sábado, 13 de agosto de 2011

''Semana negra'' coloca em xeque política de Cabral


Wilson Tosta

O assassinato da juíza Patrícia Acioli aumenta as dúvidas sobre os limites da política de segurança do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), que transformou em outdoors políticos as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Encerra uma péssima semana para a polícia fluminense, aberta pelo homicídio de André Maciel quando passava de carro pelo Norte Shopping, no sábado, e marcada pelo sequestro do ônibus da Viação Jurema, encerrado com cinco passageiros baleados por PMs, na terça. Os três episódios revivem fantasmas históricos que, na propaganda da retomada das favelas, o governo tenta afastar: os da incompetência, inoperância e suspeita de participação de policiais em crimes.

Um dos limites questionados pela audácia dos pistoleiros que assassinaram a magistrada é o combate às milícias. Apesar de alegar já ter mandado para a cadeia mais de 400 integrantes desses bandos, até hoje a Secretaria de Segurança só instalou uma UPP em área de milícia, embora essas quadrilhas já sejam, segundo a Divisão de Homicídios, autoras de 45% dos assassinatos na capital. Uma possibilidade de autoria do crime de ontem recai sobre milicianos que Patrícia julgava.

Outra fronteira importante da política de segurança de Cabral colocada em xeque é o destino das quadrilhas que perdem território para as UPPs. Sem prender os chefes do tráfico ou seus capangas, sem apreender a maior parte de seu armamento ou desarticular esquemas de lavagem de dinheiro, o Estado faz uma política de contenção do tráfico. Não é pouco, mas, em vários episódios, os criminosos mostram que continuam capazes de operar.

Por fim, a sucessão de crimes realça negativamente a ação das Polícias. No caso do ônibus, imagens de falta de comando da PM encheram as TVs. Já a Polícia Civil continua a demonstrar ineficiência, como nas investigações sobre o assassinato do menino Juan Moraes, de 11 anos. Tudo isso ameaça desconstruir a propaganda de uma "virada" no setor, conveniente a uma cidade que receberá a Copa e a Olimpíada, mas ainda carente do teste da realidade.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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