segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Abbas é recebido como herói após discursar na ONU

Não haverá diálogo sem paralisação total dos assentamentos, diz Abbas, recebido como herói

RAMALLAH e JERUSALÉM - Sem seu habitual semblante sério e mais confiante do que antes, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, reafirmou que as exigências palestinas têm que ser atendidas para que seja aceita a proposta de negociação com Israel apresentada pelo Quarteto para o Oriente Médio - formado por ONU, União Europeia, Rússia e EUA. Abbas foi recebido como herói ao retornar a Ramallah, na Cisjordânia, depois de apresentar à ONU o pedido de reconhecimento do Estado palestino.

- Não haverá negociações sem legitimidade internacional e a paralisação total dos assentamentos (judeus) - disse o palestino, enfático. - Eu fui às Nações Unidas levando sua mensagem, a necessidade de um Estado independente. O mundo inteiro recebeu a demanda de vocês com respeito e admiração.

Depois de ser ovacionado na Assembleia Geral por seu discurso na ONU, o presidente da ANP estava mais animado do que costuma ser. Mas, com os EUA prometendo vetar no Conselho de Segurança o pedido de reconhecimento do Estado palestino, Abbas alertou que ainda há um "longo caminho" pela frente.

- Há aqueles que vão impor obstáculos. Mas com a presença de vocês eles cairão e nós vamos atingir nosso objetivo - afirmou à multidão. - Nós somos poderosos e fortes com nossas demandas, então mantenham suas cabeças erguidas, vocês são palestinos.

Abbas disse que os palestinos querem garantir seus direitos por meios pacíficos, por meio de negociações, mas "não apenas negociações". O diálogo com Israel foi suspenso depois que, no ano passado, o primeiro-ministro Benjamin Netanyhu não estendeu a moratória sobre a expansão dos assentamentos na Cisjordânia.

Antes de chegar a Ramallah, o líder palestino disse que Netanyahu é o líder israelense mais inflexível que já conheceu.

- As posições ideológicas de Benjamin Netanyahu não permitem que ele avance - afirmou ao jornal árabe "al-Sharq al-Awsat". - Com (Itzak) Rabin, (Shimon) Peres, (Ariel) Sharon, (Ehud) Olmert, e (Tzipi) Livni, as negociações eram possíveis.

Abbas deve se reunir ainda neste domingo com seus assessores para discutir a proposta de negociação com Israel, apresentada pelo Quarteto. Abbas já deu indicações de que rejeitará o plano por não mencionar as exigências feitas pelos palestinos para voltar a dialogar - o congelamento dos assentamentos judeus e a aceitação por Israel das fronteiras anteriores a 1967.

Lieberman apoia proposta do Quarteto

O ministro de Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, apoiou neste domingo a proposta do Quarteto. Ele disse que, mesmo com "todas as reservas" que tem em relação ao plano, o país está pronto para negociações imediatas.

Apesar da disposição para dialogar, o chanceler disse que haverá uma "dura repercussão" caso o Estado palestino seja reconhecido na ONU. Lieberman não disse, no entanto, qual seria a reação de Israel. Ele já chegou a sugerir o rompimento das relações com a ANP caso o reconhecimento aconteça sem acordo prévio com Israel.

- Se os palestinos vão passar uma resolução unilateral, na Assembleia Geral senão no Conselho de Segurança, isso nos levará a uma nova situação e isso terá repercussões, duras repercussões - afirmou Lieberman à Rádio Israel. - Qualquer passo unilateral levará a uma reação israelense.

FONTE: O GLOBO

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