domingo, 24 de julho de 2011

Planalto apoia PSD de olho no Congresso

Além de desfalcar oposição, governo e PT querem impedir concentração de poder num só aliado, como o PMDB

Aproximação com sigla de Kassab, apoiada por Wagner e Déda, esbarra em forte oposição dos petistas em São Paulo

Catia Seabra

BRASÍLIA - Mergulhado numa crise da base aliada, o governo Dilma Rousseff e o comando nacional do PT decidiram estimular a criação do PSD -partido lançado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab- como boia de salvação no Congresso Nacional.

Sob as bênçãos do Palácio do Planalto, governadores petistas, como Jaques Wagner (Bahia) e Marcelo Déda (Sergipe), investem no PSD nos seus Estados.

Os dois se reuniram com Kassab para delinear a formação do partido. A operação é reproduzida em Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul, além do interior de São Paulo.

No Planalto, a estratégia não é apenas desfalcar a oposição, mas impedir a concentração de poder num só aliado, como o PMDB.

Única janela aberta para novas filiações, o PSD serviria de instrumento de cooptação de deputados e senadores para a base em caso de ruptura com um partido que hoje integra a aliança.

No auge da crise no Ministério dos Transportes, a cúpula do PR chegou a cogitar a saída do governo. Um dos participantes da reunião, alertou, porém, para o risco de debandada de seus deputados para o PSD.

ALVO NA OPOSIÇÃO

O governador Déda conta que apoiou a filiação de aliados ao PSD depois de ouvir do prefeito de São Paulo o compromisso de que o novo partido poderá engrossar a base de apoio à presidente.

"O primeiro alvo do PSD é o DEM, a oposição. Não é o governo federal, nem o PT", justificou Déda.
Wagner -que apoiou a migração de seu vice para o PSD- também decidiu incentivar a criação do PSD após reunião com Kassab.

"Realmente, ajudei. Na Bahia e no cenário nacional, a tendência é de aproximação com o PSD", afirma Wagner, para quem a fidelidade partidária não pode ser uma "ditadura intrapartidária".

No PT, os mais otimistas apostam no PSD como um instrumento de racha no PSDB. Além de debilitar o poder do governador Geraldo Alckmin em São Paulo, a crença é que o ex-governador José Serra poderia migrar para o PSD e disputar a Presidência contra o senador Aécio Neves (MG), caso não se viabilize no PSDB.

Apesar da avaliação de que "no curto prazo" o PSD é bom para o governo, no Planalto toda a preocupação está no "flerte" entre Kassab e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

Essa aproximação com o PSD enfrenta forte oposição dos petistas na cidade de São Paulo. "Kassab é nosso adversário", reage o vereador Chico Macena.

Atento ao cenário, Wagner pondera: "A solução de hoje pode ser o problema de amanhã. Mas a cada dia..."

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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