quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Número 2 do Ministério do Turismo tem currículo repleto de denúncias


Mesmo sob acusações, Frederico Silva foi promovido a secretário-executivo

Fábio Fabrini e Chico de Gois
BRASÍLIA. Preso ontem pela Polícia Federal, o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, foi promovido ao segundo cargo mais importante da pasta, em janeiro deste ano, mesmo sob acusações de desvio de verbas da extinta Sudam ( Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), favorecimento de empresa de sua família e irregularidades na gestão de convênios federais. Graças ao apoio das bancadas de diversos partidos no Congresso, devidamente recompensadas com a liberação de emendas, atravessou oito anos blindado das denúncias em postos importantes do ministério, administrado no período por PTB, PT e PMDB.

Fred, como é conhecido, chegou à pasta em 2003, como nome imposto ao ex-ministro Walfrido Mares Guia (PSB, ex-PTB) pelo então presidente nacional do PTB, José Carlos Martinez (falecido em 2003). Assumiu a diretoria do Departamento de Financiamento e Promoção de Investimentos, que capta investimentos de organismos externos. Com a troca de comando no ministério, assumido em 2007 pela petista Marta Suplicy, foi alçado à Diretoria de Programas Regionais de Desenvolvimento do Turismo. No ano seguinte, com a ascensão de Luiz Barretto (PT-SP), foi promovido a secretário Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, que controla a liberação de verbas de emendas para obras e qualificação de operadores de turismo, área sob investigação da PF.

Ascensão profissional e bens bloqueados

Em janeiro, Fred ascendeu a secretário-executivo com o apoio do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

- O Frederico é o servidor mais antigo do ministério, foi contratado pelo Walfrido, do PTB. A Marta manteve, o Barretto fez belas referências dele, por isso eu defendi (a indicação) - justificou o deputado.

Segundo fontes do ministério, um mês antes de sua nomeação Fred recebeu as bênçãos do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), em reunião da qual participaram o atual ministro, Pedro Novais, e seu antecessor, Luiz Barretto, que o tinha como figura siamesa em sua gestão. Com a caneta para deliberar sobre convênios e a chave do cofre, Fred ganhou a simpatia dos parlamentares.

Em meio à sua ascensão profissional, tornou-se réu de ação civil pública no Tocantins e teve os bens bloqueados por suposto desvio de verbas da Sudam. Ele, seu pai, Francisco Hyczy da Costa, e seu irmão, Francisco Costa Neto, obtiveram do órgão, nos anos 1990, empréstimo de R$4,7 milhões em nome da Forasa Indústria Alimentícia S/A para financiar uma fábrica de processamento de tomates. Segundo o Ministério Público Federal, o valor foi desviado.

Como gerente do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), Fred destinou, segundo reportagem da revista Época, R$13 milhões para construir a rodovia GO-507, que facilitou o acesso de turistas à região de Rio Quente. Lá fica o Rio Quente Resorts, da qual sua família é acionista. A liberação de recursos para convênios também o fez acumular vários problemas no Tribunal de Contas da União (TCU).

O ex-presidente da Embratur, Mário Augusto Lopes Moysés, é homem de confiança da senadora Marta Suplicy há praticamente uma década. Mário trabalhou no gabinete de Marta quando ela foi prefeita de São Paulo (2001-2004) e, quando a petista candidatou-se à reeleição, atuou como um dos coordenadores de sua campanha .

Escudeiro fiel, virou chefe de gabinete de Marta no ministério. Foi promovido a secretário-executivo da pasta durante a gestão de Luiz Barretto, ligado a Marta. No governo Dilma, a senadora fez força e conseguiu nomear seu auxiliar para a presidência da Embratur. Ele permaneceu no cargo até junho deste ano.

FONTE: O GLOBO

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