sábado, 2 de julho de 2011

Morre Itamar Franco, o homem que mudou os rumos do Brasil

Senador Itamar era vice-presidente do PPS
Por: Assessoria do PPS

O Partido Popular Socialista (PPS) e o Brasil estão de luto pela morte do ex-presidente da República Itamar Franco. O senador, que também ocupava a vice-presidente do PPS, faleceu na na manhã deste sábado, vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia. Ele estava internado desde o dia 21 de maio no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para o tratamento de leucemia descoberta no início do ano.

O corpo de Itamar, segundo informações de sua família, seguirá na tarde de hoje (02/07) para Juiz de Fora, onde será velado. Na manhã de domingo segue para Belo Horizonte, onde prossegue o velório no Palácio da Liberdade. Durante a tarde, será cremado na região metropolitana de Belo Horizonte.

O presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), que foi líder do governo de Itamar Franco, afirma que o Brasil perde um dos políticos mais honrados de sua história. “Itamar sempre primou pela ética na política e sua história é um exemplo para todos os brasileiros. Com sua firmeza e inteligência, assumiu a Presidência da República num dos momentos mais conturbados pós-ditadura (o impeachment de Fernando Collor) e deu início a uma verdadeira virada nos rumos do país. Foi com Itamar e o Plano Real, lançado em seu governo, que o país se livrou da inflação galopante, começou a se desenvolver e ganhar respeito internacional. O Brasil deve muito a esse grande homem”, disse Freire.

O presidente do PPS lembrou ainda que, durante a ditadura militar, Itamar ganhou, como prefeito de Juiz de Fora, admiração e reconhecimento dos comunistas ao convidar muitos membros do PCB (Partido Comunista Brasileiro), então na ilegalidade, para compor a administração municipal.

O governo de Itamar mudou os rumos do Brasil

Itamar Franco foi o presidente do Brasil que conseguiu, através da concepção e execução do Plano Real, controlar a mais violenta e persistente inflação da história do país, e com isso restabelecer a normalidade das atividades econômicas e a estabilização da moeda.

A inflação em 1992 chegava a 1.100%, alcançando o dobro no ano seguinte. Em junho de 94, a inflação mensal era de 46,58% e em julho, com o início do Plano Real, caiu para 6,08%. Paralelamente, o fim da inflação restabeleceu a auto-estima e a confiança da população brasileira no futuro do país. O PT votou contra a criação do Real e os projetos para sua implementação.

A estabilidade econômica e financeira até aqui mantida possibilitou ao país o crescimento de sua economia, a melhoria do padrão de vida da população, o início da ascensão social das classes mais carentes e o efetivo combate à pobreza, que teve início também com programas específicos 110 governo Itamar. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, de 1993 à 1995 houve uma redução 18,4% da população miserável do país, fruto do sucesso do plano.

Eleito vice-presidente da República pelo PRN, Itamar assumiu a Presidência da República em 29 de novembro de 1992, após curta interinidade na chefia do governo, que assumira na condição de substituto legal, após a aprovação, pelo Congresso, do impeachment do então presidente Fernando Collor.

Baiano de nascimento, Itamar Augusto Cautiero Franco, órfão de pai, com poucos meses foi com a mãe para Juiz de Fora, onde viveu, estudou e formou-se em Engenharia Civil e Eletrotécnica, em 1954. Já na vida universitária começou a participar da política estudantil, e também de atividades e entidades esportivas, gradativamente evoluindo para a participação direta na política. Itamar é filho de Augusto César Stiebler Franco e de Itália Cautiero Franco, ambos mineiros, o pai de Juiz de Fora e a mãe de São João Nepomuceno.

Em 1967 Itamar foi eleito prefeito de Juiz de Fora, pelo MOB, realizando uma administração dinâmica, com destaque para importantes obras viárias, de saneamento, educação e saúde na cidade. O conjunto de obras e a correção de seu comportamento na política o fizeram ser eleito, pela segunda vez, para a prefeitura de sua cidade, em 1972. Foi mais um governo de grandes realizações em benefício de Juiz de Fora e sua população, a par com o exercício da ética e da correção na administração pública.

Itamar começou sua vida partidária no PTB, mas logo depois, com o advento do golpe militar de 1964 e a extinção dos antigos partidos, entrou no MDB e participou ativamente da campanha pela redemocratização e de resistência ao regime autoritário. Em 1974, numa campanha histórica, foi eleito senador, juntamente com representantes da oposição em outros estados.

O MDB cresceu, Itamar projetou-se a nível nacional e voltaria a ser eleito para o Senado em 1982. Hoje exerce pela terceira vez o mandato de senador por Minas Gerais, integrando o PPS. Em sua vida política, passou cerca dc 25 anos no MOB, depois transformado em PMDB por força de legislação impositiva do governo autoritário. Em outras oportunidades trocou de partido, sempre por não aceitar discriminação do eventual comando partidário do MDB ou PMOB, fato que o obrigou, algumas vezes, a mudar de legenda, como para lançar sua candidatura ao governo de Minas, pelo PL, em 1986, desta vez sem sucesso.

Em 1998 foi eleito governador de Minas Gerais e empreendeu uma administração inovadora, regularizando as contas do Estado, reduzindo gastos c defendeu as empresas públicas estaduais do processo de privatização empreendido pelo governo federal. Para isso chegou a mobilizar a Polícia Militar de Minas em defesa de Fumas e da Cemig. Fiel a seus princípios, e como havia feito ao deixar a Presidência da República, Itamar desautorizou mobilização de correligionários e partidos para que aceitasse a candidatura à reeleição.

No Senado, Itamar Franco destacou-se ao lado de grandes parlamentares como Mário Covas, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Paulo Brossard, Pedro Simon, Franco Montoro e outros, formando uma das melhores bancadas do Congresso. Participou ativamente da campanha pelo restabelecimento das eleições diretas para a Presidência da Republico e governos estaduais. Sua atuação no Senado incluiu a presidência da CPI para investigar o acordo nuclear entre o Brasil e a Alemanha, que resultou na construção das usinas nucleares de Angra dos Reis.

Combate à corrupção, estrito respeito à coisa pública foram características marcantes de Itamar Franco, observadas em todos os cargos que exerceu, com ética, seriedade e diálogo democrático. A Wikpédia define seu governo como “talvez o único da história republicana livre de escândalos e corrupção”. Ao terminar seu mandato, quando um presidente conseguiu pela primeira vez nas últimas décadas eleger seu sucessor, Itamar foi designado embaixador do Brasil em Portugal e posteriormente na OEA (Organização dos Estados Americanos), em Washington. Em 2003, foi indicado embaixador do Brasil na Itália.

Em dois anos de mandato, Itamar Franco promoveu o fim da hiperinflação, que nenhum presidente anterior conseguiu erradicar, e em três décadas, de 1665 a 1994, castigou a população brasileira com uma inflação de até 16 dígitos. O sucesso do Plano Real, criado por um grupo de economistas, estabilizou a economia do país. Praticamente todos os grandes economistas do país haviam passado pelo Ministério da Fazenda, mas a inflação continuava. Em mais uma atitude ousada e bem sucedida, Itamar indicou para o ministério um sociólogo, Fernando Henrique Cardoso.

A partir de 2007, Itamar Franco exerceu o cargo de presidente do Conselho de Administração do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e em 2010 se elegeu para cumprir o terceiro mandato como senador por Minas Gerais, desta vez pelo PPS. Tal como antes, tendo mudado de partido em função de divergências internas no PMDB. Em todos os cargos que ocupou Itamar manteve o comportamento simples, despreocupado em relação a normas de cerimonial e imposições do cargo que o afastavam do convívio natural com as pessoas.

Itamar Franco deixou a Presidência da República em 1994 com alto índice de aprovação da opinião pública em relação a seu governo. A inflação, graças ao Plano Real, havia sido liquidada, algo inédito na história do Brasil. O Plano Real tornou-se irreversível e foi conduzido pelos seus sucessores nos anos seguintes, promovendo a normalização definitiva da atividade econômica e a retomada do desenvolvimento econômico e social do Brasil.

FONTE: PORTAL PPS

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