terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ministério da Agricultura é alvo de devassa


A Controladoria Geral da União (CGU) recolheu ontem computadores usados no Ministério da Agricultura por servidores suspeitos de integrar um esquema de fraude em licitações e pedidos de propina. Milton Ortolan, ex-secretário executivo da pasta, que pediu demissão após a divulgação das denúncias, terá que se explicar à Comissão de Ética da Presidência. Ortolan era homem de confiança do ministro Wagner Rossi, elogiado ontem pela presidente Dilma. "Não é ele que está em questão", disse ela

CGU faz devassa na Agricultura

Órgão recolhe computadores, entre eles o do ex-secretário-executivo. Ministro não será investigado

Carolina Brígido e Chico de Gois

Técnicos da Controladoria Geral da União (CGU) recolheram ontem no Ministério da Agricultura computadores utilizados por funcionários suspeitos de integrar um esquema de fraudes em licitações. Entre as máquinas confiscadas está a do ex-secretário-executivo Milton Ortolan, que pediu demissão sábado, quando a revista "Veja" chegou às bancas com a denúncia do esquema. Segundo a reportagem, o lobista Júlio Froes teria pago propina a servidores em troca de benefícios em licitações, e Ortolan estaria envolvido.

Estão na mira da CGU servidores que lidam com licitações, contratos e convênios. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, não será investigado. Segundo o ministro da CGU, Jorge Hage, Rossi não teve seu computador apreendido por falta de indício de participação nas supostas irregularidades. Hage contou ter conversado com Rossi ontem de manhã. O colega teria se colocado à disposição para auxiliar a investigação - que ele mesmo pediu para ser instaurada.

- Do ministro, não (serão recolhidos computadores). Não há qualquer denúncia que pese sobre o ministro, pessoalmente. O recolhimento dos computadores é do pessoal que trabalha na área de licitações e de convênios, basicamente - disse Hage no Palácio do Planalto, onde assistiu à posse de Celso Amorim como ministro da Defesa.

O chefe da CGU não quis opinar sobre a gravidade das denúncias:

- Não tenho que avaliar a priori. Tenho que me manifestar depois que concluirmos a auditoria - afirmou.

Rossi teria se oferecido para ajudar investigação

Hage elogiou, porém, a postura de Rossi, que teria se oferecido para ajudar na investigação.

- O ministro Rossi me oficiou, pondo-se à disposição, colocando todos os órgãos abertos para fornecer todas as facilidades para o nosso trabalho evoluir, isso é o que importa. Eu me comuniquei com ele antes do meio-dia e informei a ele que, à tarde, nossa equipe estava indo para o ministério recolher os computadores das áreas que foram objeto de denúncia para fazer a cópia, o chamado espelhamento dos discos rígidos dos e-mails, para começar os nossos trabalhos. É um trabalho normal, como qualquer outro nessas situações - explicou.

Semana passada, a CGU abriu auditoria para investigar o Ministério da Agricultura e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) por suposto esquema de pagamentos irregulares a empresas, além de irregularidades em sentenças judiciais e na avaliação e alienação de imóveis da Conab. A denúncia foi feita à "Veja" por Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

O prazo para o fim dessa investigação é 30 de setembro. Com a nova denúncia, Hage anunciou que esse prazo será prorrogado, mas não soube precisar a nova data. Em resposta a parlamentares que querem sua presença no Congresso para prestar esclarecimentos, Hage disse que comparecerá quando for preciso. A decisão de abrir investigação para apurar a nova denúncia será publicada hoje no Diário Oficial da União.

Pagot diz que não cumprirá quarentena

Em outra frente, a Comissão de Ética da Presidência decidiu pedir explicações a Ortolan e a Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit). Pagot afirmou que não cumprirá a quarentena para atuar no setor privado. Oscar Jucá Neto, irmão de Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, também terá de explicar suas denúncias sobre um esquema de desvio de recursos na Conab e no Ministério da Agricultura. Jucá Neto sofreu ainda uma censura pública da comissão, por não ter apresentado a declaração confidencial de informações (DCI), obrigatória a todo funcionário nomeado. O DCI informa os bens e o patrimônio do servidor.

O presidente da Comissão de Ética, Sepúlveda Pertence, disse que o colegiado também pediu à CGU informações sobre o andamento das investigações no Ministério dos Transportes. Ele disse que qualquer sanção contra o ex-ministro Alfredo Nascimento dependerá de informações objetivas da CGU.

FONTE: O GLOBO

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