sábado, 9 de julho de 2011

Planalto tenta acalmar chefe do Dnit

Se falar demais em depoimento no Senado, Pagot dará munição para CPI

Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. O nervosismo está tomando conta da Esplanada. Preocupado com um depoimento explosivo no Senado na terça-feira, o Palácio do Planalto passou a monitorar o humor do diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, braço direito do senador Blairo Maggi (PR-MT). O governo escalou bombeiros para acalmar Pagot, que tem demonstrado muita mágoa e revolta com o afastamento do cargo, depois de denúncias de corrupção envolvendo a cúpula do Ministério dos Transportes.

Emissários palacianos querem evitar que ele saia do governo atirando, o que daria munição suficiente para a instalação da CPI do Dnit. A oposição ainda não conseguiu o número de assinaturas necessárias para a criação da CPI. Na terça-feira, Pagot dará depoimento em sessão conjunta da Comissão de Infraestrutura (CI) com a Comissão de Fiscalização e Controle (CMFC). Na quarta-feira, vai falar na Câmara.

- Não sei como será o depoimento do Pagot. Eu me encontrei com ele e achei que estava muito triste - disse o líder do PR, Lincoln Portela (MG).

Na quinta-feira, Pagot chegou a afirmar ao GLOBO que tudo o que fez no comando do órgão foi realizado conforme as "instruções recebidas". Ontem, o Planalto tentou medir o humor de Pagot em relação ao governo. As ameaças veladas de representantes do PR de vincular o atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, com as denúncias que pesam sobre a gestão do partido à frente do Ministério dos Transportes, não surtiram o efeito esperado.

A interlocutores, Paulo Bernardo contou que recebeu uma ligação de Luiz Antônio Pagot, que negou ter citado seu nome em qualquer conversa com parlamentares do PR. O ministro, por sua vez, teria se solidarizado com Pagot e dito que entendia sua indignação com o afastamento do cargo, além de reconhecer que, se havia alguém correto no Dnit, certamente era o ex-diretor do órgão.

- Vamos ver o que o Pagot tem a dizer. Mas não há qualquer problema com o PT e com a presidente Dilma em relação ao Ministério dos Transportes - disse o líder do PT, senador Humberto Costa (PE).

Licença do Senado,depois da volta

Em outra frente, para esfriar a crise política envolvendo seu nome, o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento pediu licença do Senado. Com isso, só retomará o seu mandato de senador pelo Amazonas em agosto, após o término do recesso parlamentar. Ele tirou licença para tratar de assuntos particulares de 7 a 18 de julho, mas como o recesso começa em 17 de julho, terminando apenas em 31 de julho, a volta ao Senado se dará apenas no próximo mês.

O ex-ministro reassumiu seu mandato no Senado automaticamente após deixar a pasta. Mas não apareceu na Casa desde então. Segundo colegas de partido, a estratégia de Nascimento foi de evitar dar explicações e prestar depoimentos nas comissões da Câmara e no Senado. Ao mesmo tempo, o Planalto avalia como positivo o fato de ele ter se afastado também das negociações sobre o seu substituto.

Ontem, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, chegou a ligar para lideranças do PR. A avaliação feita por ela é que o ex-ministro está muito contaminado, por isso, causaria desconforto tê-lo no processo de escolha de seu sucessor.

FONTE: O GLOBO

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