segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ministro diz a PT que não terá varredura

Para acalmar os ânimos do PT, que teme que a faxina anticorrupção respingue nas alianças em 2012, o ministro Gilberto Carvalho disse que não haverá uma "varredura geral"

Faxina sem "varredura geral"

Ministro tenta acalmar PT, que teme crise nas alianças eleitorais para 2012

Tatiana Farah

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tentou tranquilizar ontem os dirigentes petistas sobre as sucessivas crises no Planalto, que já provocaram a queda de dois ministros - Antonio Palocci (Casa Civil) e Alfredo Nascimento (Transportes) - e a demissão de cerca de 20 pessoas indicadas por partidos políticos. Segundo ele, não haverá uma "varredura geral" no governo. Um dos temores dos dirigentes, que passaram o final de semana reunidos em São Paulo, é que a crise com os partidos respingue nas alianças para as eleições de 2012.

O ministro não negou, no entanto, que o governo vá investigar denúncias de corrupção no Ministério da Agricultura, da cota do PMDB, partido do vice-presidente, Michel Temer. Demitido do governo, Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR), acusou os peemedebistas e o PTB de lotearem o ministério.

- Tenha certeza de uma coisa: a presidente, de praxe, nos orienta para que nenhuma denúncia fique sem averiguação da CGU (Controladoria Geral da União) ou de algum órgão de controle interno. Tudo isso vai ser verificado. Sobre o caso concreto, eu não quero falar ainda - disse o ministro.

Reunido a portas fechadas com líderes da chapa de maioria do PT, a "Partido que Muda o Brasil", antigo "Campo Majoritário", Carvalho reafirmou que a "faxina" da presidente Dilma Rousseff não é uma "caça às bruxas", mas que o governo deverá "ir para cima" dos casos de denúncia de corrupção. Ele também afirmou que a presidente não tem agido na esteira das denúncias feitas pela imprensa.

- Nessa questão do Palocci e do Alfredo, não existe clima de caça às bruxas, mas é um clima de ir para cima, de cobrar sempre que houver algum tipo de erro. Eu demonstrei, contando como foram os bastidores da história do Alfredo, que em momento algum ela simplesmente acreditou numa reportagem e demitiu o ministro. Não foi isso. Foi um processo muito cuidadoso - disse ele, ressaltando que a demissão de Alfredo foi uma iniciativa de Dilma: - Fomos pegos de surpresa no Planalto.

Para o ministro, a presidente "emitiu um sinal para todos os partidos":

- Não tem predisposição de ninguém ou qualquer tipo de vontade de fazer uma varredura geral. O que existe é um cuidado para que o governo otimize seus recursos. Nenhum ato de corrupção será tolerado.

Ministro nega crise entre Dilma e PT

Carvalho tentou também desfazer a ideia de que exista um afastamento entre Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou entre a presidente e os movimentos sociais e o próprio PT.

- Eu disse a eles (petistas) que, de zero a cem, eu aposto que é zero a possibilidade de haver uma crise entre a presidente Dilma e Lula. Tenho sido testemunha privilegiada dessa relação e sei do cuidado que o Lula toma de não dar nenhum passo que possa interferir na imagem do governo sem consultá-la. E também, da parte dela, uma noção de como Lula pode ajudar em um monte de coisas sem que isso constitua qualquer ameaça à autoridade dela. Eles têm uma relação muito especial.

O ministro aproveitou o encontro com as lideranças da corrente majoritária do PT, do qual fazem parte o ex-presidente e a própria Dilma, para dar mais um recado do Planalto:

- Comecei falando do governo Dilma, de algumas imagens que vão se formando de uma presidente que não dialoga com o partido ou que tem mais dificuldade do que o Lula de dialogar com os movimentos sociais. O diálogo com os movimentos sociais só aumentou neste tempo (os sete meses do governo Dilma). O presidente (do PT) Rui Falcão tem conversado mais com ela do que os presidentes anteriores conversaram com o Lula.

FONTE: O GLOBO

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