sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Mercado global derrete por temor nos EUA e na Europa

Perspectiva de recessão americana e de calote espanhol e italiano causa queda semelhante


O mercado financeiro global viveu uma quinta-feira semelhante aos piores momentos da crise que eclodiu em setembro de 2008, com a quebra do Lehman Brothers. Bolsas de valores caíram no mundo todo, commodities se desvalorizaram e o dólar teve forte alta. Alguns analistas chegaram a falar em pânico. Os motivos foram o temor de que os EUA voltem a entrar em recessão e o risco de que grandes países europeus, como Itália e Espanha, tenham problemas para honrar dívidas. O presidente da Comissão Europeia, Jose Manuel Durão Barroso, afirmou que a turbulência já deixou a periferia e agora atinge o centro da União Europeia. O Ibovespa recuou 5,72%, maior queda porcentual desde novembro de 2008, e o dólar subiu l,28%, para R$ 1,582. A Bolsa de Nova York perdeu 4,31% e registrou a maior queda em pontos desde dezembro de 2008. A Bolsa de Londres recuou 3,43%, e a de Frankfurt, 3,40%.

Mercado global revive tensões de 2008

Temor de recessão nos EUA e dúvidas sobre países europeus levam algumas bolsas ao pior pregão desde o auge da crise; Bovespa cai 5,7%

Leandro Modé

O mercado financeiro global viveu uma quinta-feira que lembrou os piores momentos da crise que eclodiu em setembro de 2008, com a quebra do banco Lehman Brothers. Bolsas de valores caíram no mundo todo, commodities se desvalorizaram e o dólar, visto como porto seguro apesar dos problemas fiscais americanos, subiu em relação à maioria das moedas. Alguns analistas chegaram a falar em pânico.

Há dois fatores por trás do comportamento dos investidores: o risco de que grandes países da Europa, como Itália e Espanha, não consigam honrar suas dívidas, e o temor de que a economia dos Estados Unidos, responsável por cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) global, volte a entrar em recessão.

Esse último receio ganhou força após o acordo entre democratas e republicanos para elevar o teto da dívida americana. O governo de Barack Obama será obrigado a cortar despesas, medida que tende a tirar ainda mais combustível da atividade econômica.

Embora a realidade do Brasil seja totalmente distinta - a situação fiscal é confortável se comparada à maioria dos países desenvolvidos e a expansão econômica estimada para este ano esteja na casa dos 4% -, os ativos brasileiros sofrem por causa da integração dos mercados no mundo globalizado. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) despencou 5,72%, maior queda porcentual desde novembro de 2008, e o dólar avançou 1,28% ante o real, para R$ 1,582.

Nos EUA, o Índice Dow Jones, o mais tradicional da Bolsa de Nova York, perdeu 4,31%. Em pontos, a queda foi a mais expressiva desde dezembro de 2008. Na Europa, a Bolsa de Londres (índice FTSE) desvalorizou 3,43% e a de Frankfurt (índice DAX), 3,40%. A turbulência nos mercados deve continuar nesta sexta-feira. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, começou o pregão de hoje em queda de 3,35%.

A crise afetou também a maioria das commodities. A soja, por exemplo, terceiro item mais importante da pauta de exportações do Brasil, cedeu ontem 2,02%. O barril do petróleo do tipo leve (WTI) para entrega em setembro caiu 5,76% em Nova York, para US$ 86,63.

"Hoje (ontem) é um típico dia de "flight to quality"", afirmou a diretora-geral da Fator Administração de Recursos, Roseli Machado, referindo-se ao movimento conhecido em português como voo para a qualidade. Trata-se da busca dos investidores por segurança, que se materializa na compra maciça de títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

Apesar da ameaça de recessão e da disparada do endividamento nos últimos anos, os papéis emitidos pelo governo americano ainda são considerados praticamente livres de risco.

"Temos uma economia fraca, evitamos - mas não solucionamos - uma crise de dívida e o restante do globo está começando a implodir em muitas áreas, especialmente na Europa", disse Barry James, presidente e executivo-chefe da James Advantage Funds. "É natural que as pessoas reajam com medo."

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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