terça-feira, 19 de julho de 2011

PR aceita saída de Pagot, mas exige que petista também deixe o Dnit

Hideraldo Caron, do PT gaúcho, deve ser afastado da Infraestrutura Rodoviária

Gerson Camarotti
BRASÍLIA. A cúpula do PR mandou um recado ao Palácio do Planalto: aceita, sem grandes problemas, a decisão da presidente Dilma Rousseff de afastar em definitivo o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, mas também quer a saída do diretor de Infraestrutura Rodoviária do órgão, Hideraldo Caron, filiado ao PT gaúcho.
 Para o PR, a queda dos dois seria a solução coerente, já que se trata de um órgão de decisões colegiadas. Além disso, o partido do ex-ministro Alfredo Nascimento não ficaria com todo o ônus da crise. A postura do PR, segundo assessores palacianos, é vista como sinal de que a legenda aliada já assimilou a saída de Pagot.

Quanto a Caron, a própria Dilma dissera semana passada a interlocutores que ele seria o próximo da lista a ser afastado do Dnit. No início da atual onda de denúncias contra o órgão, Dilma cobrou de Caron, seu aliado e pessoa de sua confiança no Dnit, explicações sobre a falta de informações internas no governo a respeito das suspeitas de cobrança de propina.

Gleisi e Gilberto Carvalho têm tido posições diferentes

Caron teria dito que tentara, em duas ocasiões no início do ano, avisar a presidente, mas não conseguira passar da chefia de gabinete. É esse mesmo argumento que o PR pretende explorar a seu favor: todos os diretores, inclusive os petistas, sabiam de todas as decisões do Dnit. Dirigentes do PR, embora falando menos em público, têm reclamado do esvaziamento de seus quadros no governo e agora tentam uma compensação.

- Até agora, só afastaram a turma do PR. Trucidaram o partido. Será que o PR vai pagar a conta toda dessa crise? - questionou ontem o vice-líder do governo, deputado Luciano Castro (PR-RR), um dos poucos que verbalizam publicamente a insatisfação do partido.

Ontem à tarde, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, confirmou em Florianópolis a posição de Dilma de afastar Pagot do cargo, assim que ele voltar de férias, no início de agosto. Mas está claro que há posições diferentes dentro do próprio Planalto sobre a condução da crise com o PR.

Na crise nos Transportes, o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, tem atuado como um bombeiro. Já a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, vem adotando postura mais dura, em sintonia com Dilma. Carvalho chegou a conversar com Pagot para tranquilizá-lo. O ministro também chamou em seu gabinete o senador Blairo Maggi (PR-MT), padrinho político de Pagot, para acalmá-lo após uma conversa tensa com Ideli Salvatti.

Na ocasião, o senador reclamou do afastamento de Pagot, considerando o gesto uma injustiça. Carvalho respondeu que quem comprovar a inocência terá direito de voltar ao governo. Comportamento que também é interpretado como estratégia de Dilma para sua tática: "um morde, outro assopra".

Retirada indicação feita na época de Nascimento

Uma mostra da determinação da presidente de mudar toda a diretoria do Dnit foi a decisão, formalizada ontem no Diário Oficial da União, de retirar a indicação, feita em junho, do contador Augusto César Carvalho Barbosa de Souza para o cargo de diretor de Administração e Finanças do Dnit. Ele substituiria outro petista, Hideraldo Cosentino, que pediu afastamento do cargo alegando questões pessoais. Barbosa de Souza fora indicado ainda na gestão de Nascimento, antes das denúncias sobre corrupção no Ministério dos Transportes.

FONTE: O GLOBO

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