quinta-feira, 21 de julho de 2011

Transportes tira mais três, e PR ameaça retaliar Dilma

Já são 16 os afastados; novo ministro diz que 'ajustes' vão continuar

Mais três caem nos transportes

Fábio Fabrini
Outros dirigentes ligados ao PR devem sair, e partido já ameaça retaliar no Congresso

Após eliminar nichos de comando do PR no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a presidente Dilma Rousseff avançou ontem sobre postos estratégicos na Valec, responsável pelas obras ferroviárias. Forçou o pedido de demissão de dois servidores, um deles dono de uma empresa de transportes suspeita de receber dinheiro público. No Ministério dos Transportes, desfez uma dupla que operava em nome do secretário-geral do PR, deputado federal Valdemar Costa Neto (SP). A degola de apadrinhados da legenda, que já derrubou 16 pessoas, deve continuar. Integrantes do PR se organizam para retaliar: no Senado, o partido pode apoiar a oposição em votações como a convocação dos ministros Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) para depor no caso dos aloprados.

O governo trabalha com cuidado para operar uma alteração ainda mais sensível: a troca de superintendentes regionais sem perfil técnico ou tutelados por grupos do PR. As demissões devem atingir afilhados de pelo menos quatro caciques do PR: o ex-ministro Alfredo Nascimento, no Amazonas, o deputado Inocêncio Oliveira, em Pernambuco, o deputado Sandro Mabel, em Goiás, e o deputado Wellington Roberto, na Paraíba.

As três demissões de ontem foram publicadas no Diário Oficial. O Ministério dos Transportes informou que as exonerações fazem parte do processo de reestruturação da gestão.

A faxina está longe de terminar. Ontem, o Palácio do Planalto dava como certa a saída, nos próximos dias, do petista Hideraldo Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit. Pelo menos outros dois servidores do Dnit com cargos de confiança podem cair, por suas relações com o PR.
Gerente da Valec é dono de empresa

Na Valec, o ministro Paulo Sérgio Passos exonerou Cleilson Gadelha Queiroz, gerente de licitações e contratos, e Pedro Ivan Guimarães, técnico da Superintendência de Projetos. Eles tinham atuação sobre os contratos firmados pela empresa para a construção da Ferrovia Norte-Sul, que já recebeu quase R$5 bilhões e alvo de investigação da Polícia Federal, por suspeita de superfaturamento e pagamento por serviços não prestados.

Gadelha é dono da FC Transportes, com sede em Brasília e fundada em 2007. Ele já comandava os processos licitatórios na Valec. A firma é especializada em transporte de materiais e presta serviços a empreiteiras. O Planalto considerou a atividade suspeita e, desde a semana passada, analisava a demissão de Gadelha.

Na Junta Comercial do Distrito Federal, Gadelha consta como administrador da FC e tem como sócio Fernando de Castilho, funcionário da Valec. A estatal não informou se Castilho será exonerado. O GLOBO foi ontem à sala onde funciona a FC, num prédio comercial. Dois funcionários informaram que os proprietários não estavam.

No caso de Guimarães, que tinha cargo comissionado de assessor na Valec, o ministério e a estatal têm versões distintas. A pasta informou que as demissões são parte do processo de reestruturação. Segundo a Valec, o servidor saiu por conta própria.

A saída de Eduardo Costa, assessor no Ministério dos Transportes, desfaz o casal indicado por Valdemar Costa Neto. Lopes é marido de Ana Fátima Feliciano Lopes, lotada na Secretaria de Política Nacional de Transportes. A saída dele faz parte de um acordo para que sua mulher continue no governo, como apurou O GLOBO.

FONTE: O GLOBO

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