quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Governo e aliados põem Judiciário sob suspeição


Líderes condenam prisões e Ideli afirma que será averiguado se houve abuso de poder na Operação Voucher

Isabel Braga
BRASÍLIA. Os líderes da base aliada fizeram ontem duros ataques à ação do Judiciário na Operação Voucher, da Polícia Federal, sugerindo, e até afirmando em alguns casos, que houve abuso de poder por parte do Ministério Público e do Judiciário. Parlamentares de vários partidos saíram em defesa de alguns dos presos, especialmente daqueles ligados a partidos, e criticaram especificamente a prisão do atual secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, o ex-deputado peemedebista Colbert Martins (BA).

Lembraram que Colbert assumiu o cargo há dois meses e fez apenas uma liberação do convênio de capacitação profissional no Amapá, que está sob investigação na Operação Voucher. Defenderam também Mário Moysés, ex-presidente da Embratur e ligado à senadora Marta Suplicy, do PT.

- A denúncia tem que ser feita, apurada, não queremos acobertar nada, mas também não queremos abuso de poder. No meu entender, houve abuso de poder do Judiciário e do Ministério Público. Conheço o Colbert há 37 anos, é pessoa séria. Está há dois meses no ministério. Conheço o Moysés. Deviam ter chamado para depor, não começar com prisão - criticou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou que todos foram surpreendidos "pela virulência como foi executado o processo".

- Neste episódio, o PMDB não responsabiliza o governo, que também foi surpreendido. Foi um juiz de Macapá que determinou a prisão. Está caracterizado abuso de poder do Judiciário, não há conhecimento de dolo, de nada. Colbert foi preso porque liberou uma parcela (do convênio), embasado em pareceres técnicos, preso sem qualquer processo aberto. Não é o correto no Estado de Direito - disse Alves.

- O que se discute é o por que de 35 prisões. Isso parece demasiado - emendou o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).

Após reunião com a bancada de senadores do PMDB, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) reafirmou que ela e a presidente Dilma Rousseff teriam sido surpreendidas pela Operação Voucher e sinalizou que o governo estaria averiguando se a PF não cometera excessos durante a operação:

- Operação da PF é igual decisão da Justiça, devemos aguardar e cumprir. Mas qualquer abuso que possa ter sido cometido não terá a nossa complacência - disse a ministra.

FONTE: O GLOBO

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