quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Protesto estudantil no Chile acaba em choques com polícia

Manifestação de estudantes e opositores do governo levou ao menos 60 mil pessoas para ruas de Santiago Lojas foram depredadas e prédios invadidos; polícia usou cavalaria e gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes

Lucas Ferraz

Pela segunda vez em uma semana, Santiago voltou a ser palco de violentos confrontos entre estudantes, que protestam pela reforma do sistema educacional, e a polícia.

A manifestação de ontem reuniu 100 mil pessoas, segundo organizadores (70 mil, diz a polícia), e teve apoio de setores descontentes com o governo do centro-direitista Sebastián Piñera.

Até o fechamento desta edição, contavam-se 28 feridos, entre carabineiros e civis, e quase 300 detidos em todo o país -54 pessoas só em Santiago, uma acusada de tentativa de homicídio.

A violência começou às 14h30 (15h30 em Brasília), após o final da marcha, na praça Almagro, a sete quarteirões do Palácio La Moneda, sede do governo chileno.

Nas primeiras horas de ontem, manifestantes já montavam barricadas em diversas regiões da capital -a polícia prendeu alguns antes mesmo da manifestação da tarde.

A violência cresceu com a invasão de prédios abandonados, a depredação de lojas e um carro incendiado (outros foram depredados).

Muitos dos encapuzados responsáveis pela quebradeira eram adolescentes.

A polícia, que acompanhou a marcha com poucos homens, invadiu a praça primeiro com um caminhão (cercado e destruído por jovens), depois com a cavalaria e bombas de gás lacrimogêneo.

A partir daí os distúrbios se alastraram pela capital. A alameda Bernardo O"Higgins, a principal avenida de Santiago, chegou a ser fechada.

No local, a batalha entre jovens e a polícia durou mais de três horas e se concentrou nos arredores da sede da Universidade do Chile, ocupada por estudantes há meses.

O edifício fica a cem metros do La Moneda, cujo quarteirão foi interditado. Lojas foram depredadas e pedestres terminaram feridos.

Diversas cidades no interior também registraram ontem protestos pela reforma do sistema educacional.

O ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, pediu "reflexão" aos chilenos e disse que "os estudantes não têm o controle das marchas, como demonstraram os distúrbios".

A manifestação de ontem foi autorizada pelo governo após acordo com o movimento estudantil -os estudantes concordaram em não passar pela frente do La Moneda.

Na semana passada, a proibição de dois protestos gerou confrontos entre estudantes e a polícia. Na ocasião, ao menos 90 policiais ficaram feridos e quase 900 pessoas acabaram detidas.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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