quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Líder do PR diz que acabou a 'cegueira'

Magno Malta formaliza saída do bloco governista e fala em "apoio crítico"

Maria Lima

BRASÍLIA. Com a faxina no Ministério dos Transportes, o governo perderá o voto alinhado dos sete senadores do PR. O líder da bancada, Magno Malta (PR-ES), formalizou ontem o pedido de saída do bloco do governo e avisou que acabou a "cegueira" de votar tudo como quer o Planalto. O PR da Câmara já não era do bloco governista.

Malta cobrou que a imprensa pressione pela criação de uma CPI para investigar denúncias de corrupção no Ministério da Agricultura:

- A presidente é Dilma, ela que tem que dizer por que, por uma notícia de jornal, demitiu todo mundo. Todo tratamento tem de ser isonômico. Pau que dá em Chico também tem que dar em Francisco. Mas, se for demitindo todo mundo por causa de matéria de jornal, daqui a pouco o Palácio do Planalto vai estar desocupado. Por que a imprensa não força a barra para ter uma CPI também na Agricultura? - disse Malta.

Segundo Malta, os senadores do PR não seguem mais o líder Humberto Costa (PT-PE):

- Passaremos a dar apoio crítico ao governo. Quando você é da base, fica meio cego, do jeito que vem a gente vota. Sair do bloco era o mínimo que o PR tinha de fazer por respeito próprio. Mas ajudamos eleger Dilma e vamos continuar na base. Não vamos fazer beicinho e nos juntar à oposição.

Sobre os cargos que o PR ainda tem no governo, foi irônico: disse que Dilma pode demitir até o seu irmão, Mauro Malta, assessor parlamentar do Dnit:

- Meu irmão é um técnico de terceiro escalão, mas, se a presidente Dilma quiser demitir, pode demitir. Basta você escrever uma nota que ela demite.

Sem os votos do PR - sete com a volta do senador licenciado João Ribeiro (TO) - o bloco do governo caiu para 23 membros e perdeu a hegemonia. Ficará a reboque do bloco da maioria, comandando pelo PMDB, com 28 integrantes.

Costa e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), procuraram Malta e o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) para acalmá-los.

- Acho que é possível reverter isso. Mas é preciso esperar a poeira abaixar. Há mágoas, mas o governo vai ter um canal de diálogo com o PR. É uma crise superável, não haverá maiores traumas - disse Costa.

FONTE: O GLOBO

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