada a eleição, entretanto, o assunto foi esquecido nas conversas entre o ministro e a presidente. "Não se toca no assunto."

Há menos de um mês, ele se envolveu em polêmica ao afirmar, durante cerimônia pelos 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que "os idiotas perderam a modéstia".

No governo, a interpretação foi de uma crítica à administração Dilma. Ele repetiu não ter sido cobrado pela presidente: "Não, não. Ela até riu".

Jobim deu entrevista ontem ao programa "Poder e Política", uma parceria da Folha e do UOL, em Brasília

SAÍDA

Há quatro anos na Defesa, ele sempre é citado em rodas políticas como um ministro que deixará o governo antes de Dilma terminar o mandato em 2014. Confrontado com o rumor, a resposta é evasiva.

Ele cita Zeca Pagodinho: "Deixa a vida me levar".

Ex-integrante do Supremo Tribunal Federal, Jobim defende o ministro José Antonio Dias Toffoli, que viajou à Itália com despesas de hospedagem pagas por um advogado. "É uma decisão pessoal. Conheço muito bem o Toffoli, ele tem absoluta independência."

Jobim afirma manter boas relações com Dilma. Experiente, é o único ministro atual que também teve assento na Esplanada nos dois últimos governos, de Luiz Inácio Lula da Silva e FHC.

Sobre o projeto de Lei de Acesso a Informações Pública, ora no Senado, Jobim recuou de sua posição inicial. Agora, aceita acabar com o sigilo eterno e fixar em 50 anos o prazo máximo para um documento ultrassecreto ficar guardado.
"Vamos ser práticos. Daqui a 50 anos, se algum governo achar que tem algum documento [que não deve ser aberto], poderá alterar a lei."

O ministro diz que os papéis da ditadura militar (1964-1985) que estavam com a Defesa foram destruídos.

Para ele, a futura Comissão da Verdade será a única instância capaz de buscar os responsáveis pelo sumiço.

Neste ano, Jobim voltou a frequentar reuniões de bastidores do PMDB. Encontra-se com frequência com deputados e senadores da sigla, à qual está filiado desde o início da vida política. Articula para que os dissidentes parem de atacar o Planalto.

Acredita estar tendo sucesso.

Aos 65 anos, nega ter interesse eleitoral: "Esse projeto político já desapareceu".

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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