sexta-feira, 29 de julho de 2011

A ponte do PMDB :: Fernando de Barros e Silva

"Vossa Excelência teve a sabedoria de não designar uma pequena rua, uma pequena avenida para o nome do Quércia. Isso vulneraria a grandiosidade dele." Parece Odorico Paraguaçu, mas é Michel Temer, o chefe do invulnerável PMDB.
Agradecia ao governador Geraldo Alckmin na inauguração da ponte Governador Orestes Quércia, sobre o fétido rio Tietê.

Sob o glacê da retórica pomposa e cínica, a cerimônia funcionou como ato simbólico de apropriação do espólio quercista por Michel Temer. Foi este o seu significado político.

Depois de promover uma razia nos postos de comando do partido ocupados por quercistas, Temer foi à ponte para discursar e mostrar quem agora é o patrão do território.

Não faltaram as trocas de gentilezas entre Temer e Alckmin nem as insinuações de que ambos podem estar juntos na eleição paulistana. Não seria tão constrangedor se o cacique do PMDB não fosse, também, vice-presidente da República, eleito na chapa com Dilma Rousseff, do PT. Mas esse tipo de escárnio é o que define o caráter do PMDB.

Com o deputado neopeemedebista Gabriel Chalita a tiracolo, Temer começou a fazer o leilão de 2012 sobre a ponte Orestes Quércia. Chalita, por ora, está candidato a prefeito, mas o PMDB ainda pode se acertar com o PT ou com o PSDB. Ou seja, fazemos qualquer negócio, mas o preço do partido subiu.

A dedetização localizada que patrocinou nos Transportes deixa a presidente mais vulnerável ao PMDB. Este raciocínio de Lula é tão republicano quanto o PR que ele adora, mas é politicamente correto.

Por essas e outras, Michel Temer é hoje o principal líder de oposição ao governo Dilma. Ele sabe disso e joga com isso. Aécio, Serra e os pobres Demos não têm, juntos, nem a décima parte do poder de fogo para incomodar o Planalto que Temer e sua patota acumularam nas mãos.

Ministro de FHC, de Lula e de Dilma, eleitor de José Serra: Nelson Jobim, seu nome é PMDB.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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